A MÃE DE TODAS AS CRISES

Entre tantas lives, webinars, web conferences, Zooms, Google Meets, Microsoft Teams, Skypes, Facetimes, WhatsApp Conferences, eventos remotos, híbridos e experimentais de todos os tipos, tenho conseguido tempo para debater e aprender com Vabo JR sobre um tema que me encanta e que é o propósito que ele escolheu para a vida: educação.

Alinhados na certeza de que a educação é o melhor (senão o único) caminho para o desenvolvimento do Brasil, após convite de Alvaro Schocair e Vabo JR, Solange e eu decidimos participar deste incrível empreendimento: a LINK SCHOOL OF BUSINESS, primeira faculdade brasileira dedicada a formar empreendedores.

Para explicar melhor sobre este novo desafio, Vabo JR escreveu o texto abaixo, originalmente publicado em 22/07/2020, no Blog do Vabo:

“A maior crise que vivemos hoje no Brasil não é a crise econômica, nem a sanitária, nem a social. Todas essas são derivadas da mãe de todas as crises em nossa sociedade: a crise da Educação!

Eu me considero um inconformado com o sistema educacional brasileiro e encontro diversos problemas e desafios da Educação brasileira no século XXI:

– Não acompanha a velocidade do mundo VUCA e digital

– Distante do mundo empresarial, ou seja, da realidade da carreira da maioria dos alunos

– Maior transmissão de conteúdo teórico do que aplicação de conteúdo prático

– Desconexão entre os conteúdos, compartimentalizados em disciplinas

– Pouco foco em desenvolver habilidades comportamentais e socioemocionais (people skills)

– Lógica conteudista decoreba do Vestibular

– Aulas chatas que não engajam os alunos

– Necessidade de transformação digital das salas de aula e da profissão de Educador(a)

Com o objetivo de dar a nossa contribuição para tentar transformar essa realidade, criamos a Link School of Business que é a primeira faculdade de administração de empresas, presencial, focada 100% em formar empreendedores no Brasil.

A LINK SCHOOL OF BUSINESS iniciará as aulas em 03/08/2020 em seu moderno campus na Av. Brigadeiro Luiz Antonio, no Jardim Paulista

Focamos em desenvolver empreendedores, donos de empresas, os próximos líderes do nosso país. Acreditamos no desenvolvimento dos nossos alunos por completo (corpo, mente e espírito). Por isso, desenvolvemos um método de aprendizagem baseado na prática, envolvendo o mundo acadêmico e as empresas durante toda a jornada do aluno, desde o processo seletivo até a sala de aula.

Na Link SB, as aulas de Business Tools (estratégia, marketing, vendas, finanças, operações, tecnologia, legal e gente & gestão) terão a mesma importância das aulas de People Skills (oratória, criatividade, negociação, liderança, disciplina, autoconhecimento, trabalho em equipe, entre outras). E serão aulas práticas, baseadas em estudos de casos, jogos, dinâmicas e simulações.

As Business Tools são as ferramentas que todos os empreendedores e gestores de empresa devem possuir completo domínio

Os alunos se tornarão empreendedores desde o primeiro dia e terão à disposição um programa de aceleração, chamado de Venture Lab, baseado em mentorias e visitas a empresas. A faculdade ficará sócia das empresas dos alunos, que por sua vez, ficarão sócios da faculdade, consequentemente ficando sócios de todos os colegas e diluindo assim o risco de empreender, além de garantir uma previdência futura para si. Faremos a ponte com potenciais investidores interessados nas empresas dos alunos e para organizar as rodadas de investimento-anjo, teremos o Link Angels.

Todos os alunos quando entrarem na faculdade, receberão o apoio de um personal trainer, um nutricionista e um mind mentor, pois ao empreender não podemos descuidar da nossa saúde física e mental! Tudo isso incluído na mensalidade!

Assim como o programa internacional, que levará os alunos para viajar e estudar na Academia de Encantamento de Clientes da Disney, na Tel Aviv University e na Shangai University, além de trazer professores de Stanford, Harvard e London Business School para darem as aulas aqui.

Preparamos com muito carinho o Link Campus, composto por um prédio em São Paulo, com 3 andares para atividades acadêmicas e 3 andares para um coworking, onde os alunos poderão interagir com as empresas residentes, a partir de um marketplace de serviços. Sabemos que o networking é uma ferramenta muito poderosa nos dias atuais, por isso criamos o Link Connect, uma plataforma própria que irá organizar o meio de campo entre os alunos e os participantes de nosso ecossistema.

Acreditamos que diversidade é fundamental! Somos a faculdade com a maior diversidade geográfica no processo seletivo (56% dos candidatos são de fora de São Paulo, quase o triplo da faculdade tradicional com segunda maior diversidade) e destinamos 30% da nossa receita para bolsas dos alunos que não puderem pagar. Acreditamos no poder do giveback!

As Soft Skills visam preparar nossos alunos a se tornarem melhores profissionais, líderes e empreendedores, capacitando-os para as situações recorrentes do dia a dia de um empresário

O Vestibular não poderia ser igual… Para estudar aqui, os candidatos devem participar da Jornada Link. O nome é jornada exatamente porque é necessário autoconhecimento, criatividade, trabalho em equipe, disciplina e resiliência para resolver os casos reais de empresas parceiras, como Ambev, Google, Stone, XP, Reserva, Paypal e Minerva.

O Link Campus está pronto, os alunos selecionados e os professores contratados. A primeira turma começa em 03/08/2020. E eu estou muito animado para ajudar a escrever uma nova história na Educação brasileira junto com esse time incrível de empreendedores e professores ao meu lado!”

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PARTE 2 – PAI X FILHO: COMPETIÇÃO OU CAPACITAÇÃO?

A primeira parte deste texto está em: PARTE 1: PAI X FILHO: COMPETIÇÃO OU CAPACITAÇÃO?

SEGUNDA FASE (2003 a 2007)

O jogo de Vabo JR mudou de figura… Ficou cada vez mais difícil vencê-lo. A disputa passou a ser de estilos, minha agressividade no jogo contra a sua defesa estratégica, estudada, friamente calculada, contra-atacando pontualmente cada nova investida de minhas peças.

Aprendi nesta fase, que cada simples peão vale muito e que eu só poderia perder uma peça se associado a uma estratégia para conquistar posições ou outra(s) peça(s) do adversário e que o mínimo descuido punha em risco toda a partida, mas a coisa foi ficando esquisita para o meu lado, sentia-me impotente para reagir, pois por mais que eu atacasse, Vabo JR (a esta altura com 18 anos) sempre encontrava uma forma de bloquear-me e, ao mesmo tempo, desferir seus golpes certeiros em busca do meu Rei.

Quando o placar atingiu Vabo SR 8 x 9 Vabo JR (e 6 empates), comecei a preocupar-me quanto ao resultado final do torneio, pois eu estava diante de uma virada espectacular (de 6 x 2 para 8 x 9) e, neste momento, comecei a apelar para o discurso de que, independentemente do resultado, eu só teria a vencer neste torneio, fosse como o jogador ou como o pai do vitorioso, aquele blá-blá-blá de quem percebe que a vitória está se esvaindo entre seus dedos, distanciando-se de suas reais possibilidades…

Foi quando a junção de um esforço extremo, atenção redobrada e acaso do destino (a sorte existe e ajuda), e sem mudar meu estilo “kamikaze”, consegui conquistar o que parecia impossível naquele momento: no final de 2007, o placar mostrava 9 x 9, além de 9 empates.

Ou seja, após 27 sucessivas, lentas e longas, mas emocionantes partidas, tínhamos alcançado um resultado que parecia apontar para um equilíbrio absoluto entre os jogadores: de 1998 a 2007, durante exatos 9 anos, vencemos 9 partidas cada um, perdemos 9 partidas cada um e empatamos 9 partidas !

Foi quando tomei a decidão mais importante do torneio, acredito que para ambos os jogadores, e que definitivamente serviu para comprovar que o mais importante deste jogo é, sempre foi e sempre será, o plano estratégico para o torneio, e não somente o empenho em cada partida.

Decidi parar de jogar.

E usei o argumento de que não fazia mais sentido identificar quem era o vencedor, jogamos durante 9 anos, demos tudo o que tínhamos, nos empenhamos e curtimos cada lance, para chegar a um resultado que me parecia o mais equilibrado empate que se poderia alcançar: 9 anos, 9 vitórias, 9 derrotas e 9 empates.

TERCEIRA FASE (2007 a 2018)

Vabo JR nunca aceitou esta interrupção (e não o recrimino por isso), sempre tentou, nos anos seguintes, retomar o torneio, queria porque queria vencer a derradeira partida (e reunia todos os atributos para isso), não aceitava sequer a possibilidade, não combinada, de vencer por WO.

Ele queria vencer no jogo.

Durante 12 anos, ao nos visitar (sim, os filhos saem de casa) ele armava o tabuleiro, deixava-o em cima da mesa e, sem comentar nada, fazia o primeiro movimento do peão branco, e esperava…

Durante 12 anos, resisti.

Durante 12 anos resisti a responder ao movimento de abertura no xadrez, que Vabo JR sempre fazia, quando nos encontrávamos em casa

Na verdade, acho que no fundo eu não me sentia mais em condições de enfrentar um jogador tão mais capacitado, cuja estratégia de defesa acabou mostrando-se superior à minha estratégia de ataque, meu único trunfo.

Por diversas vezes, Vabo JR aborreceu-se com esta minha decisão e chegou, em algumas ocasiões, a fazer promessas cataclísmicas, de que nunca, jamais, em tempo algum, voltaria a jogar xadrez comigo, essas coisas de filho contrariado.

Solange sempre moderava esses momentos e eu tentava explicar que o empate numérico era o melhor resultado que um pai poderia esperar de um torneio individual com o filho e, portanto, meu objetivo havia sido alcançado, mas Vabo JR era tenaz, obstinado, teimoso…

QUARTA FASE (FINAL)

Até que ele veio passar o Natal de 2018 conosco e, da mesma forma que sempre fazia (talvez por hábito ou simples provocação, embora desta vez sem tanta expectativa), ele armou o tabuleiro, fez o primeiro movimento com o peão branco e deixou o tabuleiro montado (chamando uma resposta que nunca vinha) e foi assistir a uma série na Netflix.

Ao passar diante da mesa, senti-me compelido, pela primeira vez desde 2007, a jogar e, sem qualquer planejamento, 20 anos após a primeira partida, eu respondi movendo o peão preto.

(A terceira e última parte continua no próximo post: PARTE FINAL – PAI X FILHO: COMPETIÇÃO OU CAPACITAÇÃO?)

PARTE 1 – PAI x FILHO: COMPETIÇÃO OU CAPACITAÇÃO?

Este não é um post sobre tecnologia ou gestão corporativa, nem sobre o mercado de viagens e turismo, tampouco sobre comportamento social e político, os três temas da minha predileção, usuais aqui no Blog B2BTech.

Resolvi contar uma história pessoal, um longo episódio familiar que ilustra bem a importância de uma decisão estratégica e também uma constatação de como o tempo muda a forma como enfrentamos desafios, me refiro a grandes desafios, aqueles que se postam diante de você e, por mais que você reflita, não enxerga uma saída, uma forma de resolvê-lo, sequer um caminho para a solução.

Sempre gostei de jogar xadrez, durante a escola técnica e a faculdade de Engenharia Mecânica, jogava com certa regularidade, mas sem compromisso, sem estudo, sem brilhantismo nenhum, apenas jogava eventualmente, mas sempre com prazer.

Ao longo da infância de Vabo JR, ensinei as regras e o estimulei a jogar xadrez, sempre motivando-o a praticar, aprender, estudar as estratégias do jogo e, como os pais normalmente fazem, a buscar sempre a vitória.

Jogar xadrez desde cedo é uma forma comprovada de estimular o raciocínio e a criatividade

Jogávamos com certa frequência, pai vencendo o filho (sem moleza) e filho esforçando-se para aprender e tentando vencer o pai, até que chegou o ano de 1998, alguns jogos já empatavam e Vabo JR criou o que hoje entendo ter sido uma incrível metodologia de aprimoramento da sua capacidade de jogar xadrez.

Como os pais e filhos nesta fase da vida (eu com 38 anos, ele com quase 13), tínhamos absurdas agendas de trabalho e estudo e, para manter a prática em dia, montamos o tabuleiro sobre a mesa de centro da sala de estar. A cada dia, fazíamos 2 movimentos cada um, de manhã ao sair de casa, e à noite ao retornar à casa, geralmente em horários desconexos. Solange observava e nos ajudava a cuidar para que ninguém mexesse nas peças no tabuleiro, durante os longos dias em que ficava montado.

Ou seja, jogávamos e nos desafiávamos, sem estarmos presentes um à frente do outro, como seria o usual em torneios de xadrez. Nosso limite de tempo para cada lance era determinado pela antecedência com que sentávamos à frente do tabuleiro (planejamento), pela motivação em estudar cada lance anterior do oponente (estímulo), mas principalmente pelo horário do compromisso seguinte, no caso trabalho e escola, nossas prioridades (pressão).

Primeira fase (1998 a 2002)

Logo no início, combinamos que o nosso torneio peculiar seria concluído quando alguém vencesse 10 partidas, ou seja, empates não contavam na pontuação, somente a vitória pontuaria para o resultado final deste torneio, o qual não teria, portanto, prazo determinado para ser concluído. Cada jogo demorava semanas, às vezes meses, devido aos 2 lances por dia e, por isso, esta primeira fase do torneio demorou quase 5 anos, ou seja, até o final de 2002.

Por eu ter vencido os primeiros jogos pela minha maior experiência, Vabo JR começou a aprofundar-se no tema, leu livros dos grandes mestres durante o segundo grau, participou de torneios no colégio e passou a dificultar muito o jogo, venceu algumas partidas, empatou outras e encerramos 2002 com o placar Vabo SR 6 x 2 Vabo JR, sendo que 4 partidas terminaram empatadas (embora estas não importavam para o resultado do torneio).

Apesar de, durante este período, ele ter conquistado um hepta-campeonato de xadrez do Colégio Marista São José (de 1996 a 2002) na Tijuca, eu jogava tranquilo, aplicando a única técnica que eu havia aprendido na prática: eu jogava agressivamente, sempre tomando a iniciativa e acuando o adversário na defesa. Por acreditar que este meu maior trunfo funcionava bem, eu contive o meu orgulho de pai, quando ele venceu essas 2 partidas nesta primeira fase.

As aulas de Christian Toth, mestre e professor de Xadrez (matéria de estratégia para alunos de Engenharia de Produção da PUC-Rio) foram um reforço inesperado para Vabo JR

Foi então que seus primeiros anos de faculdade fizeram a diferença. Meu parceiro de tabuleiro decidiu inscrever-se numa matéria eletiva sobre estratégia através do estudo teórico das grandes partidas da história. A matéria eletiva do curso de graduação em Engenharia de Produção da PUC-Rio chamava-se simplesmente Xadrez e era ministrada por ninguém menos do que Christian Toth, ex-técnico da seleção brasileira e mestre internacional de xadrez.

O resultado de meu amadorismo no xadrez começava a ser posto em xeque…

(Continua no próximo post: PARTE 2 – PAI X FILHO: COMPETIÇÃO OU CAPACITAÇÃO?)