A Meia Maratona das Mulheres em Nova York

No último domingo, 15 de abril, Nova York viveu mais um dia de eventos ao ar livre. A partir de agora começa a temporada oficial de desfiles, corridas e feiras de rua, que se extende até o outono e promete movimentar os finais de semana  da cidade. Desta vez foi a Meia Maratona das Mulheres, evento organizado pela NYRR (New York Road Runners), uma corporação sem fins lucrativos que organiza as principais corridas e caminhadas do calendário esportivo da cidade, inclusive a Maratona de Nova York, geralmente agendada para o final do ano.

 

O percurso passava por dentro do Central Park, já com as primeiras flores da primavera

Neste domingo, a cidade acordou com um inesperado frio de 1 grau, pouco comum para um início de primavera. Mesmo assim, milhares de mulheres compareceram ao Central Park para participar da meia maratona, criada exclusivamente para elas.

As mulheres tomaram conta do Central Park na manhã do domingo

O percurso de 13 milhas (aproximadamente 20 Km), foi demarcado inteiramente dentro do parque e passava por largas avenidas e caminhos. Mesmo sem poder participar da corrida, os homens encontraram uma maneira muito romântica para interagir com as participantes. Eles se distribuíram ao longo do percurso para apoiar e acompanhar de perto suas namoradas, noivas e esposas.

Os homens participaram dando apoio às noivas, namoradas e esposas
Mesmo com o inesperado frio, o parque ficou bastante movimentado

Os locais também marcaram presença, lançando gritos de incentivo e também trabalhando como voluntários. Esta corrida, como tantas outras, mostram como os nova-iorquinos são envolvidos com os eventos ao ar livre e comprovam a vocação esportiva da cidade.

Os voluntários se encarregavam de oferecer água para as corredoras

Exposição de arte pré-colombiana no Metropolitan Museum

Todas as vezes que visito o Metropolitan Museum tenho a sensação de que os curadores não cansam de se superar. Desta vez o museu oferece aos visitantes a impressionante exposição Golden Kingdoms: Luxury & Legacy in the Ancient Americas, dedicada inteiramente à arte pré-colombiana. A exposição contempla as expressões artísticas e a vasta iconografia criada pelos principais povos que habitaram as Américas, desde tempos imemoriais até a chegada dos colonizadores europeus no século XVI.

Vaso em cerâmica representando uma criatura mitológica de feições felinas. Norte do Peru, cerca de 200-400 d.C.

As peças foram organizadas seguindo a trajetória histórica destes povos, desde os primeiros assentamentos até as culturas mais desenvolvidas. São objetos de rara beleza criados em cerâmica, pedra, conchas e materiais nobres como o ouro, a turquesa e o jade.

Detalhe de um peitoral em conchas e turquesa. Norte do Peru, cerca de 200-800 d.C.

Para os povos pré-colombianos estas obras de arte alcançaram significativa importância na sociedade não apenas pelo alto valor dos materiais empregados, mas principalmente como forma de expressão de status social, poder político e crença religiosa. Diferente do que ocorria em outras culturas, o ouro quase nunca era usado como moeda corrente pois se revestia de especial valor simbólico e foi amplamente empregado em objetos de culto ou de aparato cerimonial.

Desta forma, os curadores do Metropolitan criaram uma narrativa central para a exposição, balizada por obras de cunho religioso ou oficial, provenientes de grandes coleções de arte, o que torna a exposição uma oportunidade única para se apreciar este tesouro da história da arte, reunido em um único local.

Serpente Emplumada representando a divindade Quetzalcoatl. Chichen Itza, México, cerca de 800-1250 d.C.

O inconfundível geometrismo das formas, recorrente na linguagem artística pré-colombiana foi amplamente empregado na criação de seres mitológicos, como a Serpente Emplumada ou a figura reclinada de Chac Mool, provenientes de Chichen Itza, no atual México.

Figura reclinada de Chac Mool, uma das mais representativas do povo Maia. Chichen Itza, México, cerca de 800-1250 d.C.

Em decorrência de suas grandes dimensões, as Stelas de pedra se destacavam entre as inúmeras peças expostas. A Stela é um tipo de monumento composto por um único bloco de pedra contendo relevos decorativos. Aparece em diversas culturas do Mundo Antigo e poderiam ter diferentes funções como a demarcação de um território, a comemoração de algum evento ou mesmo a homenagem a um Deus ou soberano.

Stela de pedra com relevo representando uma figura feminina da realeza Maia. Proveniente do México ou Guatemala, cerca de 760 d.C.

Outras peças, por sua vez, se destacavam pelo apuro na execução como o conjunto de objetos funerários provenientes do norte do Peru, composto por uma adaga ritual, uma máscara funerária e uma coroa. Ricamente executadas em ouro, prata, turquesa e pigmentos minerais, estas peças rapidamente se tornaram um dos destaques da exposição.

Conjunto de peças funerárias composto por adaga, máscara mortuária e coroa, em ouro, prata e turquesa. Proveniente de uma tumba no norte do Peru. Cerca de 900-1100 d.C.
Detalhe da adaga cerimonial ricamente decorada em ouro e turquesas

A coroa foi executada com a técnica do repoussé, que consiste em usar uma lâmina de ouro tratada pelo verso, criando uma textura em relevo semelhante a um tecido. Esta técnica pode ser percebida em várias outras peças da exposição, visto que os povos da região central dos Andes deram preferência à laminação do ouro ao invés de usar a fundição.

A coroa foi executada em lâmina de ouro com a técnica do repoussé

Mesmo após a devastadora ação dos conquistadores europeus, ainda é possível perceber a permanência de certos modos de produção artística, que se tornaram tão característicos dos povos pré-colombianos. Um magnífico exemplo desta permanência é a coroa em ouro e esmeraldas, já de meados do setecentos e que pertencia à imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição.

Coroa de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em lâmina de ouro tratada com a técnica do repoussé e adornada com 450 esmeraldas. Colômbia, cerca de 1770.

O geometrismo das formas também pode ser percebido nas peças de cerâmica e nos vários exemplares de tapeçaria e tecidos. Estas obras ficam em exibição até junho de 2018.

Manta tecida com pelo de Vicunha e usada em funerais. Foi preservada pela aridez do deserto do sul do Peru. Final do primeiro milênio a.C.