Agressões e confusões durante a greve de taxis em Paris

“Overwhelmed, Dépassée, Passada”! “Passada” foi a palavra mais próxima que encontrei para o que sinto hoje.

Poderia estar indignada, inconformada, mas não estou. Ou ainda poderia estar chocada. Poderia dizer estou pasma! Porém, a gíria “passada” explica bem meu sentimento atual. Puxa, tinha tanta coisa para contar neste post! Queria falar da festa da música, de Solidays, das liquidações que já começaram ou onde encontrar comida brasileira em Paris, no entanto vou falar da greve de taxis que começou nesta quinta, dia 26 de junho e continua hoje. A coisa foi séria!

Pois é, mais uma greve de taxis atingiu a cidade, explodiu como uma panela de pressão. Os taxistas estão defendendo seus direitos contra Uber, porém mais uma vez demonstraram falta de bom senso, cortesia e moralidade que os fazem famosos personagens entre os habitués da cidade. Estão defendendo seus direitos e, sobretudo seu dinheiro, visto que com a expansão de Uber as licenças de taxi que foram negociadas a milhões de euros entre os próprios taxistas passam a valer muito menos. Não há por parte dos taxistas preocupação com a relação entre a escassa oferta e a crescente demanda de transporte na cidade. Quem se importa se parisienses e visitantes não tem taxi, contanto que uma licença de taxi continue a ser revendida a 250 mil euros?

Outra coisa que está incomodando muito os taxistas são os VTC ( Veículos de aluguel com motorista). Como mencionei aqui anteriormente, a prática desta profissão exige uma reserva feita com antecedência por parte do cliente. Quem tem VTC não pode ficar no aeroporto oferecendo serviço de taxi, como fazem muitos motoristas sem trabalho fixo.

E como se já não bastasse essa concorrência local, há também a concorrência on-line. A quantidade de blogs e falsas empresas vendendo transporte em Paris na web é impressionante. Eu mesma vejo todo dia empresas inexistentes na França vendendo transporte para brasileiros em Paris. Não uma ou duas, várias! Enquanto isso, agentes de viagens brasileiros vendem traslados e serviços de transporte do amigo do amigo, da irmã da amiga, curtem blogs vendedores de serviços de viagem, sem saber quem é quem nesta selva do transporte que virou Paris. Receptivos costumam ser mais caros que a irmã da amiga ou o amigo do amigo que mora em Paris. Porque será, hein?

Conclusão: os taxistas fecharam as estradas e principais estações de trens nesta quinta-feira dia 25, atacaram aleatoriamente quem ia ao aeroporto prejudicando visitantes e trabalhadores do ramo de turismo. Carros foram vandalizados, passageiros agredidos e obrigados a caminhar quilômetros para chegar ao aeroporto, mesmo tendo comprado seu transporte em uma agência brasileira, como previsto pelas leis locais. Um absurdo! Enfim, ninguém mais sabe a diferença entre um perueiro e um receptivo de verdade, nem agentes de viagens brasileiros, nem taxistas de Paris?

Eu bem que queria apoiar esta causa, visto que como profissional da área do turismo também sofro com a pirataria e perueiros, mas infelizmente os taxistas daqui mostraram ontem que não merecem!

“C’est la vie!”

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Carro vandalizado durante manifestações
Gréve taxis Paris
Nenhum lado escapou.
Paris greve de taxis
Alguns caros foram queimados. No total 70 queixas de vandalismo e 6 prisões
Paris, gréve de taxis
Pedro Estevez, motorista VTC agredido na função de seu trabalho.
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Barricadas, agressões e VTC feitos de reféms obrigaram muitos passageiros a caminhar da estrada até o aeroporto para embarcar
Paris, gréve taxis
Viu a placa Soldes? O começo das liquidações não foram manchetes nesta quinta-feira.
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Tento imaginar os passageiros dentro do carro!
Paris, gréve taxis
Carro vandalizado durante transporte entre hotel e aeroporto de Paris

PS Já ia publicando o post, quando o telefone tocou, um colega buscava transporte ao aeroporto para 10 pessoas. Os passageiros não compraram traslado em agência, pensando que ficaria mais barato tomar taxi. Ops, os taxis estão em greve. “Eh bien!” Esses não tiveram a D.Leda (minha mãezinha) nem como membro da família, nem como a exímia professora que foi. Dona Leda sempre dizia: o barato sai caro!

 

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Silvia Helena

Após breves passagens pela Faculdade Metodista de São Bernardo e Belas Artes de São Paulo, aos 18 anos fui estudar no Canadá, onde vivi durante 23 anos. Lá me formei em História da Arte pela Universidade de Montréal, estudei turismo no Collège Lasalle de Montréal e no Institut de Tourisme et Hôtellerie du Québec. Comecei minha carreira na área trabalhando em Cuba. Durante os anos vividos no Canadá, entre outras coisas, fui guia de circuitos pela costa leste e abri minha primeira agência de receptivo para brasileiros. Há 18 anos um vento forte bateu nas velas da minha vida me conduzindo até França. Atualmente escrevo de Paris, onde vivo e trabalho dirigindo a empresa de receptivo, LA BELLE VIE.

4 thoughts on “Agressões e confusões durante a greve de taxis em Paris

  1. Boa tarde Silvia,
    Estou muito feliz por ter encontrado seu blog, a alguns dias venho buscando informações sobre Paris e infelizmente até então não havia encontrado alguém que falasse de forma tão simples e útil sobre a cidade luz.
    Parabéns pela iniciativa e por manter o blog sempre atualizado.
    Estou realmente ¨PASSADA¨com essa ultima postagem, não imaginaria uma atitude dessas em Paris. Aproveitando poderia me dizer se ainda continua a greve dos taxista e se possível me indicaria um VTC. Estou indo a Paris com 4 amigas ficaremos de 18 a 22 de julho na cidade Luz, no entanto eu preciso ir para o aeroporto dia 22 sozinha pois elas so sairão um dia depois.
    Desde já agradeço e parabéns mais uma vez pelo blog, todas as matérias foram muito úteis.
    PS: acabas de ganhar uma leitora..
    Abçs

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