Ele disse, ela disse

Estou voltando de férias e preparando um novo post, mas também tirando o atraso de inúmeras questões pendentes. Então, para não fazê-lo mais esperar querido leitor, edito esta semana um texto escrito anteriormente. Elaborei-o lendo aqui mesmo no PanRotas as ótimas crônicas do querido colega Paulo Salvador, a quem aproveito para agradecer, mais uma vez, a participação na brincadeira.

 

Conheça agora a versão masculina e feminina da mesma viagem.

 

Ele disse: o modelo histórico de se fazer turismo é como um curso de história e arquitetura. Os agentes de viagem não incluem praticamente nenhum contato com os nativos em seus roteiros.

Ela disse: Por isso o ideal é optar por passeios que incluam visita a adegas francesas, restaurantes típicos regionais e ofereçam  degustações de produtos locais.

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Foto concedida pelo Castelo de Chantilly

Ele disse: Aqui vão algumas dicas de onde e como encontrá-los (os nativos):

Não ir em Agosto: no mês de agosto toda a cidade sai de férias. As padarias fecham, as feiras ficam sem os feirantes, os pequenos restaurantes fecham, o trânsito fica um inferno, as ruas entram em obras e muitas estações do metro entram em manutenção. O que sobra são turistas e mais turistas. A cidade perde a alma.

Ela disse: Tenho amigos que vieram no mês de agosto e simplesmente adoraram a calma da cidade, pouco trânsito, metrô confortável, sem stress, espaço à vontade.

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Ele disse: Programar a viagem para a primeira semana do verão: Todos os anos, no dia 21 de Junho a França inteira comemora a chegada do verão com a “Fête de La Musique”. É o único dia que todos os músicos amadores são autorizados se apresentar na cidade. Paris vira um grande palco: em cada esquina bandas tocando, DJs performando, pessoas dançando ou uma simples soprano ensaiando. Todos os moradores saem às ruas para prestigiar a festa e os artistas.

Ela disse: 100% de acordo. Este é um ótimo momento para encontrar a população, além de tudo festiva é amigável.

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Ele disse: Nos domingos e feriados inúmeros parisienses se encontram nos parques para comer um sanduíche, beliscar lascas de queijo e bebericar uma taça de vinho rosé. Junte-se a eles!

Ela disse: Como turista vá a um parque entre a visita a um monumento e qualquer outra atração. Aproveite este momento para descansar os pés e recarregar as energias. Durante suas visitas cruzará muitos deles: Jardins de Tuleries na frente do Louvre, Champs de Mars abaixo da Torre Eiffel, o pátio inclinado na frente do Sacre-Coeur, são os mais próximos às principais atrações.

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Ele disse: Passar um fim de tarde romântico na margem do Sena: Vá até a Pont Neuf, desça as escadarias até alcançar a última ponta da Ile de La Cite*. Sente-se. Veja os barcos passar quase tocando os pés na água. Beba champanhe escondido (comprar uma meia garrafa e duas tacas nas inúmeras “caves” da cidade).

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Ela disse: Outra opção romântica para admirar o Rio Sena é a Ponte das Artes (conhecida com ex-ponte dos cadeados), totalmente pedestre, bem na frente do Louvre. (Como você vê, gosto de maximizar o tempo dos visitantes). Inclusive a vista e foto da Ile de la Cité a partir deste ponto é linda. Junte-se aos artistas e estudantes que param ali para tocar música, bater um papo e ver os barquinhos passando enquanto bebem um vinho.

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Cruzeiro noturno pelo Sena foto Bateaux Parisien

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Aliás, acho um cruzeiro pelo Sena ainda mais romântico. Ao invés de olhar os barquinhos, embarque e desfrute do romantismo vendo os monumentos desfilarem à sua frente. Existe possibilidade de cruzeiro com champanhe e até mesmo com refeição.

Ele disse: Subir no topo da Torre Eiffel considero um dos maiores programas de índio parisiense: o turista paga, fica horas na fila, sobe o elevador e não vê a coisa mais bonita da cidade pois ele esta em cima dela.

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foto Oficio de Turismo de Paris

Ela disse: 100% de acordo. A não ser que você siga a dica e compre os tickets com antecedência pelo site, evitando as filas. A vista lá em cima vale a pena. Mas não merece mesmo a perda de meio dia em Paris em uma fila.

Ele disse: Não suba na Torre Eiffel: siga pela linha 6 do Metrô e desça na estação Montparnasse. Entre no edifício mais alto e feio de Paris: a Torre Montparnasse. Suba até o 56º andar e vislumbre a vista mais fantástica da cidade: ela mesma, a Torre Eiffel, com o Trocadero no fundo. No final da tarde o espetáculo é ainda mais estonteante.

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foto concedida pela Torre Montparnasse, anterior a recente reforma

Ela disse: Solicite entradas ao receptivo local.

Ele disse: Uma das coisas boas de morar na Europa é poder viver intensamente cada estação. Para mim o outono é a melhor delas. A fotografia de Paris é mais ou menos assim: a luz do dia se mistura com as folhas meio verdes-meio vermelhas. O vento sopra e elas voam por toda parte se esparramando no chão e pavimentando as ruas. Uma paisagem idílica.

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Cores de Outono em Amboise, Loire

Ela disse: Na primavera e no verão certas paisagens são surpreendentemente coloridas para pessoas que vem de um país tropical como o nosso. O hábito de colocar floreiras nas janelas ou ainda as paisagens dos jardins dentro e fora de Paris são se tirar o fôlego.

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Jardins enfeitam as casas durante toda a temporada de calor. Na foto casa de Monet, em Giverny

Ele disse: A última dica vai para hospedagem: Uma vez na vida fuja dos hotéis, alugue um estúdio (um pequeno apartamento de 30m2 inteiramente equipado) e sinta-se como um parisiense. Esse mercado é extremamente profissionalizado, a oferta é ampla, os imóveis bem decorados e sempre bem localizados.

Ela disse: Nada melhor durante férias que um hotel. Limpeza feita, cama arrumada, café da manhã logo ali. Relaxe e deixe o quotidiano de lado durante sua viagem.

 

PS * Jacques de Molay, o último templário, foi queimado vivo nesta ponta da Ile de La Cité em 1314, lançando uma praga ao Rei Felipe o Belo que acabou com a dinastia dos reis capetianos na França. O acontecimento foi tema principal da incrível saga Os Reis Malditos escrita por Maurice Druon.

 

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Silvia Helena

Após breves passagens pela Faculdade Metodista de São Bernardo e Belas Artes de São Paulo, aos 18 anos fui estudar no Canadá, onde vivi durante 23 anos. Lá me formei em História da Arte pela Universidade de Montréal, estudei turismo no Collège Lasalle de Montréal e no Institut de Tourisme et Hôtellerie du Québec. Comecei minha carreira na área trabalhando em Cuba. Durante os anos vividos no Canadá, entre outras coisas, fui guia de circuitos pela costa leste e abri minha primeira agência de receptivo para brasileiros. Há 18 anos um vento forte bateu nas velas da minha vida me conduzindo até França. Atualmente escrevo de Paris, onde vivo e trabalho dirigindo a empresa de receptivo, LA BELLE VIE.

4 thoughts on “Ele disse, ela disse

    1. Obrigada Luiza por seguir o post e deixar seu gentil comentário.
      Raras pessoas se dão o tempo de fazer delicadezas nestes dias tão corridos. Li recentemente que, no entanto, esta é a melhor atitude em prol de um mundo melhor e por consequência da felicidade própria. Fiquei feliz! Obrigada.

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