O que vi na ABAV EXPO 2019

Entre os dias 25 e 27 de setembro, aconteceu a ABAV EXPO 2019, no Expo Center Norte, em São Paulo. Este ano, foi realizada a 47ª edição do evento, organizado pela (Associação Brasileira de Agências de Viagens),  e que é sempre muito esperado pelo trade, afinal, reúne toda a cadeia de viagens da América Latina. E quero compartilhar com vocês o que me chamou a atenção, nesses três dias de evento. 

Evento em crescimento:

“Até às 17h desta sexta-feira (27), faltando ainda três horas para o encerramento da 47ª ABAV Expo Internacional de Turismo e 52º Encontro Comercial Braztoa, o evento recebeu o número de 29.416 participantes, ultrapassando a estimativa de crescimento de público para a edição 2019 (que era de 10% em cima dos 23,3 mil visitantes de 2018). A maior feira de negócios do setor de viagens e turismo da América Latina recebeu 2 mil marcas expositoras e gerou 1.700 empregos diretos e indiretos”, informava a organização no último dia do feira.

Black Friday de Viagens para o público final

Uma iniciativa inédita trouxe para o público-final mais de 500 ofertas que iam de 5% a 50% de desconto em pacotes e serviços turísticos nacionais e internacionais. Com certeza essa foi uma grande maneira de pegar o gancho entre a “Semana do Brasil” e a tradicional “Black Friday”.

Acre: uma grata surpresa

Dentre diversos destinos, alguns com stand enormes, outros mais acanhados, estava o Acre, com apenas o espaço de um simples balcão na área do Ministério do Turismo. Mas, lá tive o prazer de conversar com a Secretária de Turismo e Empreendedorismo do Estado, Eliane Sinhasique, que com seu entusiasmo me fez ter vontade de conhecer e desbravar o turismo etnológico, ter experiências ecoturísticas e viver a cultura do estado que, como ela mesma ressaltou bem, lutou para ser brasileiro. Para mim, este foi um grande exemplo de que não basta ter um stand enorme, mas sim, pessoas dedicadas e focadas no objetivo que as levaram na ABAV Expo.  

Ainda falando de destinos, quero ressaltar também a receptividade do Turismólogo Esnandes da Silva, que representava a cidade de Paraupebas e de Abdellatif Achachi, diretor geral do escritório nacional de Turismo do Reino de Marrocos. Ambos também cativaram e estavam dispostos a divulgar seus locais e concretizar negócios. 

Vivalá: volunturismo na veia 

Também de maneira muito acanhada, me chamou atenção um stand quase sem comunicação visual, mas o que tinha me segurou. Um logo minimalista e atrativo destoava da  “breguice” das outras marcas, fora isso, uma palavra: volunturismo. Era a Vivalá, que se coloca como maior operadora que alia voluntariado e turismo no Brasil.  Lá encontrei o assessor de imprensa, Luís Siciliano, que apresentou muito bem o propósito da empresa, bem como seus serviços. 

Depois da feira, mais uma surpresa, fui compartilhar a Vivalá com meus amigos e descobri que um dos meus sócios na INSANE, Cadu Capella Reis, já havia feito cotações com a empresa e a seguia nas redes sociais.

Panrotas marca presença em grande estilo

Por último, mas não menos importante, está o maior veículo do trade de Turismo, a Panrotas. Com certeza, um dos melhores stands, envolvendo experiência e conteúdo, marcou presença, teve grande sucesso e representou a liderança do veículo, perante os concorrentes.  

A inteligência artificial avança, mas o público exige humanização das marcas

Mais vale um atendimento personalizado, próximo e empático ou um rápido e focado em eficiência na resolução de problemas? Sim, estou falando da diferença de um SAC feito por um humano e outro por alguma inteligência artificial, um chatbot, por exemplo.  Para cerca de mil norte-americanos, ouvidos em pesquisa realizada pela Drift, em parceria com a Survey Monkey, os clientes preferem conversar com humanos, segundo o relatório. 

Mas, convenhamos, não adianta levantar a questão de quem é melhor, AI ou humano, afinal, é questão de tempo para a tecnologia avançar ao ponto do consumidor realmente não saber a diferença de quem está o atendendo.  

O mais me chamou a atenção foi o fato de que as pessoas estão cada vez mais buscando relações mais humanas, forçando as marcas a se humanizarem e diferenciarem, colocando seu posicionamento e seu propósito à frente de seu produto e serviço. As pessoas querem se reconhecer na marca, serem representadas e buscarem seus semelhantes. E tudo isso em uma “era” onde a tecnologia, que por vezes acaba deixando as relações mais  “frias”, está no mainstream, com todo o foco voltado para sua evolução, principalmente como  um canal de comunicação. 

E o que pode parecer inicialmente uma dicotomia, na verdade, nada mais é do que uma antiga realidade da nossa sociedade, que nos acompanha desde os primórdios: somos seres sociáveis. Queremos nos reconhecer no outro ou na marca que seguimos e consumimos. Queremos viver em grupos, ter amigos e sermos aceitos. E para entender o presente e construir o futuro, precisamos conhecer nosso passado e reconhecer que, desde a antiguidade, os humanos se reúnem em grupos para garantir sua sobrevivência. 

Com isso, e também com toda a evolução da cadeia de consumo, as empresas precisaram se redescobrir e se diferenciar dos seus concorrentes de uma forma que vá muito além do produto. Ou você acha que a Disney alcançou o status de brandlove pensando somente em entregar o básico do seu produto ou serviço ? Não, ela buscou oferecer uma experiência única para cada pessoa que tenha contato com a marca, seja em algum de seus parques ou consumindo seus conteúdos.

Essa é  a nossa realidade e a marca\empresa que não entendeu isso já está perdendo espaço para seus concorrentes, seja na relação B2B ou B2C, a grande verdade é que falamos com humanos que precisam ter suas necessidades atendidas, sejam elas fisiológicas (básicas para viver), de segurança (emprego, saúde e recursos), relacionamento (amizade, família e sexual), estima (confiança, conquista e respeito) e de realização (auto realização e satisfação), assim como o psicólogo Abraham Maslow definiu em sua famosa pirâmide da Hierarquia das Necessidades Humanas.

Como você tem contado a sua história?

É sabido que vivemos a “era da experiência”, que expõe a necessidade das marcas em, mais do que venderem seus produtos e serviços, oferecerem para seus clientes o melhor momento que eles poderiam ter enquanto estiverem juntos. Nada mais justo, afinal, hoje, em um mundo com uma concorrência cada vez maior, as empresas precisam sim se destacarem, por todos os meios que elas tiverem em disponibilidade. 

E é aí que eu entro em um outro universo, que é a forma que as marcas estão se colocando no mercado, por meio, principalmente das estratégias de branded content, que envolvem a utilização das técnicas de storytelling e da aplicação do marketing de conteúdo. E é muito importante lembrar que esses termos e estratégias, não são exclusividades dos grandes players do mercado, mas, de qualquer um, independente do tamanho, que deseja expor seu produto ou serviço, por meio de sua história, sua essência, seu propósito e acima de tudo, a sua verdade. 

E eu até entendo que para pequenos e médios empresários possa parecer trabalhar essas estratégias possa parecer um pouco distante, afinal os principais cases são de marcas como CVC, Airbnb, Kontik Viagens, Gol, Localiza, Disney e Thomas Cook. Mas, não, hoje já existem hotéis, pousadas e pequenas agências, que já fazem o básico e estão se comunicando com seu público de maneira muito mais eficaz. 

Por isso, volto ao questionamento inicial. Como você tem contado a sua história? Como tem exaltado a experiência de seus clientes em seus canais de comunicação? 

Ao passo que os profissionais de marketing do turismo repensam como eles impactam potenciais visitantes e se diferenciam, contar histórias por meio de vídeos, artigos, podcasts e formatos diversos outros formatos compartilhados por canais tradicionais e digitais nunca foi tão importante. 

Portanto, uma dica, vivemos em um país de muitos altos e baixos, infelizmente isso tem se tornado muito cíclico, mas, mesmo em crise, conseguimos ser extremamente férteis em nosso terreno, uma vez ouvi pessoalmente de um grande empreendedor, Geraldo Rufino, que o dinheiro não some de repente, ele muda de lugar, e nós temos que encontrar formas de buscá-lo para gerar negócios. E isso passa por você buscar maneiras diferentes de se expor no mercado e contar a sua história para o seu público.