A parte do déficit que pode nos pertencer

Vamos lá!

O Artur vai adorar minha provocação!

O que a indústria do turismo do Brasil pode fazer para reduzir o déficit da balança de seu negócio? Somente criticar o câmbio, a promoção, reclamar do gasto dos brasileiros ?

Acredito muito que além da melhoria dos produtos e serviços, sejam eles públicos ou privados, uma ousadia maior pode nos ajudar.

Quando fizemos a pesquisa com os estrangeiros que vem a eventos internacionais no Brasil, assim como outras pesquisas, o que descobrimos ? Pouco oferecemos aos estrangeiros além do hotel, gastronomia, passeios e paisagens. Não oferecemos pós-eventos de forma agressiva para viajantes a negócios e eventos.

Quais os produtos novos que nossos destinos estão oferecendo, qual a oferta de entretenimento, de compras, de cultura, que nossos destinos oferecem? Como as renovamos? Como aproveitamos recursos naturais, culturais para ir mais fundo na curiosidade dos visitantes para que suas experiências sejam realmente diferentes em nosso país? Como podemos vender mais ? O que querem nossos visitantes além daquilo que já oferecemos?

Essas podem ser algumas das perguntas que podemos tentar responder, na prática, pra agir naquilo que é o papel da indústria de viagens e turismo. Seja por parte dos governos como por parte dos empresários.

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Jeanine Pires

Apaixonada pela indústria de viagens e turismo, há 31 anos atua como líder do setor no Brasil e no exterior. Já Presidiu e foi Diretora da EMBRATUR entre 2003 e 2010; é Diretora da Pires Inteligência em Destinos e, no final de 2022, entrou para a CVC Corp como Diretora de Alianças e Relações Governamentais. Jeanine foi Co-fundadora da startup ONER Travel em 2020 e já atuou como Presidente do Conselho da Fecomércio São Paulo e da WTM Latin America. Com formação e especialidade em marketing de destinos e economia do turismo, Jeanine faz palestras, cursos e consultorias.

10 thoughts on “A parte do déficit que pode nos pertencer

  1. Jeanine,
    Nao sei quanto ao Artur, mas os CVBs, alem das Secretarias Estaduais e Municipais de turismo, com certeza sentir-se-ao provocados (ou ao menos deveriam). Aguardemos!
    Um grande abraço!

    1. Márcia, a idéia é sempre nos levar a reflexões e atitudes práticas que possam movimentar atores públicos e privados para uma constante melhoria. Trocas experiências e idéias.

  2. Adorei, claro. O receptivo do Rio, por exemplo, me passa uma imagem que não soube acompanhar as mudanças e hoje só reclama. É claro que devemos melhorar o produto e sermos mais criativos no que oferecemos, que, venhamos e convenhamos, hoje fica à mercê da vontade do próprio visitante ou do concierge dos hotéis (que pode ser um bom recepcionista de albergue, claro). Mas e o lado público? A Embratur foi criada para orientar a iniciativa privada em relação a isso, promover o Brasil, trazer mais visitantes, achar as soluções que lhe cabem… Não esqueçamos que é uma soma (público + privado). Como sempre, ótima reflexão…

    1. Claro! As soluções vêm da reflexão, conhecimento e, sobretudo de atitudes práticas e resultados, sempre de atores públicos e privados.

  3. Jeanine, acredito que o grande caminho é o famoso “feedback”. O que você gostou? O que você não gostou? O que gostaria de encontrar?
    São perguntas simples, mas que fazem uma grande diferença!
    Acho que o recado a ser dado é curto e grosso: Mexa-se!
    Abs, Jessé.

  4. Jeanine e demais amigos(as),

    Essa reflexão é bastante pertinente, mas ela nos leva a um beco de saída muito apertada. Fazer as correções sugeridas nos permitiria impactar os visitantes que tivessem o Brasil como destino. O problema continuaria do mesmo tamanho: como aumentar esse número de forma significativa? Como atrair aqueles que ainda nem pensaram em vir? O fato é que o Brasil, mesmo com essas mudanças de atitude, continuaria um país muito caro e isso pode ser um entrave grande para a atração de turistas, ainda mais se somarmos a essa anomalia o fato de termos péssimas condições de mobilidade urbana, baixa qualidade de serviços, altos índices de violência e cidades cada vez mais sujas, desorganizadas e caóticas. Precisamos muito melhorar o produto, mas acho que é necessário ir além do marketing. Precisamos, urgentemente, construir um Brasil bom para os brasileiros, pois o turista de hoje quer ser tratado com dignidade, mas, cada vez mais, exige que o destino também trate seus cidadãos com dignidade. O sucesso do Brasil lá fora é fruto de uma campanha de marketing político enganoso. A imagem de sucesso deixada pelo governo mundo afora não resiste a uma análise um pouco mais profunda, e não há investimento em promoção que dê jeito nisso. Nossos CVBx e nossos governos municipais precisam parar de promover cenários para turistas, onde a avenida da orla é maravilhosa e duas ruas para trás não há sequer saneamento básico. Precisamos lutar para ter cidades de verdade, onde o cidadão, em primeiro lugar, se sinta bem e feliz, para só depois ser chamado a encantar o turista. O “emotional branding” é difícil de aplicar nas nossas cidades decadentes e cheias de problemas. Com execção dos velhos cartões postais e de alguns destinos ecológicos e exóticos muito específicos, ainda sinto falta de poder vender um país atraente de verdade, onde o cidadão é respeitado, onde as cidades são limpas, o transporte é aceitável e a violência imperceptível. Se conseguíssemos isso, seria mais fácil driblar a falta de criatividade de nosso receptivo, e até a ausência de padrões de excelência no atendimento. Não é fácil nem rápido, mas acredito que a solução definitiva, sem invalidar as medidas paliativas que poderão ser tomadas imediatamente, passa, inevitavelmente, pela “refundação” do país, pela reinvenção do nosso Estado. Precisamos parar de produzir um noticiário interno tão degradante. Precisamos repensar que país queremos deixar para as futuras gerações. Talvez minhas considerações tenham fugido um pouco do tema proposto, mas eu não consigo separar os dois “brasis” e estou cansado dessa dualidade. É uma grande caminhada, eu sei, mas é preciso dar o primeiro passo. Ao menos pensar nele!

    Um abraço

    1. Rui, o Brasil tem grandes diferenciais, e ainda pode criar e melhorar tantos outros. Vejo que diante de tantos desafios, cada um deve buscar entender onde pode estar sua contribuição objetiva ao debate e em ações práticas.

  5. Jeanine,

    Na minha opinião, a contribuição mais objetiva que podemos dar para essas melhorias, está no voto consciente a cada quatro anos. Infelizmente, como estrangeiro, eu nem tenho esse recurso, por isso preciso confiar em quem o tem. Só me resta tentar influenciar, provocar reflexão, e é isso que estou fazendo sempre que posso. Evidentemente sem descuidar das medidas práticas que preciso tomar diariamente, como profissional, para promover a minha cidade e o meu estado.

    beijo.

  6. Prezada Jeanine

    Não se pode comparar estrangeiros vindos ao Brasil x brasileiros indo ao exterior, e em se tratando de “ROMBOS”, como adoram os sensacionalistas colocar , menos ainda.
    Nao podemos esquecer, e ter ciência, de que os atrativos locais de fitinhas do bonfim, artesanato local, etc…. pena que sejam poucos, não podem ser comparados com produtos eletronicos de ponta , comprados no exterior, por preços cerca de 75% mais baixos do que ak, independente do câmbio. Assim, afora o desejo de se efetuar uma grande polêmica, voltamos a questão, de quem depende e vive do turismo, e alguns não admitem que assim o seja, não nos é nada satisfatório ficar ouvindo mes após mes, em todo o tipo de veículo, esse tipo de anúncio, quando se sabe que dentro de tal conta, erroneamente chamada de “Viagens INTERNACIONAIS”, desde de DVDS do AMAZON a pneus do tirerack estão incluídos..
    Não nos favorece em nada ficar nessa posição passiva de causadores do déficit, quando sabemos o que vem por aí. Um possível incrementio geral de IOF, ou nova CPMF, até para defender a soberania nacional, e por aí vai….
    Não se pode comparar o desafio de consumo de produitos de nosso dia a dia, 75% mais baratos, com as poucas opções q os turistas estrangeiros tem como opção ak em nosso país.
    Deveria sim a EMBRATUR se levantar contra todo esse tipo de crítica. Não pode a EMBRATUR aceitar comparações de coisas incomparáveis. Não estamos falando de VIAGENS INTERNACIONAIS, estamos falandoi em boa parte de pessoas que adquirem produtos via internet, sendo entregues via correio em casa, pagando IMPOSTOS, e que mesmo assim ficam felizes por comprar por 50% do preço q custaria aqui…. só eu e você?. Não, uma enormidade de pessoas hoje tem acesso e exercita isso. Mas tem gente que prefere continuar falando do ROMBO DAS VIAGENS NTERNACIONAIS, mesmo sabendo que uma grande parcela disso, em nada se deve a isso.
    Mas para mim, e você que dependem diretamente do Turismo, busque no Banco Central a devida explicação, que lhe coloco como aqui abaixo como resposta a um simples mortal buscando tal questionamento junto a uma instituição pública. Tenho certeza de que um veículo de comunicação do turismo, como o veículo de nosso amigo Guillermo Alcorta, teria muito mais condições de buscar a veracidade de tudo isso, e mais…. disseminar essa informação, talvez impedindo que novos IOFS nos atinjam, e assim sendo deixando de prejudicar o NOSSO SEGMENTO, e é isso que espero que ocorra…..

    Aqui abaixo lhes informo a resposntado Banco Central acerca de minha colocação como cidadão…. resposta mais prolixa e evasiva impossível. Mas é ela que permite a tantos falar em ROMBOS…. e nós do turismo vamos pagar essa conta

    From: SECRE/CAP [mailto:cap.secre@bcb.gov.br]
    Sent: Friday, April 01, 2011 12:02 PM
    To: ‘nick@tradetours.com.br’
    Subject: Banco Central responde – demanda 2011087207

    Prezado Senhor:
    Parcela da conta de viagens internacionais é compilada a partir de transações realizadas via cartão de crédito de uso internacional.
    As transações incluem gastos de turistas realizados de forma presencial no exterior, gastos de turista realizados do Brasil – o pagamento de um hotel ou um ingresso de um show internacional – e compras pelo comércio eletrônico. A fonte de dados do Banco Central é o contrato de câmbio realizado entre as administradoras de cartão, que agrupa faturas de inúmeros clientes, cada fatura contendo diversas compras. Isso não permite distinguir, na estatística do balanço de pagamentos, os montantes referentes ao comércio eletrônico e aos gastos de turistas, sejam estes realizados de forma presencial ou à distância.

    Em conversas com as administradoras de cartão, nos foi informado que a parcela de compras não presenciais é mínima. Dado que as compras não presenciais contém também gastos de turistas, depreende-se que a parcela referente a comércio eletrônico é de fato pouco representativa.

    Para novos contatos, favor utilizar o formulário do serviço “Fale conosco” em nosso site. Clique aqui http://www.bcb.gov.br/?FALECONOSCO ou copie o endereço em seu navegador.

    Atenciosamente,

    Secretaria de Relações Institucionais
    Divisão de Atendimento ao Público
    DDG: 0800-9792345
    SROS

    EXTERNA – SISCAP em 25/03/2011 18:54
    ———- Os dados abaixo foram preenchidos pelo cidadão via internet

    Instituição: Conta Turismo
    Assunto: não informado
    Mensagem: os senhores publicaram hone um deficit da CONTA TURISMO de aproximadamente 2 bi de dolares….Eu gostaria de saber a composicao de tal conta…. exemplo.. um livro comprado na AMAZON, importado, pagando devidos impostos, entra nessa conta, tal qual um computador ou par de tenis comprados da mesma forma?

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