E as viagens nos próximos meses

travelaccidentA Sondagem do Consumidor realizada em maio de 2016 pelo MTUR sobre a intenção dos brasileiros em viajar nos próximos 6 meses trazem algumas novidades que merecem uma reflexão. Vou pontuar algumas delas para a evolução de janeiro a maio e adoraria contar com a avaliação dos colegas do mercado e dos estados.

  • a intenção positiva de viajar não mudou nos primeiros 5 meses do ano, segue em torno de 19%, embora seja menor que a média do ano de 2015, que foi em torno de 25%
  • as viagens domésticas e internacionais também não mudaram, cerca de 80% prefere ficar no Brasil e 20% ir ao exterior, com diferenças entre os mercados emissores. Por exemplo, os pesquisados em Porto Alegre mostram 51% de intenção de viagem ao exterior; e os pesquisados em Recife mostram 93% e em Belo Horizonte 89% de intenção de viagem nacional
  • o nordeste (35%) e o sudeste (35,4%) são as regiões preferidas por aqueles que desejam viajar no Brasil; um ponto de atenção, já que em janeiro o nordeste representava quase a metade das intenções dos pesquisados
  • aumenta um pouco a intenção de viajar de avião e de se hospedar em hotéis, caindo a hospedagem em casa de amigos e parentes
  • cai a intenção de viajar dentro do estado (era 34% em janeiro e é de 21% em maio) de moradia e cresce a de viajar para fora do estado (era 66% em janeiro e é de 78% em maio)

Esses dados, que ainda podem ser aprofundados merecem uma reflexão sobre a influência da situação econômica sobre as decisões de viagens, e ao mesmo tempo, das mudanças de comportamento dos consumidores de viagens.

Câmbio direciona fluxos mundiais

3d illustration: Land and a group of suitcases. To take a vacation rental

Novos dados da OMT mostram os efeitos da valorização do dólar americano sobre o turismo mundial.

A OMT divulgou os resultados dos gastos dos viajantes mundiais em 2015, que aumentaram 3,6%, quando as chegadas de turistas cresceram 4,4%. A importância da atividade turística na economia global mostra que a indústria é responsável por 7% do total das exportações do planeta. São US$ 4 bilhões por dia que os viajantes deixam nos destinos ao redor do mundo.

A marca da variação cambial não ficou somente aqui pelo Brasil, chegou à Europa, que viu sua moeda se desvalorizar 20%, e também à Rússia, com desvalorização do rubro de 60% (!!!!). Os gastos dos brasileiros no exterior caíram 32% em 2015, e esse ano já mostram uma queda de 43,21% nos primeiros meses do ano.

O câmbio ainda permanece um dos grandes drives do turismo em 2016, colocando as mudanças de fluxos turísticos, as novas direções das viagens e o tamanho dos mercados à mercê de fatores externos ao centro da atividade turística. Essa que se mostra resiliente e capaz de se recuperar durante as crises.

Por aqui, entre maio e outubro de 2016, a pesquisa de intenção de viagens do Mtur aponta queda nas viagens, pequena recuperação na vontade de ir ao exterior, mas direciona 80% dos fluxos de brasileiros para seu próprio país. A preferência é o nordeste (47,5%(, seguido do sudeste (24,5%) e do sul (15,1%).

Cambio e o internacional

O câmbio sempre é uma variável que impacta fortemente a indústria de viagens e turismo, cenário que se observou no Brasil em 2015. Até o mês de novembro do ano passado, os gastos dos brasileiros no exterior tinham sido reduzidos em mais de 31% em relação ao mesmo período de 2014 (ano de Copa do Mundo).

Também a pesquisa do Ministério do Turismo de Intenção de Viagem, nota-se uma diminuição geral no desejo de viajar nos próximos 6 meses, mostrando que em dezembro de 2014 cerca de 35% dos brasileiros queriam viajar, e em dezembro de 2015 esse número caiu para 26,7%. Desses, 86,4% disseram preferir destinos nacionais (contra 80,2% em 2014) e 10,9% destinos internacionais (contra 17,7% em 2014).

Os dados mostram claramente os impactos do cambio no mercado doméstico, embora o desejo de viajar ao exterior permaneça no imaginário dos brasileiros. O Instituto Data Popular fez uma pesquisa que mostrou que o maior desejo não realizado em 2015  foi o de uma viagem internacional (para 65% dos pesquisados ) e mais, que 42% desejam realizar esse sonho em 2016.

Mudou o cenário, mudaram os clientes, as empresas buscam adaptar sua oferta e preços para não perder passageiros, seja para o Brasil, seja para o exterior. E os destinos internacionais, que olhavam para os brasileiros viajadores e gastadores, ainda insistem no cliente com promoções e ofertas.

A receita e a despesa em 2014, e as tendências para 2015

Os dados divulgados sobre as receitas e despesas do turismo internacional em 2014 sintetizam um ano bastante atípico.

Por parte dos gastos dos estrangeiros no Brasil, apesar de recorde anual que chega a 6,9 bilhões de dólares, se não fossem os meses de junho e julho com a Copa do Mundo FIFA, 2014 teria trazido resultados muito negativos na entrada de divisas. Todos os meses foram negativos em relação a 2013, com exceção de maio (+1,8%), junho (+76%) e julho (+46%). O efeito cambial, a realização do Mundial e a baixa competitividade do Brasil ainda mostram um importante caminho a trilhar no acesso aéreo, chegadas terrestres melhor aferidas, produtos de qualidade e ações contínuas e inovadoras para a atração de estrangeiros.

Os gastos dos brasileiros no exterior tiveram um pequeno aumento em relação a 2013, de 1,1%, chegando no entanto a 25,6 bilhões de dólares. Desde o segundo semestre de 2013 que os mercados receptivos internacionais já mostravam preocupações com a chegada e os gastos dos brasileiros. Esse cenário se agrava com a diferença cambial, ainda, provavelmente com menos gastos e a manutenção de algumas viagens. Mas o ano de 2015 não sinaliza muitas mudanças pelo desempenho econômico e os apertos nas contas.

Volta aqui, mais uma vez, a importância do mercado doméstico, que pode ser a opção dos brasileiros, uma ótima noticia, e que deveria vir acompanha de mais qualidade, mais produtos, experiências mais criativas e viagens memoráveis. A pesquisa de sondagem das intenções de viagens dos brasileiros realizada em dezembro de 2014 pelo Ministério do Turismo/ FGV indicou que entre janeiro e junho de 2015 as intenções de viagens diminuíram de 38% em 2013 para 35% em 2014; as viagens domésticas são as opções daqueles que pretendem viajar, diminuindo de 22% para 17% aqueles de teriam a intenção de viajar para o exterior em dezembro de 2013 em comparação com o mesmo ano de 2014. Os destinos preferidos no Brasil  são o nordeste para 36% e o sudeste para 30,7%.

Vamos trabalhar !