Quem tem medo do GDS? Airline Distribution (2)

No segundo dia do Airline Distribution 2010, evento anual sobre distribuição para cias. aéreas, este ano no JW Marriott (Rio de Janeiro), o debate Global Perspectives on Travel Agents and GDS foi o destaque.

Jim Davidson, CEO da Farelogix, empresa integradora de conteúdo e provedora de soluções, foi categórico ao analisar a estratégia de conexão direta sem GDS, também chamada direct connect (ou DC) das cias. aéreas, em todo o mundo, e afirmou:

– DC não é by pass de GDS, mas um serviço complementar
– DC permite à cia. aérea controlar melhor a oferta de seu produto
– DC permite monitorar melhor quem está comprando seu produto
– DC gera oportunidades, melhores serviços e maiores negócios

Em resposta, Chris Wilding, VP do Sabre, concordou “em parte” com Jim e lembrou que o Sabre oferece tecnologia para DC há muitos anos, conectando diversos players, agências, consolidadores, OTAs, sistema integradores e provedores de soluções, pois para o Sabre, “DC é conectar uma ponta a outra”…

“As agências de viagens online fazem muito marketing grátis para as cias. aéreas”, explicou Chris, informando que, de cada 10 consultas à OTAs que geram emissão de tickets, 7 são emitidos em portais de cias aéreas. Ou seja, o cliente pesquisa nas agências de viagens online, pois elas agregam todo o conteúdo (GDS e não GDS), e depois acessa o portal da cia. aérea com o menor preço, ou com o horário desejado, para emitir o bilhete.

Curioso como esta questão de usar ou não usar o GDS ainda permeia debates mundo afora, quando tudo é uma questão do custo da segmentação. Como sentenciou Michael Schmeltzer, diretor da USAirways, a questão em jogo não é o full content, mas sim o custo da distribuição. No fundo, o que o consumidor deseja é comparar as opções, de forma prática e amigável.

Na realidade, apesar da força de penetração dos GDSs, não tem sido bem sucedidas as tentativas de fazer com que as cias. aéreas mantenham estratégias padronizadas de distribuição, como ocorreu no século passado. Com as novas tecnologias e as infinitas oportunidades de distribuição geradas pela internet, as cias. aéreas não seguirão um mesmo padrão de distribuição, pelo simples fato de que o consumidor deseja acessar seu produto de diversas formas diferentes.

Sob este ponto de vista, o GDS não é mais o “bicho papão” da distribuição, pois deixou de ser o único fornecedor. Como afirmou o Gonzalo, da Pluna, a cia. aérea pode ter um bom web site, mas o consumidor deseja comparar cias. aéreas concorrentes em um mesmo ambiente.

Por isso, agora o foco de preocupação das cias. aéreas com relação à distribuição são as agências de viagens online ou OTAs. Devido ao seu potencial crescimento no mercado, elas podem se tornar o novo hub da distribuição para as cias. aéreas.

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Luís Vabo

Entusiasta da inovação, do empreendedorismo e da alta performance, adepto da vida saudável, dos amigos e da família, obstinado, voluntário, esportista e apaixonado. Sócio-CEO Reserve Systems 📊 Sócio-fundador Solid Gestão 📈 Sócio-CFO MyView Drones 🚁 Sócio Link School of Business 🎓 Conselheiro Abracorp ✈️

8 thoughts on “Quem tem medo do GDS? Airline Distribution (2)

  1. Infelizmente os GDSs são tudo!!!!! Acabei a faculdade ano passado e a agencia de viagens que estagiava não usava nenhum GDS , todas as cotações que fazíamos, a gente falava diretamente com as atendentes das operadoras e portais de cias. aéreas. Hoje estou fazendo um curso de agente de viagens que contém o curso de Sabre, isso tudo porque quando vou procurar emprego em alguma agencia, a maioria se não a sua totalidade pede pessoas que já tenham conhecimento em algum GDS e por causa disso continuo desempregado!!! Até quando estava procurando estágio a maioria das agencias queriam pessoas com experiência e conhecimento em GDS, como que alguém pode pedir experiencia para aquele que quer estágio para poder APRENDER??? Eu to correndo atrás agora, parece que o tempo que gastei na faculdade foi perdido, se soubesse que era assim antes, teria arranjado emprego primeiro pra depois entrar na faculdade só para ter um diploma na parede, o que você acha Luís Vabo?

  2. Luis Paulo,

    Toda capacitação é importante.

    Por terem sido a plataforma tecnológica dominante nas agências de viagens e ainda serem muito importantes, em especial para reservas internacionais, fazer um curso de operação em um sistema GDS é recomendável, para quem está iniciando carreira relacionada à reservas.

    Entretanto, considero a formação superior fundamental e, por isso, sugiro que você reavalie sobre o tempo investido em sua faculdade, pois decididamente, não foi tempo perdido.

    Ao contrário, o curso no GDS, dependendo de como evoluam as novas tecnologias, poderá ser um treinamento em obsolescência…, ou não.

    []’s

    Luís Vabo

  3. De qualquer maneira, o player que conseguir agregar valor para o cliente, se manter à frente tecnologicamente e oferecer soluções práticas, integradas e com foco em inovação, CRM e infraestrutura será o hub do Ecossistema da Distribuição da Indústria de Viagens e Turismo. Seja GDS, OTA, OBT ou qualquer outra sopa de letrinhas…

    Abs
    VJ

    1. VJ,
      Hmmm, penso que mais de um desses “players” podem reunir essas características e, no entanto, para se transformar em um “hub” de um ambiente de negócios complexo como este, algumas outras variáveis precisam compactuar a favor…
      Mas isso é assunto para outro “post”.
      []’s
      Luís Vabo

  4. Oi Luis
    Tudo bem ?
    Esse debate é muito interessante. Desde o surgimento da internet na década de 90 os experts previram o desaparecimento dos GDSs… Depois vieram os tais N-GDSs (New GDSs) como a ITA (cuja negociação da compra pelo Google eu descrevo no meu blog), o Firelogix citado por você, o G2 Swichtworks e outros que você conhece bem cujos custos por transação menores colocariam em risco o modelo de negocio dos “Old Tigers” como são chamados Sabre, Amadeus e cia nas rodas pequenas.
    Agora a moda eh falar que as DCs XML vão colocar em risco os GDSs.
    A minha tese é muito simples: a distribuicão da industria do turismo é altamente fragmentada. Ela nao é feita somente de avioes. Ela precisa de swichters. O turismo precisa de GDSs. Se os que vão permanecer são os “old tigers” como Amadeus ou Sabre essa é uma outra historia.
    Nenhum sistema comprador (como as TMCs e seus clientes) se sustenta com dezenas de conexões diretas de dezenas de fornecedores. Nenhuma empresa que utiliza a a ferramenta de um SBT (self booking tool) sustenta dezenas de conexões diretas.
    Enfim: o debate é interessante. Principalmente quando voce coloca as OTAs no meio.
    Parabéns pelo blog e por levantar a bola.
    Abraços
    Paulo Salvador

    1. Paulo,

      Estava programada uma palestra da ITA Software no Airline Distribution 2010, mas foi cancelada na última hora, certamente fruto da divulgação da negociação com o Google.

      O Presidente e CEO da Firelogix, Jim Davidson, pareceu-me bastante objetivo e coerente e, apesar de defender seu latifúndio, não deixou de explicitar as “virtudes” que os GDS ainda conservam.

      Em meu primeiro post, sobre Tendências do Turismo, tentei fazer algumas previsões (6 ao todo, algumas óbvias, outras nem tanto), onde apresentei uma visão muito próxima do que você comenta, em especial sobre o fato de que “a distribuição das cias. aéreas incluirá todos os meios, de todos os tipos, diretos e indiretos, portais próprios, webservices, GDS, sistemas integradores, consolidadores, operadores e agentes de viagens, entre outros”.

      Ou seja, a distribuição na indústria do turismo é e permanecerá muito fragmentada, tendendo a fragmentar-se cada vez mais. Por isso, penso que um “hub” como os GDSs foram, dificilmente se repetirá.

      De qualquer forma, este debate está apenas começando e por se tratar do tema principal deste Blog, agradeço muito sua contribuição permanente.

      Grande abraço,

      Luís Vabo

  5. Olá Luís
    Muito pertinente seu texto, e como nosso colega Paulo Savador bem comentou ” a distribuicão da industria do turismo é altamente fragmentada “, e vejo que é assim por absoluta falta de união e ética dos empresários do nosso setor. Sabemos que a internet trouxe muitas facilidades, existe a tranformação inerente na vida, já passamos por diversas revoluções, industrial, social e tantas outras. Infelizmente ou não as afirmativas acima são vigentes e consequentes. Eu espero que as mudanças mais radicais esperem termos estruturas para acontecerem, e que os GDSs não se extinguem, pois adoro trabalhar com eles e acho um dos sistemas mais inteligentes que já foi criado.
    Saudações.

  6. sou agente de viagens (micro empreendedor individual), gostaria de saber o seguinte:
    – para montar uma pequena agencia online(e-travel), eu preciso ter central de atendimento ou ao invés disso posso usar uma GDS ou CRS.

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