Associado X Sócio

Embora ambos os termos possam ser resumidos como o “integrante de uma associação ou sociedade”, há algumas importantes diferenças em nossa cultura e, em especial no Brasil, entre um Associado e um Sócio.

Associado, segundo explica a Wikipedia, é o integrante de uma organização resultante da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou sem personalidade jurídica, para a realização de um objetivo comum.

Sócio, ainda segundo a Wikipedia, é um indivíduo que divide ou tem despesas e os lucros com outros, em projetos comuns de índole associativo ou empresarial.

Considerando o código civil brasileiro (“Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos”), deduz-se que a principal diferença entre o Associado e o Sócio são os fins econômicos, ou não, da organização que ele integra.

Como uma empresa é constituída por uma sociedade com fins lucrativos, é fácil compreender a discrição necessária nas decisões tomadas entre os sócios, uma vez que a eventual divulgação destas decisões poderá impactar nos resultados financeiros planejados.

Com relação a uma associação formada sem fins econômicos, entendo que estas decisões devem ser, tanto quanto possível, transparentes, abertas e diretas, características sem as quais a associação distancia-se de seu conceito.

Numa associação é possível (em muitos casos, desejável) que sejam utilizadas práticas de gestão e de governança típicas de empresas, entretanto sem jamais esquecer o espírito do associativismo.

Numa empresa, os sócios estabelecem as diretrizes e comandam a organização, assumindo seus riscos, eventuais ônus e bônus, pois são os “donos” da empresa, estando clara a relação capital X trabalho entre eles e os colaboradores da sociedade.

Numa associação, por caracterizar-se pelo voluntariado, como instrumento da satisfação das necessidades individuais dos seus integrantes, não há “donos” e inexiste a relação capital X trabalho entre seus integrantes.

Todos são associados, absolutamente iguais perante o estatuto, que nada mais é do que uma espécie de “contrato social”, um conjunto de regras que orientam e regem a atividade da associação naquilo que o código civil não legisla especificamente, uma vez que este está acima daquele.

Numa empresa, há uma hierarquia claramente estabelecida e sabe-se, desde o primeiro dia de trabalho, quem preside, quem dirige, quem gerencia, quem coordena, quem supervisiona etc. etc.

Numa associação, a hierarquia máxima está no todo, no conjunto completo dos integrantes, já que a assembléia dos associados está acima da estrutura organizacional, que é por ela estabelecida através do voto.

Por isso, em uma associação, há que se debater, negociar e convencer, exercitando o chamado “espírito democrático” e este é seu melhor aspecto, pois a pluralidade de ideias enriquece as decisões e as ações.

Dá trabalho, mas costuma valer a pena.

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Luís Vabo

Entusiasta da inovação, do empreendedorismo e da alta performance, adepto da vida saudável, dos amigos e da família, obstinado, voluntário, esportista e apaixonado. Sócio-CEO Reserve Systems 📊 Sócio-fundador Solid Gestão 📈 Sócio-CFO MyView Drones 🚁 Sócio Link School of Business 🎓 Conselheiro Abracorp ✈️

12 thoughts on “Associado X Sócio

  1. Luis,
    “…em uma associação, há que se debater, negociar e convencer, exercitando o chamado “espírito democrático” e este é seu melhor aspecto, pois a pluralidade de ideias enriquece as decisões e as ações.”

    Interessante que em algumas associações que conheço nem sempre existe o “debater”, o “negociar” ou até mesmo o “convencer”… e a “pluraridade” é de decisões, não de idéias.

    Talvez lendo este post elas resolvam trocar de nome…

    Abraços.

  2. Prezado Luis Fernando, bom dia
    Cada vez que leio um artigo teu, meus neuronios entram em agitação e dá comichão na cabeça (não na mão).
    Como gostaria de acreditar em fadas,sereias, saci-perere, Papai Noel, …..mas infelizmente o mundo real não permite, lógico que sonhar não é proibido …ainda!!!! Bastante elucidativa tua colocação dos significados de Sócio e Associação !!! mas na prática o que mais se verifica é que a TEORIA sobrepuja a PRATICA.
    Longe de mim ser “o corneteiro do inferno”, mas deposi de 41 anos no trade, minha posição é de ceticismo é quase total, diria que virei “descrente” (rs).
    Será que ainda estarei na ativa, para ver o dia que seremos mais sinceros, honestos e transparentes uns com os outros?…bem que gostaria.
    Fortissimo abraço

  3. Luis,

    Excelente o seu texto, principalmente para quem, como eu, milita há mais de uma década em associações (CVBx). Entretanto, faltou referir-se aos quadros técnicos das associações/fundações, já que para esses há regras específicas e relação capital/trabalho como em outra empresa qualquer. Outra questão delicada é definir até onde deve ir a interferência da diretoria eleita nas questões do dia a dia administrativo, já que, não podemos esquecer que uma associação lida com informações de concorrentes de mercado e não é ético que, por estar provisoriamente na presidência, por exemplo, uma empresa ou executivo, tenha acesso a informações do seu concorrente, ou qualquer tipo de informação privilegiada. Por isso defendemos que a administração seja profissionalizada e que os executivos mantenham certa independência (saudável se exercida com muita responsabilidade) com relação ao tratamento interno das informações. Isso só se faz com quadros extremamente qualificados e que tenham a mais absoluta confiança da diretoria eleita. Nos CVBx, por exemplo, diretorias passam, e executivos podem permanecer por anos a fio, ficando detentores e fiadores dos processos, rotinas, e demais ações, e garantindo assim o exercício do processo democrático independentemente de quem ocupe a diretoria naquele período.
    Outro detalhe é que uma associação ou fundação não é necessariamente uma organização sem fins econômicos. O mais correto é dizer que é sem fins lucrativos, já que os CVBx, por exemplo, não têm fins lucrativos (pois não distribuem dividendos nem pagam honorários a seus diretores) mas têm fins claramente econômicos, pois sua missão é exatamente promover o desenvolvimento econômico do destino e de seus mantenedores.

    Um abraço e parabéns.

  4. Tadeu,

    Ainda acredito que as associações podem e devem pautar suas ações nos 3 pilares a que me referi acima: associativismo, transparência e espírito democrático.

    Sem isso, os líderes temporários tendem a agir sem perceber que estão diante de iguais, associados com o mesmo objetivo.

    []’s

    Luís Vabo

  5. Rocco,

    O fato de seus neurônios entrarem em agitação me estimula a continuar postando algumas ideias e conceitos, baseados na minha menos extensa experiência corporativa.

    Posso afirmar que nas associações em que participo, algumas mais ativamente outras um pouco menos, a honestidade e a sinceridade é uma prática comum aos seus membros e, por isso, vale a pena insistir nas teses da transparência e do espírito democrático.

    []’s

    Luís Vabo

  6. Rui,

    Agradeço muito seu elogio e, em especial, sua colaboração nos conceitos, externados do ponto de vista do integrante de um quadro técnico de uma associação.

    Você está certo. O comportamento ético dos colaboradores das associações é absolutamente fundamental.

    Também agradeço sua correção aos conceitos “fins econômicos” e “fins lucrativos”, com a qual não há como não concordar.

    Apareça neste espaço mais vezes.

    []’s

    Luís Vabo

  7. Meu caro Luís Vabo,
    oportuníssimo seu artigo. Define com clareza o sentido de uma associação.
    Oxalá todos lessem e interpretasse corretamente.
    Parabéns e continue nos enriquecendo com seus valiosos conhecimentos.
    Um abraço,
    Nogueira

  8. Prezado Luiz, só agora leio este seu artigo.
    Parabéns pela habitual clareza.
    Advogo para associações empresariais e sociedades desde1978 e bem sei a dificuldade dos associados daquelas não pensarem como sócios dessas.
    Talvez seja esse o principal obstáculo para a vida associativa ser, de fato, participativa.
    O desejado profissionalismo das associações não impede diretorias estatutárias regidas por normas éticas delas próprias.
    E, por fim, vc. está certo, o novo Código Civil explicita o fim não econômico das associações, atributo mais amplo do que o antigo fim não lucrativo.
    Buscou, assim, evitar sociedades travestidas de associações pela singela previsão de não ter fim lucrativo mas exercer atividades empresariais típicas.
    Abraços, extensivos à Solange, Joandre

  9. Nogueira,

    Nossa ideia tem sido a de sempre promover o debate, pois acredito no debate como prática fundamental no aperfeiçoamento das relações entre as pessoas, associadas ou não.

    []’s

    Luís Vabo

  10. Prezado Joandre,

    Este é o ponto: como sobejamente demonstrado, uma associação definitivamente não é uma empresa, e por isso, os líderes de uma associação devem se abster de agir da forma como atuam em suas próprias empresas.

    Grande abraço,

    []’s

    Luís Vabo

  11. Qual o limite da associação sobre o associado, a qual da ordens e tenta fazer o associado seguir direções contrarias aos seus princípios. Digo, associado pessoa jurídica (administração individual).

  12. Olá estou na dúvida ainda o que é associado é sócio.Investi em uma empresa de MMN e pediram p/ mim preencher um termo de associado e compromisso da empresa( não vou colocar o nome da empresa),associado é o mesmo que sócio ou não.Tire essa dúvida por favor não quero ser sócio dessa empresa.

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