Esta semana perguntaram, por escrito, a minha opinião sobre o plano de privatização dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília, que juntos representam um bom naco do filé da infraestrutura aeroportuária brasileira.
A preocupação justificável com o oportunismo da decisão de ceder à iniciativa privada a gestão desses importantes terminais, às vésperas da Copa do Mundo de Futebol, não pode superar o reconhecimento da oportunidade histórica que o Brasil tem, de interromper, de uma vez por todas, o insidioso processo de estagnação de nossos aeroportos.
Enquanto nos surpreendemos com fantásticas estruturas aeroportuárias nas grandes cidades europeias, asiáticas e americanas, somos obrigados a conviver com aeroportos que mais parecem rodoviárias de cidades do interior.
Estou seguro que a gestão privada dos aeroportos brasileiros trará muito mais benefícios à população do que os riscos potenciais de aplicação inadequada do dinheiro público ou do execrável favorecimento aos amigos do poder…
Longe de mim o discurso de que os fins justificam os meios, mas não dava para manter a coisa do jeito que está, nas mãos de uma estatal e de seus funcionários públicos, que tem enraizada a cultura de que o importante é a segurança da pista, não a qualidade do terminal, fundamental é a segurança das manobras de pouso e decolagem, não a qualidade do serviço de checkin dos passageiros, imprescindível a segurança da polícia federal, não a qualidade e o conforto das instalações.
A segurança (da pista, do pouso e decolagem, da polícia federal) são itens tão importantes que tornam-se básicos, indiscutíveis portanto…, pois segurança todo aeroporto tem que ter e não é isso que os difere (pro bem ou pro mal).
O que destaca um aeroporto são itens além do basicão da segurança e isso a administração estatal, mesmo que se empenhasse, terá dificuldade em realizar, pois o que estimula a oferta dos demais itens é justamente a possibilidade de se lucrar com esta atividade.
Cabe à sociedade manter fiscalização sobre o procedimento em si e sobre a evolução do processo de privatização que será implantado, pois o instrumento das Sociedades de Propósito Específico é bastante novo e não dispõe de suficiente experiência de uso.
Penso que é preferível que a população mantenha fiscalização ativa sobre o que será feito, construído ou montado, do que não ter o que fiscalizar e nada ser feito.
Há quem pense diferente…
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