A cena se repete em todo início de mandato… e as manchetes destacam aquilo que é uma das características mais evidentes da sociedade brasileira, mas que preferimos não perceber em nós mesmos:
Somos um bando de népotas !
Como explicar esta incontrolável “preferência” do brasileiro, de uma forma geral, por contratar parentes em primeiro lugar, amigos em segundo lugar, amigos dos parentes em terceiro lugar, amigos dos amigos em quarto lugar, indicados por parentes e amigos em quinto lugar e assim sucessivamente?
Não é exclusividade dos políticos, pois estamos recheados de exemplos de executivos de grandes corporações que não deixam passar uma oportunidade de contratar um irmão, filho ou esposa, numa subsidiária da empresa em que trabalham ou, se isso não for possível, numa outra empresa de um fornecedor, parceiro ou, dependendo do relacionamento, até numa empresa cliente.
Ou os casos de filhos de jogadores de futebol, que todos acham que repetirão a bem sucedida trajetória do pai, padrinho inequívoco do novo craque, mas que geralmente iniciam carreira sem o mesmo brilho e sucesso.
Ou ainda os incontáveis casos de filhos, e especialmente filhas, de artistas consagrados, que efetivamente recebem uma “mãozinha” do pai ou da mãe (às vezes de ambos) para assumir seu primeiro papel na TV, tentando convencer a audiência que o talento artístico, assim como título de nobreza, é obtido por herança genética…
É claro que todos esses exemplos referem-se a nepotismo em empresas privadas, ou seja, sem uso e abuso do dinheiro público, como é o caso dos novos prefeitos que, no primeiro dia de seus mandatos, já contratam, numa única canetada, a esposa, os irmãos, os filhos e quem mais da família estiver precisando de uma “oportunidade” de mostrar seu talento profissional.
A atitude dos políticos é tratada com escárnio pela sociedade, pois acredita-se que, no íntimo, o eleitor imagina que qualquer um agiria da mesma forma, o que “justificaria” o nepotismo no imaginário da população (também acho esta tese um absurdo total).
No clássico Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda discorreu sobre a dificuldade dos detentores do poder em separar o público do privado: “Para o funcionário patrimonial, a própria gestão política apresenta-se como assunto de seu interesse particular; as funções, os empregos e os benefícios que deles se aufere relacionam-se a direitos pessoais do funcionário e não a interesses objetivos, como sucede no verdadeiro Estado burocrático”.
O fato é que, independentemente do emprego ser público ou privado, a tendência à proteção dos próximos, uma característica do ser humano, tem sido exacerbada pelo temperamento típico do povo brasileiro, que leva ao extremo a recomendação bíblica “Mateus, primeiro os teus”.
Especialmente se for à custa do dinheiro dos outros…
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LV,
Realmente não há como ignorar as práticas que você descreve, pois são fatos comprovados diariamente. É claro que no poder público o nepotismo é bastante criticado por (quase) todos, mesmo que muitos sejam os eleitores que colocam lá os políticos nepotistas. No setor privado a sua abordagem ainda é pouco entendida, e é pena. Mas quero provocar uma reflexão: considero tão lamentável empregar parentes e amigos nas empresas privadas, como demitir profissionais competentes e sérios apenas porque “não vamos com a cara deles” ou “não são nossos amigos” como acontece muito por aí. Num dos CVBs que dirigi convivi dois anos com um funcionário do qual pessoalmente não gostava. Tinha autorização da minha diretoria para demiti-lo. Porém, ele era competente no que fazia e entregava o que esperávamos dele. Daí pensei: demiti-lo porquê? Eu não durmo com ele, não preciso ser amigo íntimo, não convivo com ele fora da empresa. Por outro lado ele trabalha de forma competente e é importante na estrutura da empresa! Deixei-o ficar até que ele mesmo pediu demissão e foi trabalhar por conta própria. Mesmo assim, contratei os serviços da empresa dele como fornecedora do CVB e nunca me arrependi. Costumo contar este caso nas palestras que faço quando me perguntam sobre montagem de equipes e relacionamento interpessoal (um negócio muito falado e pouco compreendido). O segredo é estar preocupado, de verdade, com o sucesso da empresa e não apenas com o conforto pessoal como líder. Liderar exige exemplo e exemplos quase sempre exigem sacrifícios, coragem para mudar paradigmas e bastante desprendimento. Eu nunca recomendei amigos para nenhum cargo, ou melhor, já o fiz porque tenho muitos amigos que são excelentes profissionais. Entretanto, faço questão de deixar claro que estou recomendando o profissional e não o amigo. Não é fácil, mas garanto que vale a pena, pois a cabeça fica muito mais leve, à noite, quando, ao final de mais um dia de trabalho, ela encontra o merecido travesseiro.
Enquanto isso, Lula se faz de morto e Chavez pensa que está vivo! kkkkkkkkkkkk
Um abraço.
Rui,
Você concluiu seu comentário citando 2 exemplos vivos do título deste post, que elevaram o nepotismo a uma nova categoria…
[]’s
Luís Vabo
trabalho em uma escola administrada por uma ong, porem mantida com verbas publicas, pô é mãe ,filha , irmã, sobrinha , tia só tem famílias, a menoria somos os capachos que não tem ninguém de parentes , as panelinhas ficam atentos até em seus movimentos para em qualquer momento te ferrar e abrir a porta para mais um parente poder entrar na empresa, já não aguento mais , ate o faxineiro sempre dando palpites no que faço, sendo que ninguém tem qualificação para os cargos os quais trabalham, pessoas que entram hoje amanha já está até mudando as regras as quais nunca tiveram alterações, isso porque é apenas um monitor de crianças que nunca teve experiência com crianças, muito menos terminou o ensino fundamental , já esta virando patifaria , pois este e o nosso brasil, Primeiro os que mais Precisam !!! ” meus parentes é claro”!!!!