Tentei não voltar a escrever sobre os grandes eventos esportivos no Brasil, pelo menos não tão próximo do texto anterior – LEGADO DA COPA: SOLUÇÃO CARIOCA PARA O TRÂNSITO – mas está difícil ficar longe das discussões sobre esta incrível oportunidade desperdiçada por nosso país.
Neste fim de semana, estive num encontro entre amigos, para comemorar o aniversário de um deles, em sua casa na Tijuca, um evento intimista, familiar e bem carioca.
Por uma coincidência, num terraço populado por 30 pessoas, estavam uma médica de um hospital “referência” da Copa, um engenheiro funcionário da Infraero, um agente de viagens desiludido com a Copa, uma diretora da construtora de uma das arenas da Vila Olímpica e um ex-empresário que fechou sua empresa de engenharia para fazer um concurso público.
A certa altura do campeonato, o assunto inevitável surgiu e, entre defesas inflamadas sobre a união da nação em prol de um objetivo de Estado (embora não esteja claro se este objetivo é vencer a Copa ou iludir o mundo sobre como de fato é o Brasil), ouvimos também:
1 – Esclarecimentos sobre os motivos pelos quais as reformas nos aeroportos não serão concluídas no prazo e teremos de conviver com aeroportos maquiados, “guaribados” e “acochambrados” durante a Copa, de preferência sorrindo para demonstrar que somos um povo simpático e receptivo.
2 – Explicações sobre o significado de ser o segundo “hospital de referência” da Copa, em especial por referir-se ao Hospital do Andaraí, o qual, para quem não sabe, encontra-se praticamente em ruínas, faltando menos de um mês para o evento.
3 – Comentários preocupados sobre as dificuldades em encontrar hospedagem no Rio de Janeiro, para turistas e clientes corporativos que não têm qualquer interesse em futebol, mas desejam ou precisam vir à Cidade Maravilhosa, durante o período da Copa.
4 – Relato surpreendente sobre a contra-ordem do prefeito carioca, para refazer o desenho do Velódromo Olímpico (circuito oval para bicicletas de corrida), apesar do projeto descartado ter custado alguns milhões aos cofres públicos, decisão que, segundo especialistas, atrasará a construção em alguns meses.
5 – Desabafo de um ex-empresário que, desiludido com as dificuldades de manter sua empresa “devido ao pouco comprometimento e a baixa produtividade dos funcionários”, resolveu inscrever-se num concurso público e hoje, como funcionário da prefeitura, gaba-se de agir da mesma forma que agiam seus ex-funcionários.
Para um país, a Copa do Mundo é um evento que ocorre com periodicidade próxima a da passagem do Cometa Halley pela Terra, ou você se prepara para o momento em que estiver passando, ou joga fora esta oportunidade e aguarda a próxima, que poderá ser daqui a 76 anos.
Da mesmíssima forma são os Jogos Olímpicos, também não costumam acontecer mais de uma vez, no mesmo país, num mesmo século.
Ou seja, apesar de um raio não cair no mesmo lugar duas vezes, teremos duas oportunidades, em uma mesma geração, e praticamente na mesma época, de promover dois eventos tão raros, que costumam ocorrer somente uma vez, durante uma vida, em determinado país.
Receio que já perdemos nosso Cometa Halley de 2014, e que se não corrermos contra o tempo já desperdiçado, também perderemos o de 2016…
.
Opa, tudo bom Luiz!
Venho acompanhando seus post, e gostaria de entrar em contato com você e fazer um convite. Qual email posso te enviar? Eu estou enviando para “L******O@reserve.com.br mas não obtive retorno. Forte abraço!
Meu email é wallacefirmo@conav.com.br
Boa tarde, Wallace,
Não recebi seu email.
Peço reenviar para LUISVABO@RESERVE.COM.BR
[]’s
Luís Vabo
Perfeito. Já enviei para seu email. Forte abraço
Luís,
Excelente comparação, principalmente se considerarmos pelo belo espetáculo que deveriam proporcionar aos nossos olhos.
Inobstante a periodicidade dos eventos, e fazendo uso da metáfora, podemos até mesmo dizer que a COPA DAS COPAS está sendo como a passagem do Cometa Halley em 1910. Rápida pesquisa na internet nos mostra que naquele ano, os jornais SAN FRANCISCO CALL e THE NEW YORK TIMES publicaram matérias com opiniões divergentes de cientistas e astrônomos famosos da época, alertando sobre as possíveis consequências trágicas para a atmosfera terrestre com a passagem do cometa, trazendo pânico para toda população. Parecido com o que vemos todos os dias, nos noticiários de rádio e TV. com a proximidade da Copa no Brasil.
Como todo bom apocalipse, houve quem lucrasse com o medo dos outros. Apareceram nas ruas “pílulas anticometa”, máscaras de gás e até guarda-chuvas de proteção contra o cometa.
O caso mais curioso foi relatado pelo LOS ANGELES HERALD. Um homem do Estado americano do Arizona entrou em pânico porque a cauda do cometa estaria “sufocando” e “perseguindo” ele, e teve que ser trancado na prisão da cidade de Carter.
Mesmo com toda imprevisibilidade pelo evento raro, a venda de telescópios disparou e hotéis lançaram pacotes especiais nas grandes cidades para quem quisesse ver o cometa de suas coberturas.
O Halley passou e felizmente ninguém morreu por causa dele. Mas o espetáculo foi atrapalhado pela Lua, e muitos ficaram frustrados ! abraços,
Walter,
Tudo bem parecido com o “apocalipse anunciado” da Copa do Mundo no Brasil:
– O trânsito ficará caótico.
– As manifestações vão parar o país.
– Não haverá segurança nas ruas.
– As greves impedirão os serviços públicos.
– Os aeroportos colapsarão.
– Os hotéis ficarão lotados e explorarão os turistas.
– Os restaurantes não terão capacidade para atender os estrangeiros.
E por aí vai.
No final das contas, a população assistirá a maioria dos jogos pela boa e velha TV, como se a Copa estivesse acontecendo ma Europa…
[]’s
Luís Vabo
Prezado Luis,
Acompanho, com alguma frequência, as suas bem colocadas opiniões no blog do Panrotas. Mas, estes dois assuntos, especialmente, a Copa que está aí são o retrato fiel deste “país do Faz de Conta que…, ou na base lapidar dos governantes de plantão, em particular os de Brasilia, nos últimos 12 anos: “Panis et Circus” para a galera. Se por um acaso lotérico, tudo funcionar, ótimo; se der zebra, logo, logo, a galera esquece e vamos para o próximo, com o bom humor olimpíco dos nossos patrícios. E, toma “Faz de conta que…”
Pois é, Antonio Carlos,
Mas dessa vez “Fazer de Conta” que faremos a Copa das Copas está custando muito ao bolso do brasileiro…
[]’s
Luís Vabo
Querido Luís,
Excelentes resumos do que acredito ser a visão de todos os meus amigos e das pessoas que leem as páginas de economia e estão calculando os bilhões de investimentos que trarão zero de retorno. Fico muito triste ao ver que justamente estas pessoas (me incluo…) não tem poder nenhum de fazer mudanças efetivas e radicais no contexto, uma vez que a grande maioria ou não sabe ou está anestesiada. Bem, num país onde beneficiados com o bolsa-família entra nas estatísticas como “empregado”, o que dizer ?
Vou acompanhar pela TV….Se é que vai passar algo além dos jogos dos Estados Unidos !
bjs e saudades
Helô
Helôzinha, que saudades !
Pois é este o sentimento que tenho, neste momento, a respeito da Copa e dos Jogos Olímpicos.
Geram enorme expectativa antes, passam fugazes e deixam somente um rastro quase invisível.
São mesmo dois cometas Halley…
[]’s
Luís Vabo
P.S.: Abraço no Darci e bjs na Sophia.