Muito se fala do espírito empreendedor do brasileiro, de nossa fama de aproveitar oportunidades e até de criar situações e gerar demandas.
Tive mais uma comprovação desta característica, ao estacionar o carro hoje de manhã, no aerporto Santos Dumont, quando uma equipe de auxiliares uniformizados, buscava valorizar o serviço de encontrar uma vaga, em meio ao local quase lotado.
Bem sintonizados, os funcionários da concessionária do estacionamento faziam questão de comunicar-se com o motorista e, de forma simpática e proativa, direcionavam para o colega mais próximo, que prontamente informava:
– “Bom dia, sua vaga especial está aguardando o senhor. Acompanhe-me por gentileza”.
Animado com o fato, simplório mas efetivo, de encontrar uma boa vaga para o carro pernoitar, em tempo recorde, fui ainda surpreendido com o guarda-chuva prontamente aberto na porta do carona, seguido da frase “As senhoras primeiro”.
Quando tentamos devolver o guarda-chuvas na saída do estacionamento, outra surpresa:
– “Podem devolver-me dentro do saguão do aerporto, para os senhores não se molharem”.
Era a dica: praticamente um “passe no caixa” que, por acaso, fica fora do local de trabalho.
Embora não houvesse uma cobrança formal pelo serviço ou pela gentileza, estava evidente o esquema montado pelos empresários do jeitinho, da informalidade, do levar vantagem.
Confesso que dei a gorjeta, o rapaz simulou surpresa e agradeceu, ou seja, seguimos ambos um script não acordado de “trate-me bem que você será remunerado”.
Fiquei entre contente (como usuário), surpreso (como empresário) e crítico (como cidadão), afinal o estacionamento é um empreendimento privado, cujo serviço é caro, os funcionários são assalariados e estão explorando uma atividade econômica (simulada como gorjeta) durante o horário de trabalho, e naturalmente sem qualquer compromisso fiscal.
Se houvesse um Valet Parking formal, não estou certo se eu usaria, tampouco se os funcionários seriam atenciosos, nem mesmo se este é o ponto a ser analisado aqui neste post.
No fundo, o fato apenas comprovou o que estamos cansados de saber: onde existe demanda, haverá sempre quem ofereça o produto ou serviço.
A forma de fazê-lo é um mero detalhe.
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Luis,
O problema é quando esse tipo de situação acontece em outros segmentos também…
Abs
Paulo,
E olha que acontece mesmo em muitas outras atividades, não é?
Está mais para o decantado “jeitinho brasileiro” (que na verdade atrapalha mais do que ajuda) do que para empreendedorismo…
[]’s
Luís Vabo
Imagina na Copa !