No final do século passado, comprar roupas no exterior era símbolo de alto poder aquisitivo.
Brasileiros ricos sempre viajaram ao exterior, sempre fizeram compras pessoais e sempre encararam os limites da alfândega.
Com o crescimento da classe média nos últimos anos, e o aumento na oferta de voos, viajar ao exterior para fazer compras, em especial de roupas, deixou de ser exclusividade dos ricos.
“Nos EUA, a diferença de preço, de qualidade e de variedade é tamanha, que concentramos nossas compras na viagem anual que fazemos com as crianças”, comentou um casal amigo sobre sua mudança de comportamento ao longo dos anos. “Não lembro a última vez que compramos roupas no Brasil”, completou a esposa.
Acrescente a este ambiente de negócios as importações chinesas e temos um cenário matador para a indústria da moda brasileira: a classe média compra NO exterior e a classe baixa compra DO exterior.
Não é à toa que as mais tradicionais grifes nacionais estão investindo alto para buscar o público consumidor de maior poder aquisitivo (aquele que não está nem aí para fazer compras em Miami ou New York), clientes super seletivos das tais classes média alta e alta.
O lamentável para a nossa economia é que, neste processo, muitas boas marcas nacionais devem ficar pelo caminho, aniquilando nosso parque têxtil e todo um mercado de criação, produção, divulgação e distribuição da moda brasileira, mais um fator de influência cultural que se perde em nosso país.
.
Olá Luis,
Embora esteja justamente promovendo e incentivando compras fora do Brasil (Orlando mais precisamente), sou Brasileira e fico muito triste de ver o nosso pais sofrer com a falta de competitividade, mas não por falta de talento ou qualidade, mas por falta de uma política correta de incentivos e estrutura básica. A grifes brasileiras sao fantásticas. Os sapatos sempre fazem sucesso, os cosméticos, como Natura, a nova linha da phebo sao excelentes. e confesso que faço o caminho inverso. existem alguns itens que não abro mão e só compro no Brasil. agora que sao caros, é verdade, porem valem a pena. Espero muito ver o Brasil achar seu caminho de volta ao progresso. É muito triste ver tanto desperdício.
Um abraço e precisamos nos conhecer
Claudia
É verdade, Claudia,
Embora o mercado de turismo brasileiro, em especial o exportativo, seja beneficiado com o turismo de compras, há sempre um outro lado da moeda.
Este post foi motivado por uma conversa que tive com o diretor de uma das mais importantes grifes nacionais, que admitiu a dificuldade enfrentada pelo setor, incluindo sua própria família como exemplo de consumidor que busca os preços e a qualidade nos EUA.
Considerando as importações de texteis da China, a alternativa para esta indústria no Brasil, parece ser mesmo a arriscada aposta nas classes mais abastadas da nossa população.
Arriscada porque, no Brasil, esta classe social não é tão populosa quanto a oferta de boas grifes nacionais, ou seja, há a tendência a um comportamento autofágico, em que umas engolirão as outras.
Nada diferente de nosso mercado de viagens e turismo…
[]’s
Luís Vabo
Obs.: Quando vem ao Brasil?