Este título, simples no formato e complexo na essência, resume bem o que foi o fim de semana passado para os desenvolvedores brasileiros de tecnologia de viagens, envolvidos (mais pra comprometidos) com o projeto de pesquisa de disponibilidade tarifada, com o conceito de branded fares, ou família de tarifas, associado às mudanças geradas pela Resolução 400/2016 da ANAC, que alterou substancialmente as regras de negócio relacionadas à franquia de bagagem.
Apesar de todo o alardeado planejamento das cias. aéreas (“Avisamos com antecedência !”), dos manifestos autossuficientes dos GDSs (“Estamos prontos !”) e das auto-afirmações dos demais sistemas de distribuição (“Entregaremos no prazo !), a verdade absoluta é que ninguém estava adequadamente preparado para a virada da chave, nem as cias. aéreas, nem os GDSs, nem os OBTs, nem as OTAs. Não por falta de tecnologia, mas por falta de tempo…
Para a tecnologia tudo é possível, desde que haja orçamento e prazo
Quando se considera que um sistema integrador (sejam os GDSs, os OBTs ou os desenvolvidos pelas próprias OTAs) consome informações variadas, de diferentes formatos (aqui faz falta o NDC), de diferentes inventários, de diferentes fornecedores de tecnologia, e precisam agregar todas essas múltiplas variáveis em um único e mesmo padrão de oferta, que permita ao consumidor fazer a comparação efetiva das diversas informações de um voo, além do preço (tarifa aérea + taxas de embarque, de transação ou outras), a complexidade fica evidente.
As cias. aéreas, envolvidas em permanente e acirrada disputa comercial para conquistar o passageiro, operam tecnologia desenvolvida para gerenciar apenas o seu inventário (o que, por si só, já é bastante desafiador), mas parecem esquecer que, ao fazer uma mudança nas regras de negócio, seja ela provocada por uma norma governamental ou por sua própria estratégia comercial, acaba por gerar um impacto gigantesco sobre toda a teia de distribuição de seus serviços, agências de viagens, GDSs, OTAs, OBTs e os demais sistemas aos quais estão integrados, Backoffice e ERPs, entre outros.
Nenhuma empresa vive em uma bolha isolada do mundo
À criatividade em montar preços, família de preços, pacotes de serviços, vender bagagem e outros serviços acessórios, deve ser adicionado tempo razoável para o planejamento, análise, desenvolvimento, testes e homologação dos demais atores da distribuição, antenados e interessados que são (todos sem exceção) em acompanhar e oferecer soluções aderentes às agências de viagens e ao consumidor final.
Lançar novos serviços, que dependem de tecnologia para serem distribuídos, sem considerar este prazo, corresponde a dar tiro no próprio pé, neste caso mais específico, nos pés de todos os envolvidos na rede capilar de distribuição.
Considerar esta nova realidade do mercado pode dar algum trabalho, mas é a garantia de não se perder nenhuma reserva…
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