O senador, intérprete político do manjado papel de arauto da moralidade, foi flagrado em escuta telefônica autorizada pela justiça, em evidentes e inquestionáveis atos de improbidade e corrupção.
O que mais me incomoda neste episódio, que pouco difere de tantos outros, é a desfaçatez com que o partido encara a situação…
“Preferimos aguardar que o senador peça desligamento…”, equivale para mim ao assassino confesso que não é preso, porque o juiz defende a tese de que ninguém pode ser julgado ou sentenciado antes de esgotados os recursos da defesa…
Sob o manto do “inocente até prova em contrário”, comportamentos absurdos vem sendo tolerados pela sociedade.
Um partido político, assim como uma associação, não pertence aos seus pares, muito menos aos seus dirigentes, mas sim à sociedade e, por isso, tem a obrigação de não somente agir com ética e seriedade, mas também demonstrar ser ético e sério.
Não há mais o que postergar: Demóstenes deve ser expulso do partido, já.
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Luis,
Concordo inteiramente com você, em se tratando de partidos ou outras instituições sociais, deveria prevalecer a máxima do “em caso de dúvida, melhor afastar para que não pairem dúvidas”. O Partido deve estar acima dos interesses e das suscetibilidades pessoais seja de quem for. Na vida pública não pode haver lugar para dúvidas, para meias verdades. Não basta ao funcionário público, como você bem disse, ser honesto, ele PRECISA PARECER honesto, por isso, na dúvida, deve ser afastado e depois reintegrado e reabilitado se for o caso. Infelizmente os exemplos que temos não nos dão muita esperança de que isso mude. Onde vamos parar, se é que vamos parar!!!
Abraço.
Rui,
Por enquanto, não há sinais de que vamos parar.
Aliás, há muito mais a investigar nos 3 poderes…
[]’s
Luís Vabo
O problema é que a expulsão do partido, já faz algum tempo, passou a ser a única punição aos casos semelhantes. Assim sendo quanto mais tempo ele ficar no partido mais oportunidades a sociedade terá de lhe imputar outra pena.
Ok, Adriano,
É por isso que o DEM demora para decidir pela expulsão, para protegê-lo na mais escancarada demonstração de corporativismo.
Ocorre que esta proteção tem um custo para o partido e o partido não pertence a quem o dirige e posterga uma decisão inevitável…
Esse é o ponto.
[]’s
Luís Vabo
Prezado Vabo
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral – TSE – o ranking da corrupção no Brasil foi o seguinte, medido pela quantidade de políticos cassados por corrupção desde 2000
1º) DEM (69);
2º) PMDB (66);
3º) PSDB (58);
4º) PP (26);
5º) PTB (24);
6º) PDT (23);
7º) PR (17);
8º) PPS (14);
9º) PT (10);
10º) PV, PHS, PRONA, PRP (1)
Ou seja o demo age em consonância com o passado (ou folha corrida) de seus pares.
O que me causa asco e espanto foi ficar sabendo que o editor da revista Veja, porta um Nextel do bicheiro com o qual manteve mais de 200 conversas telefônicas e que incluía nas reportagens semanais matérias que favoreciam os interesses criminosos do bicheiro e do senador.
JFB,
Ranking da corrupção por partido…!!
E o quarto poder entrando na boiada…
Repito o Rui: onde vamos parar?
[]’s
Luís Vabo
Demóstenes não deve só se expulso do partido… deve ser cassado e preso também. Seria um bom exemplo para a sociedade…
Em relação ao ranking exposto pelo Bastos, o PT só está em nono lugar porque ainda não tivemos o resultado do mensalão… se a justiça for feita, deve subir para o top3…
A conclusão é: todos os partidos têm corruptos, assim como têm as pessoas de bem. A pergunta que fica: o que a sociedade deve fazer para manter apenas os honestos e competentes nos poderes executivo, legislativo e judiciário?
E não nos esqueçamos dos corruptores………..
Simples, VJ,
Analisar antes de votar, votar antes de fiscalizar, fiscalizar antes de criticar, criticar antes de reiniciar o processo (4 anos depois)…
[]’s
Luís Vabo
Prezado Vabo Jr.
” Porque os grande furos do Policarpo fomos nós que demos, rapaz. Todos eles fomos nós que demos (…).”
Esse é um trecho de uma gravação legal feita pela PF.
Policarpo Jr é o chefe de redação da VEJA que tem um Nextel para conversar privadamente com o bicheiro, o que efetivamente aconteceu por mais de 200 vezes.
A maior parte dos “escândalos” publicados pela VEJA, foram criados pelo banqueiro do bicho para facilitar seus interesses escusos aí incluídos os interesses do Demóstenes que foi, pasme, Sec de Segurança Publica em Goias e já era preposto do bicheiro.
Hoje já existem claros indícios que o mensalão foi criado pelo bicheiro pois pouco antes o Presidente Lula tornou ilegal os Bingos prejudicando os negócios do bicheiro e do senador.
Vá ao site abaixo e entenda a cronologia das matérias plantadas na revista em consonância com o Editor para favorecer o bicheiro e seus “amigos”
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/as-materias-que-cachoeira-plantou-na-veja#more
As pessoas decentes “que querem que Demóstenes pague por sua intimidade com Cachoeira o querem porque consideram que sua ação era incompatível com o seu discurso”, deveriam também exigir que, por exemplo, Fernando Pimentel fosse defenestrado pela governanta e por seu partido, o PT, porque, afinal, a semelhança do crime de que o ministro é acusado é mesma que a do crime de Demóstenes Torres: ambos se aproveitaram de homens públicos para auferir vantagens junto a instâncias do Estado. Se o DEM pune seus criminosos por que a sociedade tem que aceitar que Dilma e o PT blindem Pimentel? E a oposição bem que poderia aproveitar essa deixa para se sair melhor dessa situação….
Luis,
Confiar em político é como dormir com fazer de uma cobra seu bicho de estimação, voce tem mas nunca dormi tranquilo esperando o bote.
Infelizmente o povo Brasileiro não toma iniciativa, claro é como brigar com o dono da empresa incompetente, pode reclamar, nao vai mudar, se esta insatisfeito mude.
Espero que um dia o povo tenha iniciativa, e vou dixe que nao precisa de panelas e gritos, só deixarmos de pagar os Iptu, Ipva reivindicando por má gestão, se o povo se unisse só com esta ação dúvido nao resolveríamos nao só o problema dos políticos mas muitos outros que temos.
A situação não se resume ao fla X flu politico do “o teu corrupto é mais corrupto que o meu”.
O estarrecedor é que um criminoso do jogo ilegal ao ser contrariado por uma decisão Presidencial se aliou de maneira escusa à um Senador da Republica também promotor de justiça e que foi Secretário de Segurança de seu estado (que era cotado para ser Min. da Justiça do candidato perdedor nas eleições Presidenciais) e em conluio com a revista de maior tiragem no Brasil e com o consentimento de seu editor-chefe, através de 200 telefonemas em aparelhos telefônicos especialmente comprados para este fim, determinavam os escândalos criados pelo contraventor para serem publicados na semana.
Devemos lembrar que o senador e um ministro do supremo que soltou com dois hc’s um banqueiro-condenado, divulgaram que sofreram grampo telefônico e foram tomar satisfações da autoridade máxima da nação. A gravação nunca foi encontrada.
Prezado Vabo
Peço licença para postar o excepcional artigo da Maria Inês Nassif publicado no Carta Maior, hoje. É definitivo.
“Maria Inês Nassif
O rumoroso caso Demóstenes Torres (DEM-GO) não é apenas mais um caso de corrupção denunciado pelo Ministério Público. É uma chance única de reavaliar o que foi a política brasileira na última década, e de como ela – venal, hipócrita e manipuladora – foi viabilizada por um estilo de cobertura política irresponsável, manipuladora e, em alguns casos, venal. E hipócrita também.
Teoricamente, todos os jornais e jornalistas sabiam quem foram os arautos da moralidade por eles eleitos nos últimos anos: representantes da política tradicional, que fizeram suas carreiras políticas à base de dominação da política local, que ocuparam cargos de governos passados sem nenhuma honra, que construíram seus impérios políticos e suas riquezas pessoais com favores de Estado, que estabeleceram relações profícuas e férteis com setores do empresariado com interesses diretos em assuntos de governo.
Foram políticos com esse perfil os escolhidos pelos meios de comunicação para vigiar a lisura de governos. Botaram raposas no galinheiro.
Nesse período, algumas denúncias eram verdadeiras, outras, não. Mas os mecanismos de produção de sensos comuns foram acionados independentemente da realidade dos fatos. Demóstenes Torres, o amigo íntimo do bicheiro, tornou-se autoridade máxima em assuntos éticos. Produziu os escândalos que quis, divulgou-os com estardalhaço. Sem ir muito longe, basta lembrar a “denúncia” de grampo supostamente feita pelo Poder Executivo no gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, então presidente da mais alta Corte do país. Era inverossímil: jamais alguém ouviu a escuta supostamente feita de uma conversa telefônica entre Demóstenes, o amigo do bicheiro, e Mendes, o amigo de Demóstenes.
Os meios de comunicação receberam a suposta transcrição de um grampo, onde Demóstenes elogia o amigo Mendes, e Mendes elogia o amigo Demóstenes, e ambos se auto-elegem os guardiões da moralidade contra um governo ditatorial e corrupto. Contando a história depois de tanto tempo, e depois de tantos escândalos Demóstenes correndo por baixo da ponte, parece piada. Mas os meios de comunicação engoliram a estória sem precisar de água. O show midiático produzido em torno do episódio transformou uma ridícula encenação em verdade.
A estratégia do show midiático é conhecida desde os primórdios da imprensa. Joga-se uma notícia de forma sensacionalista (já dizia isso Antonio Gramsci, no início do século passado, atribuindo essa prática a uma “ imprensa marrom”), que é alimentada durante o período seguinte com novos pequenos fatos que não dizem nada, mas tornam-se um show à parte; são escolhidos personagens e conferido a ele credibilidade de oráculos, e cada frase de um deles é apresentada como prova da venalidade alheia. No final de uma explosão de pânico como essa, o consumo de uma tapioca torna-se crime contra o Estado, e é colocado no mesmo nível do que uma licitação fraudulenta. A mentira torna-se verdade pela repetição. E a verdade é o segredo que Demóstenes – aquele que decide, com seus amigos, quem vai ser o alvo da vez – não revela.
Convenha-se que, nos últimos anos, no mínimo ficou confusa a medida de gravidade dos fatos; no outro limite, tornou-se duvidosa a veracidade das denúncias. A participação da mídia na construção e destruição de reputações foi imensa. Demóstenes não seria Demóstenes se não tivesse tanto espaço para divulgação de suas armações. Os jornais, tevês e revistas não teriam construído um Demóstenes se não tivessem caído em todas as armadilhas construídas por ele para destruir inimigos, favorecer amigos ou chantagear governos. Os interesses econômicos e ideológicos da mídia construíram relações de cumplicidade onde a última coisa que contou foi a verdade.
Ao final dos fatos, constata-se que, ao longo de um mandato de oito anos, mais um ano do segundo mandato, uma sólida relação entre Demóstenes e a mídia que, com ou sem consciência dos profissionais de imprensa, conseguiu curvar um país inteiro aos interesses de uma quadrilha sediada em Goiás.
Interesses da máfia dos jogos transitaram por esse esquema de poder. E os interesses abarcavam os mais variados negócios que se possa fazer com governos, parlamentos e Justiça: aprovação de leis, regras de licitação, empregos públicos, acompanhamento de ações no Judiciário. Por conta de um interesse político da grande mídia, o Brasil tornou-se refém de Demóstenes, do bicheiro e dos amigos de ambos no poder.
Não foi a mídia que desmascarou Demóstenes: a investigação sobre ele acontece há um bom tempo no âmbito da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Nesse meio tempo, os meios de comunicação foram reféns de um desconhecido personagem de Goiás, que se tornou em pouco tempo o porta-voz da moralidade. A criatura depõe contra seus criadores.