QUEM VAI ENCARAR?

Fim de ano desafiador para os negócios e prenúncio de 2015 recessivo são o resumo da maioria das análises econômicas sobre o Brasil e a América Latina.

Parece que o vento mudou mesmo: enquanto os EUA e a União Europeia fizeram o dever de casa e afugentam aos poucos (com muito planejamento e esforço) as dificuldades geradas pela crise econômica da década passada, o Brasil e “países amigos” atolam no baixo crescimento econômico e na corrupção desavergonhada, piorando ano a ano os índices de educação, saúde, segurança e trabalho…

Não dá para esperar melhor resultado se, para cada um dos temas acima, o país carece, mais do que ajustes no rumo, de “reforma” completa.

Sim, todos sabemos que para o Brasil voltar a crescer, há que se fazer a reforma tributária e desburocratizar o sistema econômico, para ampliar o ambiente de negócios, estimular o investimento privado e fomentar o empreendedorismo.

Mas continuamos preferindo o arrocho tributário como receita para fazer investimentos sociais e, de quebra, empregar mais pessoas num serviço público de baixa qualidade…

Sim, também sabemos que o combate a corrupção depende fundamentalmente de uma reforma política que impeça ou dificulte o conflitante “fazer política para si” e puna exemplarmente corruptos e corruptores.

Mas preferimos acreditar que os políticos farão mesmo alguma mudança contra seus próprios interesses…

Sim, estamos cansados de saber que para a educação ser a base do país que queremos para nossos filhos e netos, há que ser feita uma reforma educacional, que a leve para o centro das prioridades nacionais, acima e a frente de todas as outras.

Mas nossa prioridade continua sendo entregar o peixe pronto para comer, quando deveríamos ensinar e estimular os pescadores a pescar…

Sim, sempre soubemos que a privatização da saúde geraria os conflitos éticos e morais que assistimos no dia-a-dia de profissionais de saúde e empresas de assistência médica, tema que demanda uma reforma na saúde.

Mas é mais cômodo não mexer com os interesses da rede de saúde privada, montada ao longo dos últimos 30 anos…

Sim, mesmo sabendo do sucesso da recente reforma na segurança do Rio de Janeiro, também suspeitávamos que não bastaria ocupar morros e favelas, pois a carência da população é muito maior do que somente proteção policial.

Mas optamos por manter o “apartheid” econômico, agora disfarçado de libertação e inclusão social…

Sim, apesar de sabermos que a criação de novos postos de trabalho pode ser estimulada por programas de incentivo do governo, a manutenção permanente de empregos (e de empregabilidade) dependem de reforma trabalhista que desonere a relação trabalhador/empresa da atual regulação, que tem servido para remunerar sindicatos e pressionar os salários para baixo.

Mas decidimos manter a mesmíssima legislação trabalhista paternalista, criada na primeira metade do século passado, sob o argumento de não mexer em direitos adquiridos, mesmo que isso implique em menos oportunidades de trabalho, tributação da atividade laboral e menor autonomia do profissional sobre sua própria carreira…

Sabemos de tudo isso, mas ninguém parece disposto a colocar os sinos nos pescoços dos gatos.

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Luís Vabo

Entusiasta da inovação, do empreendedorismo e da alta performance, adepto da vida saudável, dos amigos e da família, obstinado, voluntário, esportista e apaixonado. Sócio-CEO Reserve Systems 📊 Sócio-fundador Solid Gestão 📈 Sócio-CFO MyView Drones 🚁 Sócio Link School of Business 🎓 Conselheiro Abracorp ✈️

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