Eu li, reli e li outra vez, espremi e refleti sobre o post “Door to Door” do meu amigo e presidente da ALAGEV e, por isso, resolvi repercutir e contrapor aqui no Blog Distribuindo Viagens.
Chamou-me atenção o trecho “A possibilidade de prestação de contas é um adicional ao processo [de um OBT mais completo]” com o qual venho discordar, mesmo sem a intenção de polemizar, mas por puro amor ao debate.
O fato dos sistemas de gestão de viagens terem sido criados antes dos sistemas de gestão de despesas não muda o conceito de que viagem corporativa é um tipo de despesa corporativa e, portanto, o sistema de gestão de despesas corporativas é que deve incluir as viagens corporativas entre seus serviços, não o contrário.
A gestão de despesas só é adicional ao processo de viagens, nos sistemas que nasceram OBT e adaptaram um aplicativo (ou um serviço, ou um módulo ou um adendo) para prestação de contas, dentro da mesma plataforma anterior.
Parece pouco, mas esta conceituação é fundamental para uma estratégia de gestão de despesas bem sucedida, até porque um sistema de gestão de despesas deve ser capaz de gerir as despesas tradicionais de viagens corporativas (aéreo, hotel, carro etc.), além das despesas acessórias das viagens corporativas (alimentação, táxi, ônibus, metrô, combustível, estacionamento, pedágio, etc.) e também (por que não?) inúmeras outras despesas da empresa, como despesas administrativas, de treinamento, de marketing, de eventos, que podem ou não, estarem relacionadas às viagens corporativas.
Esta é a diferença fundamental entre os dois conceitos (e entre os dois sistemas): um sistema de gestão de despesas gerencia todas e quaisquer despesas, entre as quais estão as viagens, enquanto um sistema de gestão de viagens gerencia as viagens e suas despesas acessórias.
Com relação aos 5 fatores relacionados como dificultadores da efetividade da solução, também comento abaixo:
Precariedade do sistema de transporte público: efetivamente pouco se utiliza transporte público para deslocamento ao aeroporto no Brasil, mas essa realidade está mudando, com sistemas como o BRT no Rio de Janeiro e outras iniciativas em outras capitais. O sistema de gestão de despesas e viagens corporativas deve considerar este meio de transporte sim.
Conteúdo de hotéis online: não é mais um issue faz tempo, já que diversas redes hoteleiras estão plugadas em sistemas que funcionam como “hubs” de hotelaria, como CMNet, Cangooroo e B2B (este exclusivo da Abracorp), além de integrações via Brokers, como Trend, Hoteldo e E-HTL (que são online, apesar de não direto com os hotéis). O sistema de gestão de despesas e viagens corporativas pode e deve oferecer reservas online de hotéis.
Uso de cartão corporativo: o aumento da aderência ao cartão corporativo no Brasil tem sido lento e gradual, mas vem evoluindo sempre. O sistema de gestão de despesas e viagens corporativas deve considerar este meio de pagamento, oferecer conciliação automática e, também, considerar outros meios de pagamento, como o fatídico faturamento, já que ainda é muito utilizado no Brasil.
Corrida de táxi: como principal meio de locomoção terrestre do viajante corporativo, incluindo ir para e sair de aeroportos, o sistema de gestão de despesas e viagens corporativas deve oferecer integração com aplicativos de táxi, em especial aqueles com serviço corporativo de gestão e faturamento.
Aderência dos usuários: também acredito que já reduziu muito a resistência, mesmo de usuários de gerações mais antigas, à realização de self-booking ou mesmo de fast-ticket (emissão robotizada do bilhete) nos sistemas de gestão de despesas e viagens corporativas, em especial pela popularização das OTA’s e pela própria evolução do e-commerce brasileiro de uma forma geral. Acreditar nas recomendações de um sistema ou de um aplicativo se tornará tão comum como seguir a voz do GPS no carro, e mais atualmente, acreditar que o atalho que o Waze indicou fará você economizar 15 minutos no trânsito.
A boa notícia é que esta realidade já está ao alcance das empresas brasileiras, seja através de sistemas desenvolvidos no Brasil ou fora dele, e como o Murad bem afirmou em seu post, o importante é ficarmos de olho [bem aberto e ouvidos bem atentos]…
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Amigo Luis Vabo,
Hornado com um post seu provocado por um tema que trago a tona.
Eu discordo com você somente no título. Acho que seu post foi um complemento e não uma completa discordãncia, pois apesar da questão semântica e conceitual do sistema de expense management, muito que você escreveu agregou para o tema.
Grande abraço!
Murad,
Devo confessar que a ideia foi exatamente esta: provocar e suscitar o debate, a partir de uma visão diferente do todo.
Concordar, nós dois concordamos sempre, e eu não resisti a esta oportunidade de contrapor argumentos, para os quais existem soluções já em operação em clientes corporativos de todos os portes.
Teremos a oportunidade de conversar pessoalmente sobre tudo isso.
[]’s
Luís Vabo