MISSÃO CUMPRIDA

Participo da ABGEV (uêpa!) desde o início, como associado, integrante de comitê, coordenador de comitê, conselheiro, vice-presidente e, mais recentemente, mantenedor.

Participo (e continuarei participando) porque acredito na proposta de uma associação entre clientes e fornecedores, baseada no voluntariado, no compartilhamento de conhecimento, na disseminação das melhores práticas, com integridade, profissionalismo, isenção e paixão.

Sempre defendi (e continuarei defendendo) que uma associação profissional não pertence a um grupo de pessoas, mas ao conjunto dos associados, que devem atuar, com respeito ao estatuto, às leis e à sociedade (não necessariamente nesta ordem), em seu nome, objetivando a evolução do mercado em que atuam.

Acredito (e continuarei acreditando) que reunir fornecedores concorrentes em uma mesma reunião, para discutir problemas comuns a todos, buscar soluções para as demandas dos clientes e debater questões de interesse do mercado, é uma excelente (talvez a melhor) oportunidade de aprimoramento do setor.

Quando aceitei o desafio de candidatar-me à vice-presidente da então ABGEV, tinha em mente que, uma vez eleito pelos associados, teria que enfrentar, entre outras, 3 dificuldades adicionais:
1 – Meus compromissos profissionais e associativos anteriores.
2 – A distância entre a Barra da Tijuca, onde resido e a Faria Lima, atual sede da associação.
3 – A expectativa dos associados em relação à substituição da então vice-presidente, que era dedicada de corpo e alma à associação, desde a sua criação.

Uma vez esclarecidos estes pontos, assumi prontamente o desafio, especialmente motivado com a criação da ALAGEV, mas com o compromisso de permanecer no cargo até o momento em que as dificuldades impactassem o nível de colaboração necessário ao ocupante do cargo.

Neste fim de maio de 2013, pouco mais de 1 ano após assumir a vice-presidência da associação, após participar por 2 anos como membro do conselho e por 4 anos como coordenador do comitê de tecnologia e inovação, identifiquei ter chegado o momento de contribuir de outra forma e, ao mesmo tempo, abrir espaço para renovação.

Orgulho-me de ter trabalhado com a atual administração, profissionais competentes e dedicados, cuja gestão destacou-se, em especial, pela expansão de nossa associação e de seus conceitos, para a América Latina, dissociando-a de fórmulas prontas, de soluções globais que nem sempre adequam-se às necessidades de cada país, da ultrapassada visão de que temos que nos adaptar ao que vem de fora, mesmo que não sirva às nossas características.

Penso que uma nação avança, e bem assim os seus mercados avançam, com investimentos em educação, em P&D, e com estímulo à inovação, que significa, sim, analisar e conhecer soluções prontas, mas principalmente acreditar em encontrar nossas próprias soluções para nossos próprios problemas.

Além da amizade e companheirismo, o fato de ter participado da criação da ALAGEV, com este novo espírito de compartilhar o que há de melhor em cada país latinoamericano, respeitando as suas especificidades, é o que levo de mais gratificante deste período ao lado das queridas Viviânne Martins, Ana Panneitz, Eliane Taunay, Patricia Thomas e dos amigos Alexandre Pinto, Eduardo Murad, João Bueno, Paulo Daniel, Rodrigo Cezar e Walter Teixeira (o novo vice-presidente), além do Paulo Amorim e equipe, capitaneados pela super Aline Bueno.

Deixo a vice-presidência por não poder dedicar-me como gostaria, mas permaneço como conselheiro e associado mantenedor da ALAGEV, uma nova associação que tive a honra de participar da conceituação, da criação e da fundação, e que tem uma longa trajetória pela frente, uma nova história que está apenas começando e que demanda novas ideias e muita disponibilidade.

Penso que a ABGEV fez história, mas é passado. O presente e o futuro chamam-se ALAGEV e é para lá que devemos olhar.

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O SEGREDO É A DISPONIBILIDADE

Em nossa empresa, sempre identificamos os profissionais por alguns atributos típicos da avaliação funcional da área de Gestão de Pessoas.

Mas temos também, Solange e eu, uma metodologia muito pessoal para perceber até onde podemos esperar que um novo talento pode chegar.

Nem sempre acertamos, mas a quantidade de apostas vencedoras que fizemos, temos feito e ainda faremos, demonstra que esta trilogia, mais intuitiva do que científica, é parte importante dos resultados que construímos e garante, de certa forma, o que chamamos perpetuidade do negócio.

O bilionário Jorge Paulo Lemann notabilizou-se, entre outras razões, por procurar jovens talentos que descrevia pela sigla PSD, que significa, em inglês, “Poor, Smart, Deep desire to be rich” (numa tradução livre: pobre, brilhante e ambicioso).

Não concordamos totalmente com Lemann (talvez por isso seja ele o bilionário), mas para nós, três características básicas, fáceis de identificar no curto prazo, são fundamentais em um profissional para que possamos vislumbrar um futuro de sucesso, para ele e para a empresa, projeto ou negócio em que esteja envolvido:

1 – DESEMPENHO (talento + foco)
A analogia com o brilhantismo que Lemann busca nas pessoas, para nós significa simplesmente o resultado que o profissional entrega. Desempenho é o resultado do talento (o Smart de Lemann) associado à dedicação, pois pouco adianta um sem o outro.

2 – DESEJO (ambição + determinação)
Sim, concordamos com Lemann quanto ao fato de que carência pessoal junto com ambição (Deep desire to be rich) funciona como um catalisador de mobilidade social. A carência, a necessidade, o Desejo genuíno de progredir, quando associados ao Desempenho, ou seja, ao conjunto de talento e dedicação, torna o profissional quase imbatível.

3 – DISPONIBILIDADE (presença + prioridade)
Aqui reside o item mais polêmico (questionável até), considerando a verdade absoluta que permeia o universo da geração Y e sucessoras, quanto à liberdade para criar, para fazer, para produzir, como uma prática natural, que prescinde da presença (ou da Disponibilidade) do profissional.

Percebemos que, para um grupo que atua em equipe, em que o trabalho de um depende e/ou complementa o trabalho do outro (ou seja, para 92% dos profissionais brasileiros), a Disponibilidade é um item muito, muito importante.

De nada adianta o talento ou brilhantismo de um profissional, mesmo que associado à forte ambição pessoal, se este profissional dividir sua atenção, todo o tempo, com outros problemas, variadas questões ou diferentes demandas que permeiam a vida de todos.

Chamamos de Disponibilidade a variável que garante que um profissional talentoso (Smart) e dedicado, ambicioso (Deep desire to be rich) e determinado, direcione todo seu empenho ao projeto, negócio ou empresa na qual esteja atuando, simples assim.

Ou seja, para nós tanto faz se o jovem e ambicioso talento é pobre ou rico, o fundamental é quanto ele acredita no projeto em que está envolvido ao ponto de priorizá-lo em sua vida e direcionar atenção, dedicação, empenho e foco, de forma genuina, àquele trabalho.

Desempenho, Desejo e Disponibilidade são os 3 D’s que buscamos em todos aqueles que integram nossas equipes, uma garantia prática de sucesso para ele e para todos.

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INFRAESTRUTURA: ADMITO QUE MUDEI DE OPINIÃO

Independentemente dos megaeventos esportivos, que estão servindo para chamar a nossa atenção (e do mundo) para as mazelas de nossa infraestrutura, o fato é que, entre todos os serviços oferecidos ao mercado consumidor brasileiro, temos pecado, desde sempre, naqueles mais básicos e elementares:

Energia elétrica
Cara e mal distribuída, apesar de termos a maior bacia hidrográfica do mundo, penamos com problemas ambientais na geração e com ineficiência (perda de carga) na distribuição. Um serviço que tornou-se mais lembrado pela pecha que carrega, o mal afamado “apagão”, devido ao risco permanente de interrupção.

Comunicação
Telefonia móvel vai de mal a pior, pois quando conseguimos completar uma chamada, nunca sabemos se conseguiremos terminar. Promete-se tecnologia 4G a um consumidor que recebe a ultrapassada 3G com todo tipo de má qualidade e ineficiência.

Estradas
Todas as mazelas possíveis, da má qualidade do pavimento à falta de manutenção, da inexistência de sinalização eficaz à ausência de policiamento e fiscalização, da carência de investimentos do poder público a problemas de gestão nas rodovias privatizadas.

Portos
Com os maiores custos portuários do mundo, fruto de ineficiência operacional, regulação profissional cartorial e instabilidade nas regras de concessão, nossos portos encarecem os produtos importados e dificultam o acesso de produtos brasileiros ao mercado exterior. Com a recente nova regulação, votada às pressas na madrugada pelo congresso, corremos o risco dos diversos “lobbies”, que se enfrentaram abertamente durante o processo, acabarem empatando a partida, fazendo o exportador e o consumidor brasileiro permanecerem rigorosamente no mesmo lugar…

Aeroportos
Terminais aeroportuários que mais parecem rodoviárias do interior (piores até, em alguns casos), com instalações deficientes, serviços insuficientes e de má qualidade, afugentam o turista (interno e externo) e compactuam contra o desenvolvimento da atividade que os mantém.

Apesar de parecer, por este texto, que sou pessimista em relação ao assunto, a verdade é que ainda acho que temos como melhorar em todos esses itens (acho mesmo que vamos melhorar), mas não acredito mais (já acreditei) que o faremos antes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Melhor admitir isso agora, do que aparecer supreendido daqui a 3 anos…

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