PIB 1,6% X 5,2% INFLAÇÃO

Do ponto de vista macroeconômico, a notícia não podia ser pior: o Banco Central admite que o PIB de 2012 não crescerá mais que pífios 1,6%.

Para completar a má fase, a inflação deve fechar o ano acima da faixa prevista e monitorada pelo governo, batendo a casa dos 5,2%…

O principal motivo deste mau resultado, muitas vezes confundido com uma de suas consequências, não é novidade para o empresariado brasileiro: nosso crescimento econômico arrefeceu em 2012.

Com expansão econômica abaixo do esperado, num primeiro momento as empresas tendem a percorrer o atalho da manutenção do equilíbrio econômico através do ajuste nos preços, o que acaba por agravar ambos os problemas, ao reduzir o consumo e alimentar a inflação…

Por isso, a estabilidade econômica é tão difícil de ser mantida de forma equilibrada: um simples fiozinho puxado pode desenrolar todo o novelo.

Penso que o governo federal deveria atuar na causa, esquecer que estamos em ano eleitoral e fazer o dever de casa: reduzir os gastos públicos e promover as reformas tributária, trabalhista, política e previdenciária.

Ok, posso estar sonhando, mas sempre achei que sem sonhar não chegaremos a lugar nenhum…

.

MULHERES…

Muito se fala e escreve sobre as conquistas femininas no século passado, em especial na segunda metade, e que continuam evoluindo agora e daqui em diante.

Da mesma forma, pululam estudos sociológicos e antropológicos, sobre as novas atitudes e comportamentos da “mulher moderna”.

As aspas são uma homenagem à minha mãe, que com 75 anos, é o retrato da mulher moderna no conceito mais completo do termo: casou, montou seu negócio, conciliou trabalho, casa, marido e 3 filhos, sem jamais ter perdido a ternura, tudo isso entre os anos 1950 e 1990.

Foi essa geração que ralou o sapato alto para que, atualmente, as meninas nem percebam o fiozinho de preconceito que ainda persiste no ambiente corporativo.

Para essa turma atual, é incompreensível a situação da diferença salarial média das mulheres em relação aos homens, que vem diminuindo, mas ainda existe como prova inconteste da discriminação insidiosa.

E também no turismo, atividade intensiva em profissionais do sexo feminino, mas politicamente dominada pelos homens, despontam com frequência casos emblemáticos de mulheres que são verdadeiros exemplos de vida, de profissionalismo, de maternidade, de companheirismo (tudo junto ao mesmo tempo agora) e que, a cada dia, destacam-se mais e mais em atividades até então dominadas pelos homens.

Com a vantagem da capacidade multitarefa, algo raro no universo masculino, as mulheres vem conquistando mais e mais espaços no mercado de trabalho e, por conseguinte, também no comando econômico das famílias (que sempre lideraram no aspecto emocional).

Afinal, para elas, acostumadas a lidar com os filhos (por si só uma atividade multitarefa), com o marido (outra),  com o trabalho (colegas, clientes e fornecedores), muitas vezes concomitantemente com os estudos, outras vezes ainda com trabalho voluntário (seja em associações, ONGs ou por conta própria), apoiar os pais, manter-se saudável, bonita e em forma, participar de compromissos sociais, entre outras, nada soa mais natural do que a sociedade atual: multimídia, multifacetada e multipresencial.

No fundo, no fundo, os homens estão começando a perceber e a preocupar-se com esta concorrência desigual…

.

ESCUTAR SEM OUVIR…

O ex-Governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola era um especialista no tema.

O jornalista podia fazer a pergunta mais inteligente ou capciosa que fosse, que o Brizola permanecia impávido durante toda a explanação prévia do questionamento malicioso, para em seguida, iniciar sua exposição de conceitos e ideias sobre um outro assunto absolutamente diferente da pergunta formulada.

Com o tempo, de tanto observá-lo participando de debates políticos na TV, comecei a perceber que ele escutava, mas não ouvia a pergunta do entrevistador ou mesmo a do adversário de urna e simplesmente aguardava o interlocutor concluir sua questão, para iniciar sua verborragia insana a respeito do que havia planejado dizer ao eleitor.

Observando muitos profissionais atualmente, em reuniões, entrevistas, conference calls, eventos e coquetéis, percebo que Brizola fez escola…

Tem muita gente que escuta o interlocutor longamente, com aquela cara de atenção absoluta, mas no fundo está pensando no que dizer na próxima oportunidade de retomar a palavra.

Lembro-me também de um colega que, entediado, cochilava por longos 10 minutos em reuniões de entidade e, ao acordar subitamente assustado e perceber que havia ficado “out” provavelmente tempo demais, emendava instantaneamente um “peço a palavra” para, em seguida, discorrer de forma genérica sobre “a importância da opinião de todos na decisão do assunto em debate”…

Outra linha interessante é a do sujeito que escuta (mas não ouve) uma crítica contundente ao seu comportamento em determinada situação e reage com fleuma britânica, com ar de comedida superioridade e responde com um largo elogio ao seu crítico, seguido da defesa do direito universal do ser humano à opinião, à divergência, à controvérsia, ao contraditório.

Para finalizar, emenda com um contido sorriso de autossuficiência: “discordo totalmente de cada palavra de sua explanação, mas eu seria capaz de morrer defendendo seu direito de proferi-la”.

É um craque (ou pensa que é)…

Eu fico imaginando esses políticos, executivos, juristas etc. no papel de vendedor, aquele profissional que algumas vezes vende sem conhecer, outras vezes resolve sem saber como, e quase sempre faz o cliente feliz com um sorriso, uma palavra ou um gesto que inspira confiança.

Gostemos ou não, é a vitória definitiva da percepção sobre o fato…

.