CABEÇA DE LAGARTIXA OU PÉ DE JACARÉ

Há uns 10 anos atrás, em reunião com o gerente comercial da Varig na época, abordamos um tema que tornou-se mais atual do que nunca nos dias de hoje.

Esse gerente havia recebido um convite da empresa, para assumir o cargo de diretor comercial da Varig na Argentina, mas resistia em aceitar.

Quando questionei como ele poderia ter dúvida em trocar um cargo de gerente comercial pelo de diretor comercial, ele esclareceu a questão: no caso da Varig, diretor comercial na Argentina podia ser menos que gerente comercial no Brasil, se fosse considerado o volume de vendas de cada um desses mercados.

E foi definitivo: “Escolher entre ser diretor com pouco poder ou ser gerente com autonomia, equivale a decidir se eu quero ser cabeça de lagartixa ou pé de jacaré”.

Trazendo para os dias atuais, neste momento em que grandes grupos financeiros tendem a assumir o controle de tradicionais agências de viagens, operadoras e consolidadoras, fico imaginando se esta mesma dúvida não passa na cabeça de tantos empresários de primeira linha, até então donos de seus narizes (ou cabeças de lagartixa).

Mesmo com muito dinheiro no bolso, estarão prontos para se transformar, de uma hora pra outra, em pé de jacaré?

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FÁTIMA BERNARDES E A ALMA FEMININA

Conversando com um pequeno grupo de mulheres, incluindo a minha, durante o fim de semana passado, no The Royal Palm Resort em Campinas, todas estavam curiosíssimas com um assunto que, naquele momento, ainda era quase um boato: a separação da Fátima Bernardes e William Bonner…!

A curiosidade referia-se mais a se a separação era somente profissional ou se o casamento também havia acabado.

O mote principal da discussão tinha a ver com o que poderia ter motivado a esposa a parar de trabalhar ao lado do marido no Jornal Nacional, jornal televisivo campeão absoluto de audiência…

Muitas suposições foram levantadas:

– Ela achou que já havia trabalhado muitos anos e, cansada, queria dar um tempo.

– Ele, como diretor do JN, deve ser autoritário e ela se encheu de suportá-lo duplamente, em casa e no trabalho.

– Ela queria parar de trabalhar para dar mais atenção às crianças.

– Ele julgou que era hora de colocar alguém mais jovem na função e resolveu comprar a briga com ela.

– Ela descobriu que ele estaria tendo um caso com a Patrícia Poeta e mandou um “ou ela ou eu”. Sem alternativa, ele decidiu…

– Ele não aguentava mais a pressão da esposa controladora ao lado dele, 24 horas por dia, e resolveu demiti-la.

– Ela percebeu que não precisava se esforçar tanto num trabalho árduo, diário e estressante, pois ele podia sustentá-la…

Foi neste momento que uma das mulheres do grupo comentou:

“Afinal, nada como ter um marido para nos sustentar !!!”

Partindo de um grupo de mulheres executivas, todas profissionais experientes, que fazem parte de uma geração que empunhou a bandeira da liberdade feminina, da igualdade de direitos e do equilíbrio de deveres entre os pares, esse comentário caiu como uma bomba e todos se entreolharam, num climão meio debochado…

Na realidade, todos os supostos motivos elencados foram de um machismo inacreditável, mas que todas julgavam plenamente razoáveis como justificativa para que a Fátima Bernardes desejasse separar-se do marido (somente no trabalho, descobriu-se depois).

Antes que o assunto descambasse para “cabeça do casal”, “chefe de família” e “sociedade patriarcal” ou que enveredasse pela defesa da mulher enquanto “sexo frágil”, “rainha do lar” e “esteio da família”, uma delas levantou-se e, saindo da sala, encerrou o assunto de forma categórica:

“Marido para nos sustentar é bom, mas eu queria mesmo era ter um Crô só pra mim”.

Preferi levantar-me da mesa e, discretamente, buscar outro grupo onde a conversa estivesse menos complexa, mais fácil de acompanhar…

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A ALATUR, A TIVOLITUR E A ABRACORP

Um amigo meu defende que uma boa reunião de entidade é aquela em que opiniões divergentes são debatidas abertamente, pois quando todo mundo está de acordo com todo mundo, a reunião torna-se uma verdadeira chatice.

“Se for para todos concordarem com cada proposta ou comentário, a reunião não vale a pena. Gosto de usar meu tempo para evoluir e só se evolui com a controvérsia”, afirma ele.

Por isso, a reunião de final de ano da ABRACORP, no The Royal Palm Resort, dia 02/12, foi uma ótima reunião.

Nesse ambiente de aprendizado, foi bom ver a ALATUR de volta, em especial presenciar o Marcos Balsamão, segundo suas próprias palavras, apresentar-se pela 3a. vez (nas 2 vezes anteriores, ele apresentou-se ao FAVECC pela Avipam e, depois, pela própria Alatur).

A recepção dos associados à Alatur teve um tom de “o bom filho à casa torna” e isso é bom para a ABRACORP e para a Alatur.

Já a Tivolitur foi recebida na reunião anterior, com a autêntica receptividade de quem vê no Marcello Restivo, o interesse e o espírito de participação que as entidades precisam.

Aliás, Marcello demonstra equilíbrio e bom senso sempre bem-vindos à participação associativa.

Com essas duas importantes adesões, a ABRACORP valoriza-se como entidade e confirma que não é mais um forum ou clube fechado, mas uma associação brasileira de agências de viagens corporativas, espaço legal e democrático para agentes que desejam, defendem e buscam a evolução do mercado.

Uma entidade que reúne em seu quadro, agências corporativas de diferentes portes e regiões do país, que tratam os temas e projetos associativos com o empenho que se espera de um grupo, em que todos os associados são proprietários, majoritários ou titulares em suas empresas, empreendedores acostumados a decidir e, na maioria das vezes, dar a palavra final.

Para a governança de uma entidade deste porte e importância, esse detalhe faz toda a diferença…

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