BARREIRA DE ENTRADA

Na 2ª feira jantei com um empresário, em São Paulo, de um setor diferente do de viagens e turismo e, como procuro fazer, aprendi muito.

Sempre que interagimos com um especialista, um profissional ou empreendedor de outra área ou segmento econômico, compartilhamos experiências diferentes mas que, no fundo, nos mostram que alguns conceitos variam pouco, ou nada, independentemente do tipo de negócio.

Um exemplo disso é a chamada “Barreira de Entrada”.

Naturalmente, não é intenção deste post abordar os vários tipos de análises de planos de negócios, mas nesses tempos de fusões e aquisições, IPOs, parcerias, novos modelos de negócio, “start ups”, tecnologias disruptivas, etc., um item torna-se fundamental para aqueles que pretendem iniciar um novíssimo empreendimento usando a internet: a tal “Barreira de Entrada”, que é o conjunto de fatores que torna mais difícil a uma organização começar a atuar num determinado segmento ou mercado.

Como um dos elementos das 5 Forças de Porter (as outras são Compradores, Fornecedores, Substitutos e Concorrentes), as Barreiras de Entrada facilitam ou dificultam os novos entrantes em um determinado mercado, pois são o conjunto de reações que um empreendedor enfrenta ao entrar em um novo negócio e, muitas vezes, são controladas pelos concorrentes já existentes…

Ainda segundo Michael Porter, existem 6 fontes principais de Barreiras de Entrada, mas não vamos nos deter em analisá-las aqui:
1 – Economia de escala
2 – Diferenciação do produto
3 – Necessidade de capital
4 – Custos de mudança
5 – Acesso aos canais de distribuição
6 – Desvantagens de custo em detrimento da escala

As principais Barreiras de Entrada são:
– Financeiras: negócios que demandam altos custos iniciais
– Legais: negócios com alto grau de normatização e fiscalização
– Tecnológicas: negócios que requerem muito conhecimento tecnológico

Apenas a título de exercício, nos propusemos a analisar (eu e o tal empresário) a principal Barreira de Entrada, do ponto de vista tecnológico, para empreender alguns “promissores” negócios na internet:

E-commerce de varejo
– Exemplos: Submarino, Ponto Frio, Shoptime, Fastshop, Saraiva, Pão de Açúcar etc
– Barreira de Entrada tecnológica: nenhuma
– Motivo: Atualmente existem inúmeras tecnologias e empresas especializadas em estruturar sites de compras online de produtos, num mercado em que todo mundo copia todo mundo com facilidade, pois não há mais reserva de tecnologia para e-commerce de produtos.

Sites de leilão online
– Exemplos: e-Bay, Lancelivre, Bomdeclick, Olhonoclick, Mukirana, Leiluar, Feranolance, Bomdelance, etc
– Barreira de Entrada tecnológica: pequena
– Motivo: Novidade incrível há alguns anos, ainda atrai consumidores. Quando surgiu, criou milionários empreendedores, em especial nos EUA, mas hoje, por não representar reserva de tecnologia, diversos players apareceram e novos surgirão.

Agência de viagens online
– Exemplos: Expedia, Travelocity, Orbitz, Despegar, Rapid10, Viajanet, etc
– Barreira de Entrada tecnológica: pequena
– Motivo: Já existem milhares de OTAs (online travel agency) no mundo e centenas no Brasil, baseadas num modelo construído a partir do conceito de investir na novidade agora e especializar-se depois. Neste antigo modelo, muitos tentaram, vários ficaram pelo caminho, alguns poucos venceram, mas hoje não há mais espaço para neófitos e as agências de turismo tradicionais adquirem a tecnologia pronta.

Agência de viagens corporativas online
– Exemplos: Alatur, Avipam, BBTur, Casablanca, Copastur, Costa Brava, CWT, Eurexpress, Flytour/Amex, Jet Stream, Maringá, etc etc
– Barreira de Entrada tecnológica: alta até 2005, hoje é média
– Motivo: Já existem milhares de OTMC (online travel management company) no mundo e centenas no Brasil, baseadas num modelo construído a partir da tecnologia do Self Booking Tool (sistema de auto-reserva). Desenvolvido no Brasil por fornecedores locais, este conceito evoluiu para SGVC (sistema de gestão de viagens corporativas) e tem sido adotado pelas empresas clientes, que o demandam das agências de viagens corporativas, as quais adquirem essa tecnologia pronta.

Sites de comparação de preços
– Exemplos: Bondfaro, Buscapé, Cata Preço, Cota-Cota, Já Cotei, Preço Mania, Zoom, Zura, etc
– Barreira de Entrada tecnológica: pequena
– Motivo: Novidade incrível há alguns anos, envolve até hoje o cadastramento de produtos e preços mas, por não apresentar mais reserva de tecnologia, diversos players apareceram e novos surgirão.

Sites de rastreamento online de preços
– Exemplo: Sieve
– Barreira de Entrada tecnológica: alta
– Motivo: A automatização do processo de comparação de preços através de “crawlers”, por apresentar reserva de tecnologia, ainda não gerou outros players no mercado. Esta tecnologia disruptiva apresenta demanda e mercado (neste caso B2B) ainda em desenvolvimento.

Sites de compras coletivas
– Exemplos: Groupon, Peixe Urbano, Qpechincha, ClickOn, Imperdível, Oferta Única, Clube do Desconto, OfertaX, Desejo Mania, City Best etc
– Barreira de Entrada tecnológica: nenhuma
– Motivo: Novidade absoluta na internet em 2010, os primeiros sites cresceram explosivamente, mas, por ser intensivo em processo, mas não em tecnologia, o conceito proliferou com velocidade exponencial. Por não ter qualquer reserva de tecnologia, milhares de players surgiram no primeiro ano e continuam surgindo.

Por mais óbvio que pareça, não é a inovação (por excludente), mas sim a Barreira de Entrada tecnológica que é a variável fundamental para o sucesso de um novo negócio na internet.

Ao analisar o negócio, o empreendedor deverá perguntar-se:
1 – Minha tecnologia é disruptiva, revolucionária ou evolutiva?
2 – Sou o “first mover” desta tecnologia no mercado em que atuo?
3 – A tecnologia que vou implementar e facilmente copiável?

A resposta a essas perguntas poderá significar o sucesso ou o fracasso, a longevidade ou a caducidade, o crescimento ou a estagnação do novo negócio…

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Obs.: Abaixo esclareço siglas e termos em inglês deste post, em atendimento a leitores deste Blog:

– IPO = oferta pública inicial de ações de uma empresa na bolsa.
– Start up = empresa jovem, embrionária, recém-criada, ou ainda em fase de constituição, implementação e organização de operações.
– Tecnologia disruptiva = inovação tecnológica, produto ou serviço que derruba tecnologia existente dominante no mercado.
– Crawler = web crawler, programa de computador que navega pela internet de forma metódica e automatizada.
– First Mover = que ganha posição estratégica vantajosa ​por ser o primeiro a se estabelecer em um determinado mercado.
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CORAJOSA A EMIRATES

Não é novidade que diversas cias. aéreas internacionais estão investindo no destino Rio de Janeiro, face o crescimento econômico do país e, em especial, da Cidade Maravilhosa, que está começando a se tornar um grande canteiro de obras.

Como todos esperam, muito mais está por vir, para fazer frente ao planejamento para a Copa 2014 e Jogos 2016, os quais exigem estrito cumprimento das famosas cartilhas da FIFA e do COI.

Nenhum segmento econômico quer ficar de fora dessa feira de oportunidades em que o Rio está se transformando e isso implicará, certamente, no incremento da demanda por voos internacionais de e para todo o mundo.

Prato cheio para a Emirates, cia. aérea que carrega na marca a percepção de luxo, de privilégio, do que é especial, e que tem no serviço, na gentileza e no sorriso, suas características mais autênticas.

Mas começar com voo diário Dubai/Rio, mesmo esticando até Buenos Aires, é de um arrojo incrível, se imaginarmos o atual histórico comercial, ou mesmo de lazer, entre os povos dos dois países ou mesmo pensar no que Dubai tem a oferecer ao carioca e vice-versa.

Por isso, a Emirates divulga Dubai com o mesmo foco e empenho com que divulga a própria Emirates, pois há que se fomentar o interesse, o desejo, o encantamento e o sonho de se viajar a Dubai, como deve fazer o mesmo para divulgar o Rio de Janeiro e o Brasil para os cidadãos dos Emirados e demais países que podem utilizar Dubai como “hub” internacional.

Ralf Aasmann apostou claramente no relacionamento, como principal arma para conquistar o mercado e conseguir passageiros para lotar os voos de 14 horas entre as duas cidades (+ 2 horas até Ezeiza) e, para isso, montou um time de craques, com os experientes Marcelo Abreu (ex-UA), Silvana de Oliveira (ex-CO), Katia Leite (ex-UA), Priscila Jorge (ex-AC), entre outros fortes nomes do time.

A festa no Pier Mauá, com jantar de gala para quase mil pessoas, Renata Vasconcelos como cerimonialista, show do grupo de dança do profissional (e compungido) Carlinhos de Jesus e apoteose final com Claudinha Leite cantando mpb, rock, rap e até axé, foi digno de uma cia. aérea que não vem ao Rio a passeio…

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TODOS OS ESTADOS ASSUMIRÃO OS PREJUÍZOS DO VAZAMENTO DA CHEVRON?

A primeira vez que tomei conhecimento do conceito de “royalties” do petróleo, lá pelos idos dos anos 80, eu achei estranho ter que compensar municípios produtores de petróleo pelos prejuízos advindos desta produção…

Recém saído da faculdade de engenharia, eu pensava: “Se produzir petróleo gera riqueza, emprego e desenvolvimento econômico para a região produtora, a ideia é compensar o quê?”

Muitos anos depois, tivemos a oportunidade de abrir uma filial de nossa agência em Macaé – RJ, para atender a explosão econômica provocada pela exploração de petróleo na Bacia de Campos, que tem na vizinha Macaé uma de suas principais bases operacionais.

Hoje está claro para nós, e penso que para toda a sociedade, que o desenvolvimento econômico abrupto, explosivo mesmo e não planejado, gera também crescimento desordenado, problemas de saúde pública, alta criminalidade, demanda de educação básica, carência de capacitação profissional, migração de oportunidades (incluindo empresas como a nossa filial), falta de habitação decente (proliferação de favelas), problemas de infraestrutura de transportes etc, demandando investimentos do poder público em escala e velocidade muitas vezes superiores à dos resultados positivos do crescimento econômico esperado.

Digo isso ainda sem considerar o aspecto ambiental, tanto do ponto de vista dos reais prejuízos causados à natureza no entorno da região explorada, quanto do permanente e inexorável risco de tragédias ambientais, como a que se abate neste momento no campo do Frade, explorado pela Chevron, terceira maior companhia petrolífera do mundo, à frente da Petrobras.

Por isso pergunto: Será que todos os estados da federação estão dispostos e compartilhar os prejuízos de acidentes como este, com o mesmo fervor com que defendem a divisão dos “royalties” do petróleo dos estados produtores?

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