Tem alguma coisa errada na relação sociedade x poder público no Brasil, em especial se analisarmos o que um consumidor (neste caso, um contribuinte) espera de um prestador de serviço (o governo).
Na minha vida profissional, diariamente sou compelido a buscar o cumprimento de metas, cujos indicadores foram estabelecidos em comum acordo com meus clientes.
Neste feriado, justamente em homenagem ao dia da independência brasileira em relação ao império português, matutei sobre a atual relação de dependência que temos com o império brasileiro, atualmente sediado num principado riscado no mapa do estado de Goiás.
Este principado, junto com suas capitanias hereditárias em cada estado e suas províncias municipais, estão muito bem organizados numa tarefa especialíssima, que é a de nos cobrar impostos de quase 40% sobre toda a produção do país.
Em contrapartida a esta estapafúrdia carga tributária, nos entregam serviços de baixíssima qualidade, o que resulta em problemas de saúde pública, baixos índices de escolaridade, sentimento de insegurança social e patrimonial e infraestrutura deficiente.
Não satisfeitos em não cumprir suas metas, promovem festivais de atitudes desavergonhadas que visam tão somente proteger e garantir os interesses da corte e de seus membros:
– Corporativismo
– Foro privilegiado
– Imunidade parlamentar
– Funções comissionadas
– Verbas de representação
– Sigilo das contas públicas
– Financiamento privado de campanhas eleitorais
– Nomeações políticas de juízes e ministros dos tribunais superiores
– Etc, etc, etc
A relação de mazelas não se limita à carência de serviços básicos, responsabilidade do Poder Executivo, mas também ao que recebemos dos demais Poderes:
– Morosidade da justiça
– Baixa carga de trabalho do judiciário
– Corrupção nas decisões judiciais
– Excesso de leis, regulações, emendas parlamentares e subterfúgios processuais
– Baixa carga de trabalho do legislativo
– Corrupção na representação legislativa
Diante de um cenário desses, quem ainda acredita que as reformas política, tributária e trabalhista sairão do discurdo político?
A única reforma que vingou até agora, e que vem sendo revisada ao sabor dos interesses de caixa do governo, é a reforma previdenciária.
Sim, é aquela que, a cada revisão, prorroga a data limite para o trabalhador se aposentar.
Mas que, naturalmente, não se aplica aos integrantes da corte…
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