QUAL ERA MESMO O SEU NEGÓCIO?

É interessante observar a evolução do mercado de viagens e turismo no Brasil, onde ocorre uma rápida transformação dos modelos de negócios, à reboque dessa evolução.

Considere as chamadas “verdades absolutas” do nosso mercado, em relação ao papel de cada segmento:

– Agente de viagens vende produtos e serviços turísticos ao consumidor final.

– Operador turístico vende produtos turísticos ao agente de viagens e ao consumidor final.

– Consolidador vende reservas aéreas ao agente de viagens.

– Integrador vende tecnologia ao agente de viagens, ao operador, ao consolidador e ao consumidor final.

Pela busca permanente de competitividade e eficiência, num ambiente de liberdade de mercado, é compreensível que estes atores desempenhem mais de um desses papéis (e não há a menor necessidade de camuflar esta ou aquela participação)…

Assim como tem operador que atende conta corporativa, consolidador que vira operador, agente que se transforma em integrador, operador que passa a consolidar e consolidador que resolve diversificar e virar integrador, considero natural que importantes “players” destes variados segmentos estejam formalizando parcerias e acordos comerciais de todo tipo.

Afinal, num cenário de mudanças, quem ocupa importante espaço trata de defender sua posição e suas conquistas, para não perder negócios, de preferência abrindo a possibilidade de ampliar ainda mais sua posição no mercado, mesmo que para isso, tenha que arriscar o que já conquistou.

Inteligentes e sagazes são as empresas que, com desprendimento e visão de futuro, associam-se a concorrentes, fornecedores, parceiros e clientes, pois assim reforçam sua base, renovam sua marca e preparam-se para enfrentar um mercado que não conhecem: aquele que existirá nos próximos anos e que, seguramente, será bem diferente do atual.

Antecipar o futuro e imaginar qual será o papel de cada um desses segmentos no mercado de viagens e turismo é tarefa complexa, tantas são as variáveis envolvidas.

Mas olhar o que acontece no exterior e observar as movimentações de empresas e profissionais entre esses diferentes segmentos no mercado brasileiro, pode nos dar um mapa antecipado de como será a participação (e a distribuição de forças), em cada uma dessas áreas nos próximos anos, tornando possível perceber este futuro de uma forma bem razoável.

Embora interpretar esse mapa seja tarefa pessoal e intransferível…

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USD 1,00 = R$ 1,50 ??

Os arautos dos bons negócios defendem, baseados na cartilha da macroeconomia, um Real menos valorizado.

Real valorizado demais dificulta as exportações brasileiras, pois encarece nossos produtos e serviços em relação aos dos concorrentes internacionais.

Como explicar então o Real caminhando rapidamente para a cotação do título, enquanto o Brasil bate recordes de exportação e, mesmo com as importações também em franco crescimento, nossa balança comercial não estar fazendo feio?

Claro, os economistas terão as repostas para isso, pródigos em antever o passado, mas alertarão (economista não prevê, mas alerta) que se isso ou aquilo não for realizado, o cenário mudará substancialmente amanhã…

A realidade parece mesmo ser outra e, a cada dia, surgem mais sinais de que a recuperação da economia brasileira está ainda no início, devendo manter este ritmo por mais uma ou duas décadas.

Ou não…?

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CONVERSANDO COM UM “HERMANO”

Seguindo nosso desafio de exportar tecnologia brasileira para gestão de viagens corporativas, tenho feito interessantes contatos com profissionais da área, no México, Chile, Colômbia e Argentina.

Nesses contatos, sempre de cunho profissional, acabamos por nos relacionar com diferentes culturas corporativas, variadas formas de pensar o mundo e peculiares visões de outros povos sobre o nosso país.

Semana passada, em reunião com um nosso parceiro argentino, abordamos o excepcional momento econômico que o Brasil está passando, em contraponto com demais países da região, incluindo a Argentina, quase todos mergulhados em crises econômicas e políticas.

Nosso “hermano”, que também tem negócios no Brasil, comentou: “Nós também já tivemos bons momentos, mas eles passam… Esse é o momento do Brasil aproveitar a onda positiva”.

Perguntei: “Você acha que quem não surfar bem essa onda, pode tomar um tombo mais adiante?”

Com uma mistura de experiência em crises (isso também temos), espírito latinoamericano (temos menos) e ar nostálgico (eles são imbatíveis), ele foi categórico: “Difícil o Brasil cair agora, porque o país é muito grande… China e Brasil são os dois países que puxarão a economia mundial neste século.”

E continuou o vaticínio: “A Europa está quebrada. Os EUA só olham para seus problemas internos. A Ásia tem altos e baixos. O Oriente Médio é uma bomba relógio. O Brasil será cada vez mais o propulsor da economia da América Latina. O mundo inteiro já percebeu isso.”

Pensei: “Temos ouvido muito isso, mas será que o empresariado brasileiro realmente acredita nisso?”…

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