TALENTO NACIONAL

Ano passado, escrevi sobre um profissional de nosso mercado de viagens e turismo, o Tony da TAM, descrevendo-o como uma das poucas unanimidades de nosso setor.

Hoje escrevo sobre outra unanimidade que, com seu estilo próprio, destaca-se em uma cia. aérea europeia, ocupando com talento e maestria, cargo diretivo cuja importante missão é gerar máxima ocupação dos assentos em seus voos internacionais.

Poucas coisas me deixam tão orgulhoso de ser brasileiro, quanto o sucesso de pessoas, instituições e empresas genuinamente nacionais, em especial quando este sucesso acontece no mercado ou em ambiente internacional.

Conhecemos a diretora de vendas Brasil da Air France, Adriana Cavalcanti, há muitos anos e, mesmo de longe, nós no Rio e ela em São Paulo, acompanhamos a evolução de sua carreira como quem se importa com o sucesso de um amigo.

Sempre autêntica e gentil com todos, é um caso raro de profissional competente que diz sim ou não com a mesma doçura, sempre com uma postura franca que torna fácil a aceitação de seus argumentos.

Na linda festa italiana para comemorar o retorno do voo Roma/Rio, no bairro carioca de Santa Tereza, semana passada, Adriana mostrou uma vez mais seu carisma no relacionamento com o trade, também do Rio de Janeiro, atuando com elegância e discrição no evento da parceira Alitalia.

Bacana assistir a ascensão de um executivo brasileiro em uma multinacional em nosso mercado e perceber que o sucesso de seu trabalho colabora para o resultado da cia. que dirige.

.

FARRA DAS PASSAGENS AÉREAS FAZ 2 ANOS E NADA MUDOU…

Acompanhei com muita atenção o escândalo das passagens aéreas no Congresso Nacional, deflagrado há 2 anos atrás, em maio de 2009.

Desde então, venho pesquisando as iniciativas do Poder Legislativo no sentido de, efetivamente, adotar mecanismos de controle que impeçam a repetição do uso indiscriminado de bilhetes aéreos (pagos pelos cofres públicos) pelos deputados, senadores, assessores, familiares, amigos, terceiros e quartos, como amplamente noticiado à época.

Como a memória popular somente funciona quando impulsionada pela imprensa, tenho me imposto a tarefa quixotesca de relembrar o episódio, todo mês de maio, inserindo o caso em palestras, artigos, pauta de reuniões e aqui no Blog Panrotas.

Por isso, uma vez mais, peço licença aos leitores para reproduzir artigo que assinei, publicado no Jornal do Brasil e Correio Brasiliense naquele ano, sobre este espinhoso tema, até hoje não resolvido e que permanece atual:

Quem paga, controla

O descontrole na compra de passagens aéreas pelos deputados e senadores é incompreensível para especialistas em gestão de viagens corporativas. Explica-se: a indústria de viagens e turismo é, senão a maior, uma das três maiores no mundo, com contribuição prevista de U$ 5,5 trilhões ou 9,4% do PIB mundial. E no Brasil, em 2008, as viagens a trabalho – exatamente como as que deveriam ser as dos deputados e senadores – movimentaram R$ 33 bilhões, gerando 254 mil empregos (IEVC-USP). Uma soma tão vultosa poderia abdicar de controle? A resposta é óbvia.

Estamos concluindo a primeira década do século XXI e a Tecnologia da Informação tomou definitivamente a frente na administração de negócios das grandes empresas. É o que deveria estar fazendo o Estado, em todos os seus níveis. Não é preciso ser um especialista para entender que um processo de aquisição de passagens que envolva milhares de compradores, centenas de fornecedores e um único pagante – sendo, nesse caso, a população brasileira o “único pagante” – só pode ser controlado de forma eficaz por intermédio de processos informatizados.

Em todo o mundo, empresas de grande e médio porte utilizam sistemas de controle de gastos dos funcionários, e não agem diferente quando o assunto é a viagem a negócios. Cabe a um sistema o papel de fiscalizar e, ao mesmo tempo, doutrinar os compradores. Os instrumentos tecnológicos são capazes de auxiliar os funcionários nas funções de compra e busca pelo menor preço, num contexto geral que traz bons resultados a toda organização.

Fiscalização em tempo real, com foco na prevenção e na orientação. O controle, antes realizado apenas pelo olho de um gerente, hoje é disseminado para todo corpo funcional, também usuário da tecnologia. Como os procedimentos ficam registrados num banco de dados, que, por sua vez, geram relatórios constantes, as corporações têm a certeza de que todos seguirão as normas. Empresas nacionais já desenvolvem e até exportam tecnologia para gestão de viagens corporativas. Multinacionais em operação no Brasil confiam e se utilizam da tecnologia brasileira há alguns anos, desfrutando aqui de sistemas parametrizados para a realidade do nosso mercado.

Os governos de Minas Gerais e do Ceará, além de alguns órgãos públicos federais (Ministério da Saúde, STF, Anvisa, TCU, entre outros) deram o exemplo. Dispensaram a figura do gerente único, controlador – ou em alguns casos, emperrador de sistemas. Com ajuda da internet, estimularam a gestão participativa e co-responsável, onde cada servidor tem a obrigação de zelar pelo dinheiro público. O próprio servidor público desses estados pode fazer a sua reserva aérea. Porém, o sistema de gestão de viagens o obriga a utilizar a tarifa promocional mais vantajosa. O administrador público também fica seguro, posto que somente servidores do órgão podem ser solicitantes de serviços de viagens, e  somente pessoas previamente cadastradas podem ser passageiros ou hóspedes. Nesse ambiente, os autorizadores de viagens, pré-definidos, são requisitados de forma automática a analisar e autorizar os casos que fugirem à política de viagens do órgão público.

Em cenário de negócios instável, como o atual, o corte de viagens parece ser uma atitude razoável das pessoas. No entanto, posicionamento oposto é exigido de empresas e  governos, pois precisam investir na busca de novas soluções. Os efeitos colaterais gerados pelo atual momento do sistema financeiro mundial poderão permanecer por um longo período e, durante o processo de recuperação da economia, a tecnologia será a principal ferramenta daqueles que souberem transformar ameaças em oportunidade para redução de custos.

Se considerarmos possível um controle de viagens não só do Senado e do Congresso, como também das idas e vindas de prefeitos e vereadores de todo país, somados aos servidores estaduais e municipais que transitam pelo país e exterior, chegaremos a um total de economia significativo, estimado em 30%. É dinheiro que pode ser revertido para investimentos em infraestrutura básica, beneficiando a população que sequer tem a oportunidade de entrar em um avião.

A inteligente decisão da automação do processo eleitoral brasileiro, que nos elevou à singular posição de liderança mundial em tecnologia eleitoral e praticamente acabou com as fraudes, é o melhor exemplo de como deveria agir o setor público também na questão dos gastos, que tanto tem indignado o país. A garantia da aplicação do menor preço, com o cumprimento das regras estabelecidas pela administração pública, só pode se dar com sistemas tecnológicos eficientes, hoje muito bem testados.

Quem paga, deve controlar o que está pagando. Esta regra simples deve também nortear a gestão das viagens dos órgãos e empresas públicas, como já o fazem há mais tempo as empresas privadas.

PARCERIAS, AQUISIÇÕES, FUSÕES E CONFUSÕES…

Em todo o mundo, em países com economia de mercado, empresas concorrentes tendem a competir, num processo natural de disputa por espaço, clientes e faturamento, ou a unir-se, com objetivo de ficarem mais fortes para enfrentar os demais concorrentes, abreviar seu plano de crescimento ou tomar um atalho para novos mercados.

No segundo caso, os objetivos legítimos de uma união de empresas podem ser buscados através de variadas estratégias, como fusão, aquisição ou simples parceria, entre outras, todas com variadas formas de implementação.

Como a internet vem mudando a forma de se fazer negócios na quase totalidade das atividades econômicas, incluindo o turismo, o mercado fonográfico e a telefonia, não surpreendeu o interesse e a forma encontrada pela Microsoft para entrar de vez (e com força) no mercado de transmissão de voz e imagens pela web.

A aquisição do Skype pela bagatela de USD 8,5 bilhões, aproximadamente o dobro do valor da empresa segundo avaliação de outras cias. interessadas, entre elas o concorrente Google, mostra o potencial da união (neste caso por aquisição) de duas grandes empresas.

Da mesma forma, a parceria da Microsoft com a Nokia demonstra que, independentemente da forma como as empresas unem suas operações, elas tendem a se tornar mais fortes juntas do que a soma de suas forças individuais.

Não é a toa que, num ambiente de acelerado crescimento econômico como o que vivemos hoje no Brasil, a união do esforço entre diferentes empresas (seja por fusão, aquisição ou parceria) vem ocorrendo de forma sistemática, em todos os segmentos econômicos.

No exterior, Delta/United/Continental, Air France/KLM/Alitalia e British Airways/Iberia são exemplos que reforçam o conceito da união entre empresas (por fusão, aquisição ou parceria) que já vem acontecendo no mercado de viagens e turismo.

No Brasil, Gol/Varig, Lan/TAM e Bristol/PlazaInn/Solare são alguns dos exemplos de que esta clara tendência também se manifesta por aqui, entre cias. aéreas, redes hoteleiras e outros fornecedores de turismo.

Embora por vezes pareça mais uma confusão entre empresas, penso que este movimento, no mercado de viagens e turismo brasileiro, está apenas começando…

.