O TURISMO É DIVIDIDO, FRAGMENT, DESUNIDO E REPLETO DE VAIDADES

Foi com esta frase direta, seca e dura que o Artur comentou, embora tardiamente, o meu post anterior – Mais uma entidade no trade ??? – sobre a iniciativa de ABGEV e ABRACORP unirem seus Comitês de Tecnologia e Inovação em um único comitê.

Após lembrar e repetir que “NENHUMA (o caps lock é dele) entidade brasileira de turismo representa 100% a classe que diz ou julga representar”, Artur segue louvando os consolidadores porque “são unidos (ao menos os maiores), são um grupo informal, e deixam as entidades pagarem mico com seu “poder”…”

Não pretendo polemizar com nosso editor chefe (não sou louco) sobre sua curiosa abordagem: um grupo informal ser mais unido e ainda deixar as entidades pagarem mico…

Mas não vou ficar em cima do muro e, por isso, pergunto: qual entidade brasileira de qualquer segmento econômico efetivamente representa 100% a sua classe?

As entidades são constituídas de associados, reunidos sob a égide de um estatuto, que escolhem, através do voto, líderes entre seus pares, para representá-los perante o mercado e a sociedade, tudo em respeito à lei e em benefício do aprimoramento da prática democrática.

Então, onde exatamente estão os problemas levantados pelo Artur? Nos associados, nos estatutos ou nos líderes? Ou os problemas estarão no mercado ou na própria sociedade? Ou ainda, nas leis ou na prática democrática?

E o que um grupo informal unido pode representar a não ser o interesse de seus próprios integrantes?

Tudo normal, dentro do espírito democrático, pois ambas são formas legítimas de associação (a organizada como entidade e a informal com interesses afins).

Mas será mesmo um grupo informal mais forte ou unido do que nossas ABAV, ABRACORP, ABGEV, AVIESP, BRAZTOA, entre outras?

Penso que a multiplicidade de entidades reflete uma tendência democrática da sociedade brasileira, repleta também de partidos políticos e sindicatos, ora com matizes bastante diversificadas, ora com tênues diferenças…

Não estou seguro de que uma única entidade significaria mais força e representatividade ou se concentraria demasiado poder associativo, ao mesmo tempo em que percebo que a multiplicidade de entidades nada mais é do que a oportunidade de especialização, da segmentação da prática associativa.

Portanto, penso diferente do Artur, democraticamente.

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MAIS UMA ENTIDADE NO TRADE ???

A frequente participação engajada em entidades de classe, com o tempo, transforma-se num vício, do bem, mas ainda assim um vício.

Tão ou mais desafiador do que criar e fazer crescer a rede de relacionamentos de sua empresa com seus clientes, parceiros e fornecedores, é fazê-lo entre empresas concorrentes no mesmo mercado, uma rede de relacionamentos entre iguais, apesar de competirem pelo mesmo cliente e, ainda assim, compartilhar reuniões, debates e troca de experiências, ideias e opiniões, de uma forma verdadeira, produtiva e prazerosa.

Foi com este espírito que os integrantes dos Comitês de Tecnologia e Inovação da ABGEV e da ABRACORP elegeram, nesta 4a. feira, os coordenadores do primeiro (que eu saiba) comitê conjunto de duas associações completamente independentes.

Não se trata de um grupo de trabalho que se reúne para realizar uma determinada tarefa, com início e fim pré-definidos, mas de um único comitê que conduzirá seus trabalhos sob um mesmo regimento, respeitando os estatutos das duas entidades, visando beneficiar a indústria de viagens corporativas como um todo.

Uma iniciativa de seus presidentes e conselheiros, liderados por Viviânne Martins de um lado e Francisco Leme de outro, o CTI-AA reúne, em sua maioria, empresas fornecedoras de tecnologia para a indústria de viagens (sistemas integradores, backoffices, GDS’s etc), agências de viagens corporativas, representantes de entidades do trade e cias. aéreas com sistemas próprios de distribuição.

Debater as soluções tecnológicas do interesse do mercado de viagens corporativas, analisar as estratégias de distribuição dos principais players do mercado, disseminar o conhecimento tecnológico entre os consumidores de serviços de viagens, interagir com outros comitês na busca do aprimoramento das práticas comerciais e operacionais, além de pesquisar as soluções tecnológicas mais adequadas aos associados de ABGEV e ABRACORP, são algumas de suas atividades.

A força e representatividade deste grupo de profissionais está no fato de fazerem parte de entidades maiores, que congregam empresas clientes e agências de viagens corporativas e que, por isso, trabalham visando a evolução da indústria, buscando soluções tecnológicas para problemas que afetam seus maiores usuários.

Mas penso que, com este escopo tão amplo, esta formatação tão atípica e integrantes tão experientes, variados e independentes, não vai demorar muito e aparecerá alguém, incomodado com isso, com a ideia de fundar uma “Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia para a Indústria de Viagens” ou algo que o valha…

Como as vaidades são um dos efeitos colaterais das atividades associativas, é só esperar para ver…

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3 Blogueiros no Fórum de Viagens Corporativas, em Campinas

Quando Walter Nery, da Terra Turismo, agência de viagens corporativas de Belo Horizonte, promoveu em 2010 o 1o. Fórum Mineiro de Viagens Corporativas, evento de um dia com palestras e debates sobre gestão, tecnologia, práticas, processos e soluções relacionadas ao tema, mostrou na prática que há espaço para eventos deste tipo fora do eixo Rio/São Paulo.

Outras importantes agências de viagens tem se interessado em reproduzir o modelo em suas cidades, como Porto Alegre e Brasília, e, com investimento próprio, divulgar a importância da gestão de viagens corporativas entre as empresas de sua cidade e, ao mesmo tempo, associar sua marca em sua região de abrangência.

Mas será a Costa Brava, de Campinas, a agência a promover um fórum focado no mercado local, o 1o. Fórum Costa Brava de Gestão de Viagens Corporativas, apresentando debates sobre assuntos do interesse de todos os players da sua região, reforçando mais uma vez, a força econômica do interior.

Entre os palestrantes, 3 blogueiros do Panrotas (Viviânne Martins, Sidney Alonso e eu), participarão com apresentações relacionadas às suas áreas de atuação, gestão de viagens, viagens de incentivo e tecnologia para gestão de viagens, respectivamente.

David Neeleman e Pedro Janot, da Azul, Luis Norberto Paschoal, da DPaschoal, Marcio Feitosa, da TX, Antônio Pádua Teixeira, da Fundação Dom Cabral e Antonio Dias, do Royal Palm Plaza, também contribuirão como palestrantes, cabendo aos anfitriões, Mauro e Rubens Schwartzmann, as palestras de abertura e encerramento.

Um evento que promete discussões sobre temas importantes, numa área que está em constante mutação, deverá atrair travel managers, gerentes de procurement, gestores de contratos, especialistas em compras, entre outros profissionais com poder de decisão e formadores de opinião.

Para quem não puder comparecer ao evento, nesta 3a. feira 26/04, no Royal Palm Plaza em Campinas, recomendo acompanhar a cobertura do Portal Panrotas e dos Blogs Panrotas.

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