Com as mudanças ocorridas no mercado brasileiro de agenciamento de viagens nesta década, foi criado um novíssimo ambiente de negócios, no qual as relações comerciais passaram a também sofrer alterações ao longo da evolução do processo.
Até o início dos anos 2000, os fornecedores de viagens (cias. aéreas à frente) eram os grandes pagadores dos serviços prestados pelo agente de viagens, tornando-o parte fundamental de sua cadeia distribuição.
O cliente, pessoa física ou jurídica, via o agente de viagens como parte do serviço da cia. aérea ou do hotel, uma vez que consumia seu serviço, mas o fornecedor era quem o remunerava, se (e somente se) o bilhete aéreo ou hospedagem fosse adquirido.
A relação entre agências e cias. aéreas era quase simbiótica, com os agentes gravitando em torno das cias. aéreas e delas tirando seu principal sustento (as comissões).
Esta relação durou até quando foi interessante para ambos, ou seja, enquanto as cias. aéreas não dispunham de alternativa que julgassem mais vantajosa para distribuir suas reservas.
Com o acordo ABAV/TAM, o cenário começou a mudar, pois o cliente passou a pagar o agente de viagens através da DU, uma taxa destacada do valor do bilhete, que portanto, não sai do caixa da cia. aérea.
Desde então, apesar do tempo decorrido, nosso mercado ainda não processou completamente esta profunda mudança no negócio, justamente pelo fato da DU (hoje RAV) ser paga pelo cliente à cia. aérea, para que esta a repasse ao agente de viagens.
Manteve-se o efeito da mútua dependência, desta vez mais interessante ainda para as cias. aéreas, uma vez que o agente de viagens continua dependente de seu repasse, sem que as cias. aéreas tenham desembolso com a imensa rede de distribuição estabelecida.
Agora, com o início de uma nova realidade (o fim do comissionamento sem envolvimento da cia. aérea no processo de remuneração do agente), novas alterações no marketplace surgirão (já estão surgindo) e cito aqui apenas algumas, aquelas que já consigo perceber:
1 – Os agentes de viagens reduzirão (já estão reduzindo) o foco no fornecedor, que já não o remunera.
2 – Os agentes de viagens intensificarão seus esforços no cliente, pagador do seu serviço.
3 – As cias. aéreas e demais fornecedores manterão relação comercial privilegiada com agências que trouxerem resultados à sua estratégia comercial.
Por isso, penso que haverá um fortalecimento das agências, dos grupos de agências, das associações e entidades que souberem entender e considerar estes 3 itens acima, em seu planejamento estratégico dos próximos anos.
Afinal, num cenário em que a melhor remuneração depende de resultados e o volume de vendas é diferencial importante, sempre prevalecerá a velha máxima de que “a união faz a força”…
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