No segundo dia da NBTA Houston 2010, maior evento de business travel do mundo, assistimos ao Airline CEO Panel, em que o moderador Peter Greenberg, conhecido especialista no assunto, entrevistou Jeffrey Smisek, presidente da Continental Airlines.
Num dia especialmente inspirado, Peter iniciou perguntando qual taxa acessória (ou ancillary fee) o presidente anunciaria hoje para a platéia, já que a Continental tem liderado este movimento de cobrança extra de diversos serviços, antes incluídos no preço do bilhete aéreo.
Jeffrey Smisek, que aparentemente levou sua própria torcida, lamentou frustrar a expectativa de todos, pois não lhe ocorreu anunciar nenhuma novidade nessa área hoje…
Para este NBTA, fizemos excelente viagem pela TAM do Rio para Miami e voamos com a Continental, num voo doméstico, de Miami para Houston.
Como o voo da TAM saiu do Rio e chegou à Miami rigorosamente no horário, pudemos antecipar o voo para Houston, quando então fomos surpreendidos com as cobranças das seguintes taxas (agora acessórias):
– USD 25,00 pela primeira bagagem despachada.
– USD 50,00 para entrar no stand by para o voo anterior ao reservado.

Confesso que pagamos ambas as taxas (por Pax), pois não tínhamos alternativa no caso da primeira taxa e, no caso da segunda, por acharmos que valia a pena tentar antecipar o voo, em especial pelo fato de que não seríamos debitados caso não conseguíssemos embarcar (mas tivemos que acreditar nesta informação prestada pelo atendente da CO no balcão) e antecipar em 3 horas nossa chegada à Houston.
Outro assunto abordado neste painel foi o vultoso investimento, em debate no congresso americano, para a completa renovação do sistema de controle de tráfego aéreo dos EUA, um completo upgrade para uma nova plataforma tecnológica, ou seja, novo hardware, novo software, novas equipes, novo treinamento etc. etc.
Ao ser questionado pela platéia (no que pareceu uma pergunta plantada) sobre o impacto econômico que este novo sistema, batizado Next Generation (ou Next Gen), terá sobre os custos operacionais das cias. aéreas, Jeffrey argumentou não estar preparado para responder por todo o setor aéreo, mas que a CO terá uma economia aproximada de USD 500 milhões por ano, somente com combustível, considerando os cerca de 10% de tempo de voo excedente devido à ineficácia do atual sistema de controle de tráfego aéreo americano…
Na sequência, assistimos ao painel Ancillary fees, the new dirty words, um debate bem humorado (como se houvesse graça nisso), sobre esta novíssima estratégia das cias. aéreas, com a participação de diversos players envolvidos neste novo processo.

Pelas cias. aéreas, novamente estava lá a Continental Airlines, desta vez representada por Dave Hilfmann, Worlwide Sales VP, que foi categórico ao afirmar que, antes de implantar a estratégia das taxas acessórias, “nós tentamos subir as tarifas, mas as reservas começaram a desaparecer…”
Explanando suas razões de forma natural, explicou que “então passamos a cobrar por serviços que não estão necessariamente vinculados ao transporte aéreo… e o que aconteceu? Não perdemos nenhum cliente por isso”, arrematou.
Dave argumentou ainda, perguntando à platéia: “Por que um passageiro que não despacha bagagem, não altera a reserva, não seleciona assento, não consome um lanche quente ou uma bebida alcoólica durante o voo, deve gastar o mesmo que outro passageiro que utiliza todos esses serviços acessórios?”

Debatendo com a CO, estavam representantes do Sabre, Concur, Airline Report Corporation e Air Plus International, que insistiram na necessidade da padronização dessas taxas acessórias, como forma de permitir o registro pelos sistemas e o adequado report das despesas, que tendem a crescer e que certamente necessitarão de uma gestão mais apurada, quando se tratar de viagem corporativa.
Já em 2009, as taxas acessórias geraram USD 7,8 Bi de receita para as cias. aéreas, o que significou mais de 20% do revenue de toda a indústria de aviação norteamericana.
Para que esta montanha de dinheiro seja adequadamente reportada e gerida, em especial quando se trata de viagem à trabalho, foram apresentadas as taxas mais utilizadas até agora: troca de voo, internet a bordo, bagagem despachada e escolha de assento lideram esta lista.
Defendendo a infinita criatividade das cias. aéreas, em especial da CO, no estabelecimento de taxas acessórias, Dave afirmou que “as empresas de tecnologia não vão definir os padrões da indústria, pois não são eles que geram o produto, mas sim as cias. aéreas. Os GDS e os sistemas integradores certamente serão capazes de se adaptar aos novos serviços criados pelas cias. aéreas, sejam taxas acessórias ou quaisquer outros”.
Não satisfeito com seu discurso contundente e com as perguntas da platéia que dirigiam o debate para o mesmo tema da padronização das taxas acessórias, Dave concluiu que “é necessário que o mercado corporativo entenda isso: as cias. aéreas tem os GDS como fornecedores, mas não serão eles que definirão os rumos da indústria de transporte aéreo. Nós o faremos”.
Durante o almoço, uma entrevista com Sir Richard Branson, Chairman e CEO da Virgin, mega holding que controla suas 300 empresas de variados ramos da economia, mas todas com uma visão em comum…
Sobre esta visão única e sobre como Sir Branson nos recebeu pessoalmente num evento no final deste mesmo dia, quando abordou temas como a estratégia de investimentos em turismo espacial, trataremos no próximo post…

Até lá…
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