Explanação rebuscada…

No post anterior Agência e sistema: global ou local?, recebi um comentário de meu amigo Rocco Laieta, tão direto quanto verdadeiro, afirmando que eu “rebusco” muito a explanação e utilizo muitas siglas, nem sempre de domínio geral, às vezes dificultando um pouco a compreensão do que realmente desejo transmitir.

Admiti imeditamente o acerto de sua opinião e tentei corrigir-me, explicando o significado das siglas que eu havia incluído no texto, sem a devida “tradução” e prometi postar uma espécie de glossário de siglas e termos, alguns técnicos e outros comerciais, relativos ao mercado de turismo e de viagens corporativas.

Agradeço ao Rocco pela franqueza e, após contar com a ajuda do Rubens Falcão, outro amigo estudioso do assunto, apresento aqui, sem a menor pretensão de ser conclusivo ou mesmo de buscar precisão nas descrições, o GTR (Glossário de Termos Rebuscados), com algumas descrições de expressões que fazem parte do dia-a-dia de quem lida com distribuição, tecnologia e viagens corporativas.

ABGEV: sigla de “Associação Brasileira de Gestores de Eventos e Viagens Corporativas”, que é a associação, de abrangência nacional, que reúne gestores de viagens corporativas de empresas, agências, sistemas e fornecedores em geral.

ABRACORP: sigla de “Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas”, que é a associação, de abrangência nacional, que reúne agências de gestão de viagens corporativas.

AGV: sigla de “Agência de Gestão de Viagens”, também conhecida como TMC (Travel Management Company), que é a empresa especializada em gestão de viagens corporativas, responsável pelo atendimento, reservas, comercialização e gestão dos serviços de viagens para empresas de todo porte.

AIR-SHOW: informações sobre o voo que aparecem nos monitores dos aviões modernos, contendo orientações sobre distâncias, duração do voo, entre outras.

ALL-INCLUSIVE: hotel em cuja diária estão incluídas todas as despesas, tais como bebidas, refeições, café da manhã, almoço, jantar, refeições intermediárias e entretenimentos, prática oferecida em alguns hotéis voltados para turismo.

BACK-OFFICE: sistema de gestão financeira de agências de viagens.

BED & BREAKFAST: hotel que oferece somente o quarto e o café da manhã, sem qualquer outro tipo de serviço ou entretenimento.

BOARDING PASS: cartão de embarque.

BUSINESS CLASS: classe executiva.

CAV: sigla de “Controle de Adiantamento de Viagens”, que é o recurso oferecido por sistemas de gestão de viagens corporativas, que permite à empresa fazer a gestão da verba adiantada ao colaborador em sua viagem corporativa.

CHARTER: tipo de fretamento em que todos os lugares do meio de transporte são comprados por uma operadora de turismo, para serem revendidos em pacotes ou diretamente.

CHECK IN: verificação de entrada no hotel ou de embarque no aeroporto.

CHECK OUT: verificação de saída no hotel ou desembarque no aeroporto.

ECONOMY CLASS: classe econômica.

FIRST CLASS: primeira classe.

FREE SHOP: loja livre de impostos situada em área restrita dos aeroportos, acessada por passageiros em embarque e desembarque de voos internacionais.

GDS: sigla de “Global Distribution System”, que são sistemas multinacionais concentradores do inventário de serviços (disponibilidade, tarifas, reservas, emissão etc.), contratados pelas cias. aéreas, hotéis e outros fornecedores de serviços de viagens e turismo, para distribuição de reservas aos agentes de viagens.

INTEGRADORES: sistemas concentradores do inventário de serviços (disponibilidade, tarifas, reservas, emissão etc.), contratados pelas agências de viagens e empresas clientes, para conexão direta aos serviços das cias. aéreas, hotéis e outros fornecedores de serviços de viagens e turismo.

INTERNET: rede mundial de computadores, também conhecida como “Web”.

LATE CHECK OUT: quando o hóspede pretende deixar o hotel após o horário estabelecido para a saída.

NO-SHOW: não comparecimento de hóspede ou passageiro, com reserva confirmada, que não efetuou o cancelamento dentro do prazo da reserva, usualmente ensejando cobrança de multa.

ONLINE: todo tipo de comunicação, transação e/ou transmissão de dados em tempo real, realizada entre sistemas computacionais.

OTA: sigla de “Online Travel Agency” e a agência de viagens online.

OVER-BOOKING: excesso de reservas para um mesmo serviço, acima de sua capacidade máxima.

PAX: denominação internacional para Passageiro.

PEDIDO: unidade de serviço reservado através de sistemas integradores.

PNR: sigla de “Passenger Number Record”, que é a unidade de reserva através de GDS.

ROOM SERVICE: serviço de atendimento de pequenas refeições no quarto do hotel.

SBT: sigla de “Self Booking Tool”, que é o sistema de autoreserva, também denominado OBT (Online Booking Tool) e mais conhecido no Brasil como Sistema de Gestão de Viagens Corporativas.

SELF BOOKING: processo de autoreserva em que o próprio cliente realiza suas reservas, conectado aos sistemas de cias. aéreas, hotéis e outros fornecedores de serviços de viagens e turismo.

SELF TICKET: ou self-ticketing, processo de autoemissão em que o próprio cliente emite os serviços de viagens, conectado aos sistemas de cias. aéreas, hotéis e outros fornecedores de serviços de viagens e turismo.

SLA: sigla de “Service Level Agreement” que é o acordo de nível de serviço que define os níveis mínimos de qualidade do serviço prestado por um fornecedor, a partir de indicadores e métricas.

STAND BY: lista de espera para ocupação e uso de um determinado serviço, sujeito a reservas.

SITE: um conjunto de páginas “html” que compõem a presença eletrônica de uma determinada pessoa jurídica na internet, as quais estão vinculadas a um determinado endereço eletrônico e a um domínio, que é o nome do “site” registrado nos organismos autorizados, também denominado portal, “home page” ou página na internet.

TMC: sigla de “Travel Management Company”, também conhecida como AGV (Agência de Gestão de Viagens), é a empresa especializada em gestão de viagens corporativas, responsável pelo atendimento, reservas, comercialização e gestão dos serviços de viagens para empresas de todo porte.

UP-GRADE: melhoria de nível para um determinado serviço contratado.

VOUCHER: comprovante de pagamento antecipado de hotel, locação de carro, seguro viagem ou passagem aérea.

WALK IN: quando o passageiro chega ao hotel sem reserva.

WALK OUT: ou “Express Check Out” é quando o passageiro deixa o hotel sem realizar o processo usual de “check out” na recepção.

WWW: sigla de “World Wide Web”, que significa “rede de alcance mundial”, também chamada resumidamente Web ou Internet.

Agência e sistema: global ou local?

As grandes corporações vivem um verdadeiro conflito quando se encontram na situação de decidir a contratação de um sistema de gestão de viagens corporativas (ou self booking tool) para controlar sua política de viagens, agilizar processos e reduzir custos.

Ou escolhem um sistema local, desenvolvido para o mercado do país em que ele será utilizado, que atende as funcionalidades requeridas pela organização ou selecionam um sistema global, que pode não entregar soluções customizadas e específicas daquele mercado, por seguir padronização mundial, a despeito de atuar em países com mercados tão diferentes como EUA e China, Israel e Turquia, Paquistão e Brasil.

Similar problema ocorre na contratação da agência de gestão de viagens, pois apesar da grande experiência e alto nível de cumprimento de SLAs das travel management companies, frequentemente as agências locais são as contratadas, por entregarem um serviço mais ágil e personalizado, com o mesmo SLA e expertise da TMC.

Com um sistema desenvolvido e operado no Brasil, nossa experiência em desbravar o mercado externo tem nos mostrado o valor do velho conceito, praticado por multinacionais inovadoras, que visam o resultado de suas ações acima de tudo: pensar globalmente e agir localmente.

Assim fez a Cargill Agrícola S.A., quando em 1995 ousou contratar no Brasil um “novo entrante” num mercado de gigantes e hoje, 5 anos depois, inovou outra vez ao recontratar este mesmo sistema, agora como líder de mercado, para a primeira implantação fora do país.

Neste caso, uma vez mais fugindo à regra, a Cargill pensou globalmente e agiu regionalmente.

E acertou outra vez.

Quem tem medo do GDS? Airline Distribution (2)

No segundo dia do Airline Distribution 2010, evento anual sobre distribuição para cias. aéreas, este ano no JW Marriott (Rio de Janeiro), o debate Global Perspectives on Travel Agents and GDS foi o destaque.

Jim Davidson, CEO da Farelogix, empresa integradora de conteúdo e provedora de soluções, foi categórico ao analisar a estratégia de conexão direta sem GDS, também chamada direct connect (ou DC) das cias. aéreas, em todo o mundo, e afirmou:

– DC não é by pass de GDS, mas um serviço complementar
– DC permite à cia. aérea controlar melhor a oferta de seu produto
– DC permite monitorar melhor quem está comprando seu produto
– DC gera oportunidades, melhores serviços e maiores negócios

Em resposta, Chris Wilding, VP do Sabre, concordou “em parte” com Jim e lembrou que o Sabre oferece tecnologia para DC há muitos anos, conectando diversos players, agências, consolidadores, OTAs, sistema integradores e provedores de soluções, pois para o Sabre, “DC é conectar uma ponta a outra”…

“As agências de viagens online fazem muito marketing grátis para as cias. aéreas”, explicou Chris, informando que, de cada 10 consultas à OTAs que geram emissão de tickets, 7 são emitidos em portais de cias aéreas. Ou seja, o cliente pesquisa nas agências de viagens online, pois elas agregam todo o conteúdo (GDS e não GDS), e depois acessa o portal da cia. aérea com o menor preço, ou com o horário desejado, para emitir o bilhete.

Curioso como esta questão de usar ou não usar o GDS ainda permeia debates mundo afora, quando tudo é uma questão do custo da segmentação. Como sentenciou Michael Schmeltzer, diretor da USAirways, a questão em jogo não é o full content, mas sim o custo da distribuição. No fundo, o que o consumidor deseja é comparar as opções, de forma prática e amigável.

Na realidade, apesar da força de penetração dos GDSs, não tem sido bem sucedidas as tentativas de fazer com que as cias. aéreas mantenham estratégias padronizadas de distribuição, como ocorreu no século passado. Com as novas tecnologias e as infinitas oportunidades de distribuição geradas pela internet, as cias. aéreas não seguirão um mesmo padrão de distribuição, pelo simples fato de que o consumidor deseja acessar seu produto de diversas formas diferentes.

Sob este ponto de vista, o GDS não é mais o “bicho papão” da distribuição, pois deixou de ser o único fornecedor. Como afirmou o Gonzalo, da Pluna, a cia. aérea pode ter um bom web site, mas o consumidor deseja comparar cias. aéreas concorrentes em um mesmo ambiente.

Por isso, agora o foco de preocupação das cias. aéreas com relação à distribuição são as agências de viagens online ou OTAs. Devido ao seu potencial crescimento no mercado, elas podem se tornar o novo hub da distribuição para as cias. aéreas.