A QUEDA DO POSTE

“Serei carta fora do baralho”.

Com este vaticínio, Dilma finalmente acertou…

Tal e qual um profeta, ela conseguiu antecipar seu próprio futuro, habilidade que nunca demonstrou ter durante os 64 meses que esteve à frente dos destinos da nação.

Alguém me perguntou o motivo do Temer também não ter sido impedido e, após as explicações regimentais, afirmei que o “impeachment” não é propriamente um julgamento, mas um processo eminentemente político.

A motivação pode ser corrupção, crime de responsabilidade ou outra, mas o que realmente leva o “impeachment” a superar o passo-a-passo burocrático dos discursos, embates e votações (nas Comissões, na Câmara, no Senado etc) é mesmo a pura vontade política oriunda do clamor das ruas.

Somente crime de responsabilidade (ou corrupção) não é suficiente. Somente vontade política também não é suficiente. A vontade das ruas isoladamente também não resolve a parada.

Dilma será impedida por ter conseguido a proeza de unir esses 3 ingredientes numa panela só (não, o panelaço não vem dessa analogia), associado a um quarto ingrediente, um baita tempero, que apimentou o caminho para o processo: a sua conhecida incompetência serial.

– Incompetência de origem: aceitou Lula compará-la a um poste e permaneceu comportando-se como um.

– Incompetência no discurso: quando leu, errou a leitura, quando improvisou, falou absurdos, quando não sabia, gaguejava, quando achava que sabia, chocava com seu pensamento caótico.

Poucos presidentes brasileiros deixaram um legado de tantas frases e pensamentos para a história...
Poucos presidentes brasileiros deixaram um legado de tantas frases e pensamentos para a história…

– Incompetência política: errou nomes de ministros, ignorou deputados e senadores, desrespeitou partidos inteiros, esqueceu de combinar com os aliados, maltratou os não-aliados.

– Incompetência estratégica: absorveu o papel de presidente submissa a um ex-presidente que tinha projeto de retornar ao poder.

– Incompetência de gestão: conseguiu destruir, em um mandato, tudo o que Lula colheu de resultados do que foi plantado desde o Plano Real de Itamar Franco.

A política brasileira é engraçada, é mesmo o retrato de nosso povo e, por isso, Dilma ainda posará de vítima, de coitada, de perseguida.

Como brasileiro prioriza o mais fraco (torcemos para o lutador que está perdendo), valoriza a pobreza (achamos que ser rico é sinônimo de ser ladrão), acalenta o perdedor (choramos com as quedas que nos tiram a medalha de ouro), é bem possível que Dilma ainda venha posar de vítima, de coitadinha, de injustiçada.

Dilma abatida atinge Lula mas não o anula
Dilma abatida atinge Lula mas não o anula

E será muito importante a manutenção de toda a mobilização popular, pois o poste de Lula estraçalhou o futuro de uma geração inteira, mas haverá ainda quem vote no sujeito em 2018.

Quem viver verá…

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TECNOLOGIA X EMPREGO

O lado mais perverso da crise não é a redução do poder aquisitivo do consumidor, nem o crescimento do endividamento das famílias, tampouco a perda da auto-estima do povo brasileiro, tão em alta há menos de dez anos.

O pior resultado da crise, e gerador das mazelas que citei acima, é decorrente da perda de confiança do empresário, do desinteresse do investidor, do desestímulo ao empreendedor: o desemprego.

Para agravar a situação, há a evolução do comportamento social em relação à aderência às novas tecnologias, que leva ao desenvolvimento e aplicação de processos substitutos a atividades antes realizadas exclusivamente por profissionais.

O resultado é mais desemprego, só que, neste caso, para uma leva de atividades em processo de substituição existe uma outra leva (talvez maior) de novas profissões, novos cargos, novos empregos, os quais infelizmente tendem a gerar oportunidades para novos entrantes no mercado de trabalho.

Veja a outrora importante profissão de bancário, antigamente um profissional especializado no atendimento ao correntista, cuja capacitação incluia noções de mercado financeiro, prática de processos bancários, legislação financeira, regulamentações e normativas do Banco Central, atendimento interpessoal, entre outras especializações.

E o que aconteceu com este profissional?

As possibilidades geradas pelas novas tecnologias reduziram a importância crucial que a categoria profissional dos bancários, um dia, exerceu sobre a economia, ao ponto de ninguém mais preocupar-se com a greve dos bancários, uma vez que todos os principais serviços dos bancos permanecem disponíveis na internet e, na maioria das situações, também através dos caixas eletrônicos durante as paralisações dos funcionários.

O sistema financeiro evoluiu a partir dos serviços prestados pelos bancários
O sistema financeiro evoluiu a partir dos serviços prestados pelos bancários

O fato é que a entrada de milhares de startups de tecnologia no mercado financeiro está transformando completamente a empregabilidade neste segmento, conforme acentua matéria da TI Inside:

Automação e expansão das “fintechs” devem levar à substituição de 1 em cada 3 bancários

O processo de substituição do emprego é tão disruptivo no mercado financeiro, que os grandes bancos mundiais preparam-se para enfrentar a concorrência das empresas de tecnologia, Apple e Google à frente, caso essas empresas sejam licenciadas como instituições financeiras, podendo então migrar da posição de intermediários de bancos tradicionais para protagonistas do mercado financeiro, ainda o grande hub da economia mundial.

A tecnologia vem substituindo o emprego dos bancários e no futuro poderá substituir os próprios bancos...
A tecnologia vem substituindo o emprego dos bancários e no futuro poderá substituir os próprios bancos…

O resultado disso não será outro senão o que já assistimos todos os dias: sai o profissional do atendimento individualizado e entra o especialista em automação de processos (no sentido mais amplo do termo).

Qualquer semelhança com o mercado de viagens e turismo não é mera coincidência (abordaremos este tema de forma mais específica em breve).

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GRAÇAS A DEUS EXISTE SÃO PAULO

Que os cariocas me perdoem, mas São Paulo é quem está segurando a última corda do Brasil pendurado no poço…

Refiro-me aos cariocas porque além de estar entre as três maiores forças produtivas do Brasil, o Rio está recebendo vultosos investimentos em infraestrutura para um megaevento este ano, mas que, ao que tudo indica, deixará um legado de 60 mil desempregados após o término das obras para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e pelo menos 60 mil (coincidência) quartos de hotel para serem ocupados diariamente.

Antes das reações bairristas, lembro que sou carioca da gema, nascido no Lins, morador da Tijuca e da Barra da Tijuca (dirão que a Barra não é no Rio, mais bairrismo…) e amo minha cidade, dificilmente viveria em outro lugar por opção.

Mas é em São Paulo que as coisas acontecem no Brasil, é a cidade mais produtiva e cosmopolita do país, onde encontram-se trabalho, ensino, esporte, cultura e qualidade de vida, tudo em abundância e equilíbrio no mesmo lugar, incluindo os principais eventos de tecnologia no Brasil.

Para se ter uma ideia, o portal Eventbrite listou os 43 principais eventos de tecnologia no Brasil em 2016, focados em empreendedores, desenvolvedores e profissionais de social media, uma sucessão vertiginosa de circuitos, conferências, congressos, demos, exposições, feiras, festivais, fóruns, imersões, parties, shows, simpósios, summits, weeks, weekends, workshops, entre outros nomes, criativos ou não, para agregar profissionais e interessados em torno do mesmo objetivo.

Desses 43 eventos, 35 ocorrem ou têm edição na cidade de São Paulo, incluindo os 3 maiores e mais importantes:

Campus Party
(Janeiro – 8 mil participantes)
Maior evento de internet do mundo

Fórum Ecommerce Brasil
(Julho – 7 mil participantes)
Maior evento de e-commerce da America Latina

Futurecom
(Outubro – 14 mil participantes)
Maior evento de TI da America Latina

São quarenta e três grandes eventos relacionados ao mercado de tecnologia, uma quantidade que nos faz reconsiderar a máxima de que “temos eventos de turismo demais no Brasil”.

Será que temos mesmo muitos eventos de turismo ou nossos eventos de turismo é que estão muito parecidos, com o conteúdo girando sempre em torno dos mesmos temas, ano após ano, evento após evento, além dos formatos repetitivos baseados na dupla estandes/palestras (seja lá o nome marqueteiro que se dê a isso).

Não, eu não tenho a fórmula do sucesso, mas sei que a mesmice não funciona mais e, por isso, mais do que nunca, inovar é preciso.

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