O tal post com a chamada que incomodou alguns amigos, publicado aqui há 2 semanas, ainda rende sequências como esta, cujo título, também inspirado em dito popular, significa, segundo o dicionário informal da web, “querela envolvendo duas ou mais pessoas importantes ou poderosas”.
Dessa vez, escolhi este título pela natureza canina da agressividade comercial do novo jogador neste tabuleiro da distribuição fragmentada, e espero que não seja tachado de sensacionalista ou polêmico e nem fira susceptibilidades (nas crises, até profissionais tarimbados ficam muito sensíveis).
O FATO
O fato é que a Trend também vai consolidar aéreo, seja através de parceria, joint-venture ou voo solo (saberemos amanhã qual o modelo de negócio) e não estou aqui antecipando nada, nem dando nenhum furo de reportagem, o tema já foi sugerido pelo tal post citado acima (em sua última frase, para bom entendedor) e pela nota do Panrotas de sexta-feira, 04/09/15.
Cabe agora tão somente uma análise sobre qual impacto este movimento trará ao tabuleiro, sob a ótica comparativa da entrada dos consolidadores de bilhetes aéreos na distribuição de hotéis versus a entrada da Trend (que poderá puxar outros) na consolidação de bilhetes aéreos e operação de pacotes (hotel+aéreo), tal e qual uma operadora turística.
Alguém poderá dizer: “Ora, pra quê abordar isso agora? Basta aguardar o anúncio do Luppa, programado pra amanhã, pra saber o que vai acontecer”.
Após 09/09, este texto terá perdido o sentido, que é prospectar um movimento provável, ainda não confirmado, e analisar seus possíveis efeitos no mercado de viagens e turismo brasileiro.
A ANÁLISE
Após refletir sobre tudo isso que está acontecendo, percebe-se que a consolidação de reservas hoteleiras é um segmento sem forte barreira de entrada, o que significa que uma empresa consegue iniciar um trabalho de distribuição capilar de hotelaria a partir de alguns recursos, tecnologia adequada, bons acordos com os hotéis e relacionamento com a base de clientes agências de viagens e, justamente por isso, brotaram tantas empresas oferecendo distribuição hoteleira nos últimos 10 anos.
É um bom negócio, apesar do oceano vermelho em que se encontra (tubarão engolindo tubarão, enquanto novos cardumes aparecem) e que, por isso mesmo, marca, experiência e confiança são ativos importantes no jogo.
Já a consolidação de bilhetes aéreos apresenta algumas barreiras de entrada, pois além de todos os mesmos itens acima, a base de crédito sobre a qual este negócio foi construído requer forte capitalização, bem como um alto nível de relacionamento comercial com as cias. aéreas, compatível com a relação de confiança que as grandes corporações concedem às suas representações comerciais.
É um negócio melhor ainda, onde os poucos tubarões buscam diversificar fazendo incursões em outros mares, afinal, olhado de cima, tal e qual os oceanos, o mercado de viagens e turismo é um só e, na consolidação, marca, experiência e confiança também são ativos importantes no jogo.
A CONCLUSÃO
Portanto, esses novos “players” na distribuição hoteleira, por maiores que sejam em sua principal área de atuação, provavelmente representarão alguma diluição neste grande mercado, já muito fragmentado e diluído entre algumas dezenas (ou centenas) de empresas, nacionais e internacionais, que operam e distribuem hotéis no Brasil.
Já a entrada da Trend (como “first mover”) na consolidação de bilhetes aéreos, conjugada ou não com a distribuição hoteleira, poderá significar no médio prazo, algum rearranjo no mapa de forças deste mercado, considerando a menor quantidade de empresas consolidadoras, decorrência da forte concentração desta atividade entre uma a duas dezenas de companhias.
A APOSTA
Diante de tantas incertezas, fica a aposta que ouvi em São Paulo:
– Será que a consolidadora da Trend já nascerá associada à AirTkt?
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