No início dos anos 2000, a TAM contratou o Sabre para desenvolver um sistema que, a princípio, parecia autofágico para o modelo de distribuição dos GDS: o E-TAM, um projeto que alinhava-se com a iniciativa disruptiva de outras cias. aéreas brasileiras, como a Gol, a Varig, a Vasp e a Transbrasil.
Todas desejavam reduzir substancialmente seu custo de distribuição e viram na tecnologia dos webservices a janela de oportunidade para este movimento, também utilizada por centenas de outras cias. aéreas em todo o mundo.
E as cias. aéreas moveram o mundo com este objetivo, numa guerra muda (ou nem tanto) com os GDSs, que culminou com o surgimento de um novo e também gigantesco mercado de tecnologia de distribuição, embora pulverizado entre centenas de novos players em todo o mundo.
Desde 2009, a inesperada mudança do hosting da TAM, do Sabre para o Amadeus, um projeto complexo que mexeu com todo o mercado de distribuição, em especial no Brasil, provocou diferentes conjecturas sobre algo que justificasse aquele movimento.
– “Esta mudança foi realizada com propósitos comerciais”, diziam alguns.
– “A motivação foi meramente estratégica”, garantiam outros.
Hoje, imagino que a real motivação, na época, foi mesmo estratégica: sinalizar que, por maior esforço que possa ser necessário para uma mudança deste tipo, a empresa aérea o fará, caso não obtenha um acordo comercial que julgue razoável e que a mantenha com a percepção de controle sobre a distribuição do seu produto.
Hoje, cerca de 5 anos depois (neste caso, um piscar de olhos), a Latam, nova controladora da TAM, decidiu retornar ao hosting Sabre, unificando no GDS americano todas as cias. aéreas do grupo, encerrando (por ora) uma disputa comercial (ou estratégica) entre Sabre e Amadeus.
Não tenham dúvida: todo o mercado de tecnologia de distribuição se mexerá, muito, outra vez, pois a troca de hosting de uma empresa aérea com o porte da TAM não é realizada no modelo “plug and play”, como quem apaga uma luz e acende outra com um interruptor…
Mas será feito, todas as empresas de tecnologia brasileiras o farão, sem nenhuma dúvida, e o farão dentro do prazo, considerando que haverá um cronograma possível, que considere que este não é mais um novo mercado povoado de “startups”, mas uma teia capilar de distribuição, que opera de forma interdependente, e que é responsável pela maioria absoluta das reservas produzidas por agentes de viagens e por passageiros diretos.
O ano de 2015 já mostrou ao que veio, em termos de dificuldades e desafios, o que sugere para este caso, um projeto de transição bem planejado, que minimize riscos, que garanta cada PNR gerado, que no final das contas, não se transforme em “plug and pray”.
Estamos prontos pra começar !
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Obs.: O título deste texto foi inspirado no post que detém o recorde de visualizações e leitura (entre os 3 textos mais comentados) do Blog Distribuindo Viagens, publicado em 26 de julho de 2010. Para relembrar este texto, escrito no ambiente de distribuição de 5 anos atrás, clique em GDS: A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM…
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