Postei há alguns dias sobre o cenário político e econômico que estamos vivendo no Brasil e terminei com uma frase que incomodou alguns, mas agradou outros tantos, pelo mesmo motivo: fui crítico e sincero…
A frase não tem nada de especial, mas aplica-se como uma luva ao ambiente corporativo do mercado de viagens e turismo brasileiro:
“Sou um otimista incorrigível, mas diante do atual cenário, não me peçam para enfiar a cabeça num buraco e fingir que está tudo bem…”
Neste meio tempo, entre este post publicado no início de março e agora, muita coisa andou, a operação Lava-Jato deslanchou, as manifestações “anti-tudo-que-está-aí” (sem liderança mas com agendamento prévio e hora marcada para começar e para terminar), se tornaram frequentes, outros escândalos de corrupção foram deflagrados, o PT continua defendendo a tese de que a corrupção sempre existiu (como se isso o eximisse de responsabilidade pelo lamaçal recorde do atual governo), o ministro do Turismo enfrenta seu doloroso calvário, o Forum Panrotas comprovou que mesmo o que está ótimo, pode ser melhorado, e os empresários brasileiros de viagens e turismo, preocupados com a imagem de suas empresas, continuam anunciando vitórias e perspectivas alvissareiras para um ano que começou com inflação e desemprego crescentes, PIB e balança comercial descrescentes…
“Alguém não está vendo o óbvio”, diria Nelson Rodrigues. “Aceitar o óbvio nos compromete com a triste realidade”, diria Sartre (ou Simone de Beauvoir?).
O fato é que diante de tantas incertezas (hoje parecem certezas), muitas empresas estão demitindo, outras reduzindo investimentos e quase todas cortando despesas de toda ordem, mas o nosso “trade” segue dando boas notícias, prevendo crescimento e antecipando bons resultados, ao mesmo tempo em que anuncia “promoções especiais”, “câmbio congelado” e “descontos de fim de semana”, entre outras ações corriqueiras para desovar estoques.
A questão aqui é por quanto tempo será possível simular que a crise econômica não está impactando os negócios?
Não estou defendendo aqui uma atitude pessimista do empresariado, ou de estagnação frente à desaceleração do apetite dos consumidores, longe disso, mas o momento requer um comportamento que aproxime os fatos da realidade.
Deixar de falar da crise política e econômica, fingindo ignorá-la, não nos livrará dela.
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