CONHEÇA O “MANUAL DO COMPRADOR”…

É raro, mas de vez em quando, posto aqui texto de outros autores se, e somente se, identifico no texto 1) alguma sintonia com a minha opinião sobre o tema e/ou 2) sua abordagem tenha algo a ver com o momento que vivemos.

O texto abaixo é um caso 2), tudo a ver com o momento esdrúxulo que vivemos, de completa inversão de valores, em que as pessoas sabem o preço de tudo, mas não sabem o valor de nada…

“Vender não é uma tarefa fácil. Oferecer seu produto a clientes em potencial e efetivar a venda é um dos principais objetivos de uma organização (se não o principal), pois sem esta ação aparentemente simples não há faturamento. Sem faturamento, não há empresa.

Diversos obstáculos opõem-se a concretude deste objetivo, incluindo restrições orçamentárias, produtos concorrentes e custos de divulgação. Como se não bastassem estes obstáculos, alguns clientes incluem em suas políticas de compra regras eticamente questionáveis.

Relações ganha-ganha entre cliente e fornecedor trazem resultados ao longo prazo, através de uma relação duradoura. Porém, a postura de algumas grandes redes varejistas no Brasil é a de focar um ganho maior no curto prazo, utilizando seu alto poder de barganha para manter uma relação conflitante com seus fornecedores, espremendo ao máximo o vendedor.

O “Manual do Comprador” a seguir é um resumo extraído de uma grande rede de supermercados que alegadamente o usa para treinar seus compradores. A disposição de cooperação para a criação de resultados conjuntos parece que ficou de fora do manual…

MANUAL DO COMPRADOR – LEIA COM ATENÇÃO
(Os comentários entre parênteses são do autor)

1. Nunca demonstre simpatia a um vendedor, mas diga que é parceiro.
(Trabalhar em um clima hostil deve ser motivante)

2. Considere o vendedor como inimigo número 1.
(O que sobra para o concorrente?)

3. Jamais aceite a primeira oferta, deixe o vendedor implorar, isto dá margem a maior barganha para nós.
(Sabendo disto, já iremos preparados, com o preço mais alto, para baixarmos depois)

4. Quando o vendedor dá facilmente ou pede para ir ao banheiro ou telefonar e vem com a aprovação, considere que o que ele está dando já poderia ser dado. Peça mais.
(Ótimo, vou colocar mais margem aqui e ficar mais na defensiva)

5. Não faça concessões sem contrapartida.
(OK, OK, vou fazer o mesmo)

6. Não tenha dó do vendedor, jogue o jogo dos “maus”.
(Agora fiquei com medo)

7. Não hesite em usar argumentos, mesmo que sejam falsos, por exemplo: o concorrente do vendedor sempre tem a melhor oferta, maior giro e maior prazo.
(Tá valendo mentir? Pensei que tivéssemos uma relação honesta)

8. Mantenha-se repetindo as mesmas objeções mesmo que sejam absurdas e de tanto repetí-las o vendedor acaba acreditanto.
(Também vou colocar as minhas objeções absurdas e com insanidades vamos acabar os dois loucos)

9. Desestabilize o vendedor, exigindo coisas impossíveis. Ameace romper a negociação a qualquer momento. Deixe-o esperando. Marque horário e não cumpra. Faça outro vendedor passar à frente dele. Ameace tirar os produtos dele de linha. Dê pouco tempo para ele se decidir. Faça cálculos mesmo que sejam falsos. O vendedor acaba dando mais.
(Agora gostei. É pra faltar com o respeito mesmo)

10. Se o vendedor demorar para dar a resposta, diga que fechou com o concorrente dele. Assim ele fará mais concessões.
(E se eu descobrir que você não fechou com o concorrente? Vai perder credibilidade…)

11. Evite que o vendedor fique lendo nossas informações no visor. Quanto mais desinformado o vendedor for, mais ele acreditará em nós.
(Vão me colocar um tapa-olho de cavalo quando eu entrar na loja?)

12. Finalmente não se esqueça da regra de ouro de um bom comprador:

“Não perca tempo com vendedores profissionais, invista seu tempo no vendedor despreparado, não se assuste com grandes marcas (por trás de uma grande marca, pode estar um vendedor despreparado que só conta com a marca), invista seu tempo no vendedor que não faz cálculos, que cede facilmente, que quer entrar ou tem medo de sair da rede.”

Consigo compreender (porém não aceitar os itens que extrapolam os limites éticos, como mentir) que supermercados utilizem estratégias como essa para comprar tomates e abacaxis.

Porém, a coisa começa a ficar interessante quando estas mesmas políticas são utilizadas para comprar serviços de TI…”

Autor: Paulo Krieser

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PRIVATIZAR PARA SALVAR

Não vejo outra solução para a Petrobrás.

Quem confiará que, após saneada (embora não estejamos assistindo qualquer ação concreta neste sentido), a Petrobrás retomará o rumo da eficácia operacional, da produção crescente e da lucratividade, se continuar nas mãos do governo?

No final do ano passado, muita gente pensou em investir em ações da Petrobrás “para aproveitar a baixa”…

Quem entrou nessa, perdeu duplamente, pois, como se sabe, as ações continuaram ladeira abaixo, bem assim as perspectivas de uma companhia petrolífera, que despencou da posição de 8a. para 180a. maior empresa em todo o mundo, queda ocorrida em menos de um ano, devido à gestão fraudulenta, corrupção de todo tipo e desmandos cometidos nos últimos 10 anos.

Francamente, não dá mais pra seguir levando nas costas o peso de empresas públicas (ou sob controle estatal) que deveriam ser privadas.

Nada de neologismos como “alienar ativos” ou “capitalizar a companhia”, o que a Petrobrás precisa é ser privatizada e, para um processo comp este, serão necessários, seguramente, uns 2 a 3 anos, se não mais…

O fato é que está passando da hora de começar.

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NEM TUDO CAI NO ATUAL DESGOVERNO

Ante um cenário de quedas acentuadas (do PIB, do superavit primário das contas públicas e da arrecadação tributária), algum desavisado poderá acreditar que trata-se de um momento pontual, apenas um soluço dos indicadores econômicos brasileiros ou “uma onda que vai passar”.

Ao observarmos mais de perto, verificamos que nem tudo caiu, alguns indicadores estão efetivamente subindo:

Inflação está subindo
– Já é a maior desde 2003

Dólar está disparando
– R$ 3,00 é a maior cotação nos últimos 10 anos

Importações estão aumentando
– Deficit de USD 4,95 Bi na balança comercial

Desemprego está crescendo
– 81.000 vagas desapareceram somente no mês de janeiro

Parece bem ruim, não é?

Mas o governo federal parece estar trabalhando arduamente para piorar o quadro econômico ainda mais e, por isso, estabeleceu medidas sucessivas de arrocho econômico e aperto fiscal, tendo aumentado só neste início de ano:

– o imposto sobre a folha salarial

– o preço da energia elétrica

– o preço dos combustíveis

Até agora não vi qualquer ajuste do governo nas contas públicas, apenas aumento de tributos…

Como para toda ação há uma reação (igual ou aparentemente maior) em sentido contrário, já caíram:

– a confiança do consumidor, do eleitor e do empresariado

– a confiança dos investidores e da comunidade internacional

– os investimentos das empresas brasileiras e das multinacionais

– os investimentos do próprio governo no PAC e em programas sociais

Como nada está tão ruim que não possa piorar, aguardemos o que ainda vem por aí em 2015, que está só começando.

Obs.: Sou um otimista incorrigível, mas diante do atual cenário, não me peçam para enfiar a cabeça num buraco e fingir que está tudo bem…

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