VOTAR, UM DIREITO OU UM DEVER?

Já está mais do que na hora de acabar com o voto obrigatório, mas não se observa uma única voz defendendo isto… Por que será?

O voto obrigatório gera situações contraditórias no Brasil:

1 – Temos uma das maiores eleições diretas do mundo, em termos da quantidade de votos, mas somente porque o voto é obrigatório.

2 – Gastamos uma fortuna em publicidade para divulgar a importância do voto para a democracia, num verdadeiro desperdício de recursos públicos (promovido pelo TSE), para nos estimular a votar, apesar de não termos a alternativa de não fazê-lo…

3 – Promovemos campanhas eleitorais que são verdadeiro circo, com celebridades, artistas, palhaços, mágicos, comediantes, semianalfabetos, enganadores, traficantes, milicianos, ladrões, terroristas, imbecis, fraudadores entre outros…

4 – Elegemos párias da sociedade (somente porque a legislação eleitoral permite que se candidatem) e ainda somos obrigados a ouvir que “os políticos brasileiros são o verdadeiro reflexo do povo e que o congresso é um microcosmo do país”.

5 – Somos ridicularizados no exterior, por encararmos um direito (votar) como um dever, por termos transformado a festa da democracia num filme de terror B.

Por mais que incomode o tom de galhofa, não dá para fingir que não é verdade tudo o que este vídeo mostra sobre as eleições brasileiras (tente não se envergonhar):

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AMIZADE, PARCERIA E NEGÓCIOS, TUDO JUNTO E MISTURADO…

“Ok, a tecnologia reinventou os negócios mas as relações humanas permanecem sendo o diferencial do sucesso.”

Foi com esta sentença que um potencial parceiro de negócios iniciou uma reunião conosco, que culminou com a assinatura de um importante contrato de distribuição de serviços de viagens e turismo.

É cultural: brasileiro faz negócio com pessoas, não com empresas.

Por este motivo, empresas multinacionais que desejam se estabelecer no Brasil costumam passar pelo ritual clássico de tentativas e erros, também muito comuns em nosso mercado de viagens e turismo:

1 – Implantam um escritório comercial, comandado por um executivo transferido para o Brasil.

E o gringo chega, cheio de amor para dar (embora preferia ter sido transferido para Cingapura), organiza um evento para apresentar-se ao trade local, discursa no idioma dele (iniciando com o clássico “Boa noite” e terminando com um fatídico “Obrigado”), e todos aplaudem efusivamente, confirmando que somos educados e acolhedores…

2 – Aplicam, no negócio, as regras clássicas do capitalismo europeu ou norteamericano, conforme a origem da empresa, seguindo a lenda de que os mercados são todos iguais.

Baseiam-se em sofisticadas pesquisas de mercado, complexos dados geopolíticos e análises macroeconômicas, para elaborar o “business plan” para implantação da sua primeira filial ou subsidiária latinoamericana, imaginando que conquistar o Brasil é meio caminho para conquistar a América Latina…

3 – Durante um ou dois anos, quebram a cara sem conseguir entender a legislação trabalhista e tributária do país.

Ao perceberem que lidar com o arcabouço jurídico brasileiro é tarefa difícil até para o empresário local (virtualmente impossível para um executivo estrangeiro), decidem contratar um executivo brasileiro, preferencialmente um profissional experiente e com bom trânsito no mercado em que atua.

4 – Durante os anos seguintes, o executivo brasileiro dedica 90% do seu tempo a equilibrar os rígidos processos da matriz com as práticas negociais do mercado brasileiro.

Como explicar que, no Brasil, “as pessoas fazem negócios com pessoas em quem confiam” ou que “quanto maior a empresa, mais o cliente desconfia” ou ainda “amigos, amigos, negócios de amigos”, exatamente como abordei no post de 12/12/2010, RELAÇÕES DURADOURAS, até hoje um dos recordistas de visitações deste Blog Distribuindo Viagens.

Da mesma forma que abrir uma empresa nos Estados Unidos ou na França requer conhecimento e experiência nas práticas desses mercados, no Brasil isto é absolutamente mandatório.

E a regra número um, difícil para o estrangeiro lidar, parece ser aquela que todos negam: “Prosperam aqueles que conseguem equilibrar amizade, parceria e negócios, sem comprometer nenhum dos três.”

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VOCÊ ACREDITA EM PESQUISA? SABE DE NADA, INOCENTE…

Institutos de pesquisa são daquelas instituições que vivem de sua reputação, usualmente construída sobre o tripé experiência, marketing e resultados.

Qualquer uma dessas três variáveis pode por tudo a perder, mas como “experiência” decorre mais do tempo de estrada e “marketing” é uma questão de verba e relacionamento, restam os “resultados” como a única variável imponderável (é estranho afirmar isso quando nos referimos a institutos de pesquisa…), ou seja, fora do controle dos pesquisadores.

Ou seja, as absurdas “margens de erro de 20%” nas eleições de 05 de outubro, apresentadas pelos principais institutos de pesquisa, elevaram essas empresas (para usar a conceituação mais adequada) ao elevado grau de instituições com fins lucrativos.

Tal e qual empresas privadas que encomendam pesquisas de mercado com resultados pré-contratados (e os divulgam como se verdade fossem), os partidos políticos e sua força econômica estão transformando os institutos de pesquisa brasileiros, de fontes sérias e confiáveis a meros divulgadores de seus contratantes.

Gostaria de acreditar nas pesquisas que apontam Aecio à frente da Dilma, mas começo a desconfiar que isso pode ser um ardiloso trabalho de contra-pesquisa (que é aquele resultado contratado para despistar o adversário…), visando desestabilizar o eleitorado e preparar o cenário para uma nova pesquisa contratada, cujo resultado (oposto) seria apresentado às vésperas do pleito decisivo.

Estou muito ácido, cético ou você ainda acha que dá para acreditar em pesquisa, inocente…?

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