DOIS COMETAS HALLEY

Tentei não voltar a escrever sobre os grandes eventos esportivos no Brasil, pelo menos não tão próximo do texto anterior – LEGADO DA COPA: SOLUÇÃO CARIOCA PARA O TRÂNSITO – mas está difícil ficar longe das discussões sobre esta incrível oportunidade desperdiçada por nosso país.

Neste fim de semana, estive num encontro entre amigos, para comemorar o aniversário de um deles, em sua casa na Tijuca, um evento intimista, familiar e bem carioca.

2 Cometas Halley
Copa do Mundo e Jogos Olímpicos: é agora ou daqui a 76 anos…

Por uma coincidência, num terraço populado por 30 pessoas, estavam uma médica de um hospital “referência” da Copa, um engenheiro funcionário da Infraero, um agente de viagens desiludido com a Copa, uma diretora da construtora de uma das arenas da Vila Olímpica e um ex-empresário que fechou sua empresa de engenharia para fazer um concurso público.

A certa altura do campeonato, o assunto inevitável surgiu e, entre defesas inflamadas sobre a união da nação em prol de um objetivo de Estado (embora não esteja claro se este objetivo é vencer a Copa ou iludir o mundo sobre como de fato é o Brasil), ouvimos também:

1 – Esclarecimentos sobre os motivos pelos quais as reformas nos aeroportos não serão concluídas no prazo e teremos de conviver com aeroportos maquiados, “guaribados” e “acochambrados” durante a Copa, de preferência sorrindo para demonstrar que somos um povo simpático e receptivo.

2 – Explicações sobre o significado de ser o segundo “hospital de referência” da Copa, em especial por referir-se ao Hospital do Andaraí, o qual, para quem não sabe, encontra-se praticamente em ruínas, faltando menos de um mês para o evento.

3 – Comentários preocupados sobre as dificuldades em encontrar hospedagem no Rio de Janeiro, para turistas e clientes corporativos que não têm qualquer interesse em futebol, mas desejam ou precisam vir à Cidade Maravilhosa, durante o período da Copa.

4 – Relato surpreendente sobre a contra-ordem do prefeito carioca, para refazer o desenho do Velódromo Olímpico (circuito oval para bicicletas de corrida), apesar do projeto descartado ter custado alguns milhões aos cofres públicos, decisão que, segundo especialistas, atrasará a construção em alguns meses.

5 – Desabafo de um ex-empresário que, desiludido com as dificuldades de manter sua empresa “devido ao pouco comprometimento e a baixa produtividade dos funcionários”, resolveu inscrever-se num concurso público e hoje, como funcionário da prefeitura, gaba-se de agir da mesma forma que agiam seus ex-funcionários.

Para um país, a Copa do Mundo é um evento que ocorre com periodicidade próxima a da passagem do Cometa Halley pela Terra, ou você se prepara para o momento em que estiver passando, ou joga fora esta oportunidade e aguarda a próxima, que poderá ser daqui a 76 anos.

Da mesmíssima forma são os Jogos Olímpicos, também não costumam acontecer mais de uma vez, no mesmo país, num mesmo século.

Ou seja, apesar de um raio não cair no mesmo lugar duas vezes, teremos duas oportunidades, em uma mesma geração, e praticamente na mesma época, de promover dois eventos tão raros, que costumam ocorrer somente uma vez, durante uma vida, em determinado país.

Receio que já perdemos nosso Cometa Halley de 2014, e que se não corrermos contra o tempo já desperdiçado, também perderemos o de 2016…

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LEGADO DA COPA: SOLUÇÃO CARIOCA PARA O TRÂNSITO

Herança dos anos em que fui funcionário de empresa estatal, bem no início de minha carreira de engenheiro, a primeira coisa que faço quando acesso o calendário oficial de cada ano novo, é procurar os feriados e simular quais poderiam ser emendados em fins de semana, um comportamento típico de funcionários públicos.

Hoje, como empresário, buscando produtividade para o crescimento e perpetuidade dos negócios, incluindo-se aí, atender os clientes, pagar as contas e manter os empregos, continuo com este mesmo hábito de verificar os feriados, exatamente pelo motivo oposto.

Aliás, que beleza ficou 2014!

Além dos feriados de abril, todos estrategicamente situados próximos a fins de semana, também teremos a Copa do Mundo da FIFA, e o prefeito do Rio, num esgar de criatividade, decretou feriado municipal nos dias de jogos no Maracanã…

Nada mais maravilhoso para uma Cidade Maravilhosa!

Pense bem, faz todo o sentido: com essa medida, tão estratégica quanto inteligente, Eduardo Paes agrada a maior parte do eleitorado (por acaso, em ano de eleições) e cumpre seu nobre compromisso com a “mobilidade urbana”.

Um grande estrategista político!

Com feriados parciais nos dias de jogos à tarde e feriado integral numa sexta-feira, nosso grande estadista carioca garante que 6,4 milhões de habitantes (incluindo os que residem a 50 Km do estádio) deixem as ruas da cidade completamente livres para que 94 mil pessoas, ungidas com ingressos doados por empresas patrocinadoras do evento, não se atrasem para o jogo no velho novo Maraca.

Isso é que é planejamento logístico!

Imagino a cena: uma turba de amantes do futebol trafegando numa cidade deserta, para cumprir a nobre missão de torcer no “clássico” Bélgica x Rússia, enquanto a abnegada população de uma metrópole inteira permanece em casa, contribuindo, de forma motivada, para o esforço coletivo de mostrar ao mundo que, sim, podemos ter um trânsito “padrão FIFA”…

Já é um conceito político: a contribuição de todos pelo benefício de poucos!

Para resolver de forma definitiva o problema do trânsito, nosso grande líder ainda vai chegar a uma conclusão brilhante e convocará uma coletiva de imprensa para anunciar:

“No Rio, será feriado todo dia !”

Obs.: Somente hoje, esqueçam tudo o que escrevi aqui sobre empreendedorismo, realizações, produção e produtividade, eficiência e eficácia, carreira, crescimento e evolução profissional.

O Eduardo Paes é o especialista em gestão de pessoas, de recursos, de tempo e de espaço.

Agindo assim, ele ainda chega a governador…

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LIÇÕES DO VALE DO SILÍCIO…

Não costumo postar textos de outros autores (prefiro ler, apreciar e comentar), mas muito de vez em quando, abro alguma exceção e republico aqui no Blog Distribuindo Viagens, sempre com os créditos ao autor e ao portal que o publicou.

Esta é uma dessas oportunidades, devido à qualidade do conteúdo e do autor 🙂 que o publicou em seu Blog no portal Ecommerce Brasil, além da interessante repercussão que obteve em outras mídias, como o portal Endeavor Brasil, a revista Exame e o jornal O Globo.

Segue o texto, que espero que também estimule você a empreender ou, pelo menos, passear até a Califórnia:

Sete Coisas que Aprendi no Vale do Silício”

Os muçulmanos precisam ir uma vez na vida à Meca. Quem precisa se encontrar espiritualmente, pode fazer o Caminho de Santiago de Compostela. As crianças que vão à Disney sentem a magia em suas vidas.

Se você é empreendedor, você tem que conhecer o Vale do Silício!

Localizado numa faixa de aproximadamente 60km do sul de San Francisco até o sul de San Jose, esse conjunto de pequenas cidades no coração da Califórnia é o oásis do empreendedorismo mundial.

A Era da Informação que vivemos deve sua origem e consolidação às mentes brilhantes que construíram produtos, serviços, softwares, hardwares, processos, descobertas, inovações incrementais e principalmente as disruptivas, neste local único e especial no mundo.

Lá nasceram Apple, Google, Facebook, Intel, HP, Sales Force, eBay, Evernote, Twitter, Linkedin, Netflix, Yahoo e diversas outras empresas pequenas, médias, grandes e gigantes, B2B, B2C, B2B2C, de hardware, de software, que crescem absurdamente, que são rentáveis ou não, que são vendidas, compradas, fundidas, que fazem IPO, empresas que são líderes e referências em diversas indústrias e mercados globais.

Palo Alto, Menlo Park, Mountain View, Cupertino, San Bruno, Santa Clara San Jose e adjacências abrigam o que há de melhor desse universo. Andando pelas ruas de lá, quando você cruza com alguém, só há 4 opções: ou a pessoa é empreendedor, ou é investidor, ou engenheiro de software ou aluno de Stanford!

Tive a oportunidade de visitar recentemente o Vale e me questionei: por que o Vale é assim? O que fez com que ele chegasse nesse nível de excelência? Seria possível replicar esse modelo no Brasil?

Facebook
Curti a sede do Facebook (em Menlo Park)
Google
Com a bicicleta do Chrome na sede do Google (em Mountain View)
Apple
Na rua Loop Infinito número 1, sede da Apple (em Cupertino)

1 – A oportunidade é a origem de tudo

O empreendedor do Vale sabe que todos os problemas do mundo já foram resolvidos! Porém, ele é antes de tudo um inconformado que afirma que a maneira que os problemas foram resolvidos não está boa… e propõe então uma alternativa melhor. A identificação de uma oportunidade a partir de um problema ou necessidade é a origem. No Brasil, às vezes ocorre uma inversão: primeiro o empreendedor define o produto e depois tenta encaixar uma oportunidade.

2 – Cultura empreendedora

Em Stanford, os alunos são estimulados a empreender desde o primeiro dia de aula. Os cursos não são desenhados para preparar os jovens a serem empregados de grandes multinacionais ou funcionários públicos. O foco deles é aprender a aprender. E o aprendizado é aplicado a resolver problemas que podem resultar na criação de novos empreendimentos!

3 – “Get out of the building”

Esse é o mantra de Steve Blank, o guru das startups. Testar, testar, testar, validar hipóteses, criar protótipos e produtos mínimos viáveis. Os empreendedores do Vale saem de suas Torres de Marfim, vão para a rua gastar sola de sapato e buscar a hora da verdade com o cliente! Um protótipo rodando vale mais do que 50 páginas de um Plano de Negócios!

4 – “Fail fast”

Em minutos você consegue abrir uma empresa nos Estados Unidos e em dias você consegue fechá-la se não der certo. Vamos comparar com o Brasil? Meses para abrir e anos para fechar. Por lá, não há medo do fracasso, pois o fracasso de ontem é o aprendizado de hoje para o sucesso de amanhã!

5 – Custo Americano?

A infraestrutura de transportes, telecomunicações, energia, logística, segurança… funciona. As startups têm incentivos fiscais reais. Os mercados consumidores de qualquer segmento são enormes, logo há mais oportunidades. O governo americadno evita criar empecilhos e malabarismos como temos por aqui, pois sabe que são as pequenas empresas que geram empregos, inovação e giram a economia.

6 – Ecossistema empreendedor maduro

Investidores-anjo, investidores seed, venture capitalists, aceleradoras, incubadoras, organismos de fomento ao empreendedorismo, startups recém-criadas, startups em franco crescimento, empresas gigantes, universidades… o ecossistema empreendedor do Vale do Silício é maduro e explosivo!

7 – A importância do “give back to society”

Na semana que estive em Palo Alto, ocorreu o 50th International Selection Panel da Endeavor.

A Endeavor é uma organização global de fomento ao empreendedorismo, cuja missão é promover um ambiente que fortaleça a cultura empreendedora, permitindo a conexão de empreededores de alto impacto com aqueles que já trilharam um caminho de sucesso.

Neste evento em Palo Alto, 36 empreendedores de alto impacto de 13 países emergentes estiveram presentes sendo avaliados na última etapa para serem selecionados para integrarem a explosiva rede Endeavor.

O Brasil tinha 2 representantes:

1 – Joaquim Caracas da Impacto Protensão :: um exemplo de como o Brasil é capaz de gerar inovação, inclusive em áreas técnicas como a Engenharia Civil. A tecnologia inventada pelo Caracas é um método construtivo que permite que uma obra seja feita mais rápida, com melhor qualidade, mais barata e ambientalmente mais sustentável do que se fosse feita com os métodos os tradicionais.

2 – Leonardo Simão da Bebe Store :: loja virtual líder no segmento de bebês no Brasil, o Leo é um empreendedor vibrante e apaixonado. Sua trajetória é inspiradora e a maneira como inova no e-commerce brasileiro serve de exemplo para todos. Sua capacidade de execução é acima da média e sua ambição certamente o levará a alcançar seus objetivos.

Parabéns ao Caracas e ao Leo que agora fazem parte de uma rede de mais de 850 empreendedores em mais de 530 empresas de 18 países!

Essa foi a principal lição que aprendi no Vale do Silício: o poder de fazer parte de um ecossistema! O impacto acontece quando você se insere em redes e assim pode multiplicar seu aprendizado, seu negócio, sua liderança, seu sonho. Recomendo a todos !”

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