FUSÕES E AQUISIÇÕES

Interessante como a expressão do título deste texto atrai nossa curiosidade…

Uma tendência em nosso mercado, em constante transformação desde antes da pandemia, as fusões e aquisições de empresas seguem ainda mais forte agora, após o período da estagnação econômica (sem produtos e sem clientes) gerada pela covid-19, por quase 2 anos.

Se antes a CVC era vista como a grande compradora e consolidadora de empresas de turismo, agora são a Despegar e a novíssima Befly, esta demonstrando apetite voraz, transformando em realidade o que a natimorta Brazil Travel tentou sem sucesso há poucos anos. Parece que o segredo é mesmo o estilo mineiro de fazer negócios, devagar, sem sede ao pote, aos poucos, pelas beiradas, criando de forma homeopática um ecossistema de negócios complementares e respeitando as características vencedoras de cada um deles.

Enquanto isso, as agências de viagens corporativas buscam seu melhor formato, seja fundindo com outras maiores (caso da Trade com a BTM, ambas também de Minas Gerais) ou da Jet Stream, recentemente adquirida pelo Grupo Tastur, do interior de São Paulo, entre outras.

Merge & Acquistion (ou M&A simplesmente) é o termo pomposo que define o conjunto de processos que envolvem a negociação entre duas empresas, com objetivo de torná-las uma única, seja fundindo ou comprando.

Parece simples, mas não é.

O processo costuma ser longo, lento e, às vezes, doloroso, (salvo raras exceções) sendo mais comum acontecer quando um dos lados deseja e o outro precisa do negócio, por variadas motivações: escalar o negócio, ajustar as dívidas, expandir a oferta, agregar expertise, dificuldade sucessória, crise financeira, entre muitos outros.

Na grande maioria das vezes, o “deal” é a melhor solução para todos os envolvidos, incluindo aqui, além dos sócios das empresas, também os funcionários, clientes, fornecedores e governo, ou seja, as fusões e aquisições costumam deixar empreendedores felizes, empregos mantidos, clientes satisfeitos, parceiros atendidos e impostos garantidos.

O mercado de viagens e turismo e a sociedade agradecem.

.

A FORÇA DAS PEQUENAS AGÊNCIAS

Estamos experimentando um momento único na economia brasileira: a ressaca pós-pandemia.

Após amargar 2 anos de negócios represados, muitas empresas sucumbiram, outras saíram menores da estagnação e um grupo de empresas (maior do que se supunha no início da pandemia) fez o dever de casa logo no início de 2020, encarou a realidade, preparou-se em todas as frentes e, em um determinado momento, investiu de onde não tinha para estar pronta para a retomada.

Entre essas empresas estão muitas agências de viagens, que resistiram bravamente a um cenário que combinava, simultaneamente, falta de produtos e falta de clientes, mas um grupo específico de agentes destacou-se.

O fato é que as pequenas agências de viagens continuam sendo, como eram antes da pandemia, o motor da atividade de agenciamento de viagens, as que geram mais empregos, as que mais pagam impostos e as que mais arriscam do seu próprio bolso.

E não há nenhuma novidade nisso.

Em outros segmentos econõmicos, as milhões de pequenas empresas brasileiras exercem o mesmíssimo papel de liderança como empregador, contribuinte e empreendedor.

As micro e pequenas empresas são 99% do total de empresas no Brasil, são responsáveis por mais da metade dos empregos formais (estima-se que empreguem cerca de 2/3 da força de trabalho incluindo os informais), contribuem com quase 30% do PIB nacional e investem mais da metade do montante de capital de risco aplicado em novos negócios em nosso país.

Por isso, carece destacar este fenômeno em nosso mercado de viagens e turismo, pois mesmo sem dados concretos (saudades do Big Data ABAV), as milhares de micro e pequenas agências de viagens seguem sendo o sustentáculo de uma atividade marcada pela resiliência e superação.

O difícil de admitir é que, de uma forma ou de outra, todo o nosso mercado (cias. aéreas, redes hoteleiras, locadoras de carros, operadoras, consolidadoras etc.) depende, no final das contas, da força e da capilaridade da distribuição da pequena agência de viagens brasileira.

Os primeiros sinais de recuperação econômica pós-pandemia não poderiam vir de outro lugar, mas das pequenas agências, um exército guerreiro, resiliente e obstinado, para a felicidade de todos.

.

É O PRINCÍPIO DO FIM

Eu tenho um amigo que, incrédulo com as bizarrices do comportamento humano em tempos de redes sociais digitais, costuma dizer a frase “o mundo acabou e não nos avisaram”.

Pois bem, este início de 2022 está comprovando que meu amigo pode ter razão.

As pessoas perderam a percepção de risco ao seguirem um pseudo-líder (autodenominado “coach”) que leva discípulos (ou seguidores) a subir uma trilha para uma das montanhas mais altas de São Paulo, num dia de forte chuva, com ventos de 110 Km/hora, para pernoitar em sacos de dormir, objetivando literalmente nada…

No final da aventura motivacional, que só não se transformou em tragédia graças aos bombeiros de SP, o mentor ainda endereçou um ensinamento (praticamente inédito): “quem não se arrisca, não chega ao topo”.

Neste caso, o grupo chegou ao topo da montanha para ser melancolicamente resgatado, e provar absolutamente nada.

É o risco pelo risco, totalmente inútil.

O mesmo gosto pelo risco que ceifou dezenas de vidas, porque alguns “experientes” barqueiros consideraram não haver risco algum em ficar próximo de uma montanha de pedra, que visivelmente esfarelava na frente de todos, em Capitólio, MG, gerando uma triste tragédia, amplamente divulgada.

É o risco pela imprudência, muito triste.

Mas a boa notícia é que a pandemia de covid entrou em rota de colisão com a imunidade de rebanho.

Tanta gente vacinada e tanta gente vacinando, que a atuação dos negacionistas (cada vez menos) não tem sido suficiente para superar o esforço da maioria, que acredita que o bem da sociedade é o único caminho para o bem do indivíduo.

As novas cepas, daqui pra frente, parece que serão cada vez mais contagiosas e menos letais, o que nos leva à provável situação de que toda a humanidade será contaminada em algum momento no curto prazo.

Sim, tudo indica que 2022 não será um ano para amadores, mas poderá ser o princípio do fim de nossa agonia coletiva, apesar do desprezo que muitas pessoas demonstram pela vida.

A conferir…

.