PARECE QUE FOI ONTEM…

Em 2009, quando Solange Vabo completou 30 anos de carreira no turismo, escrevi um artigo especial que foi publicado no Jornal Panrotas, e o próprio Artur também publicou uma outra matéria em 12/11/2009 no Portal Panrotas, sobre o feito.

Naquele momento, parecia que Solange poderia desacelerar seu ritmo frenético de trabalho, como presidente de duas empresas, a Solid Corporate Travel e o Reserve Systems.

10 anos depois, neste final de 2019, Artur decidiu contar os 40 anos de carreira da Solange em uma nova matéria, mais detalhada, associando sua trajetória pessoal e profissional com a evolução da tecnologia no turismo no Brasil, tema que conseguiu retratar, com maestria e poesia, em 6 páginas (34 a 39) da Edição 1398 – Especial PANROTAS 45 Anos e na matéria de 12/11/2019 no Portal Panrotas.

Em homenagem a este momento único, vou tentar testemunhar o que significa viver ao lado de uma pessoa que, enquanto profissional, não é ligada a modismos e faz tudo diferente do que reza a atual escola de empreendedorismo, uma executiva que acredita que o esforço está acima do talento, que trabalhar duro é o caminho do sucesso, que dedicação total a um desafio é o principal meio de conquistá-lo, que os deveres vêm antes dos direitos, que integridade está acima de tudo, que vale a pena sacrificar momentos de lazer por um propósito maior, que resultado é igual a receita menos despesa, que acredita nas pessoas e em relações duradouras, que dinheiro não leva desaforo pra casa, que meta existe para ser batida, que errar é humano e insistir no erro é desumano, que dedicar-se à carreira é uma prova de amor à família…

Sim, Solange Vabo sempre foi uma workaholic (embora ela negue) típica, um comportamento que chega a ser questionado nos dias de hoje, pois agora o mais importante é viver a trajetória (live the ride), pois acredita-se que “deve-se curtir a vida enquanto constrói-se o futuro, o nosso e o de quem está conosco”, mesmo que, na realidade, nem sempre seja possível fazê-los simultaneamente.

Eu com Solange Vabo e Artur Andrade, na visita do Artur ao Reserve para a entrevista

A verdade é que não foi isso o que vivemos desde 1979, tempo em que estamos juntos, num relacionamento iniciado 10 anos antes, quando nos conhecermos, ainda crianças, numa escola pública no subúrbio do Rio de Janeiro.

Solange sempre foi uma obstinada por desafios, quanto mais difícil, aparentemente insolúvel ou de resolução improvável, mais se anima a encarar, característica de uma empreendedora de raiz, aquele tipo de empresário que não teve a oportunidade de estudar gestão corporativa, empreendedorismo sustentável ou tecnologias disruptivas, mas, apesar disso, construiu uma carreira incrível baseada justamente nesses 3 temas.

Fernando Slomp, Jane Terra, Solange Vabo e Dilson Verçosa, provavelmente em 1988

Casada aos 20 anos (Luís Vabo), mãe aos 24 anos (Vabo Junior), diretora de uma TMC aos 26 anos (Avipam), empreendedora aos 34 anos (Solid), inovadora aos 43 anos (Reserve), aceleradora aos 57 anos (MyView), mãe mentora e filha acolhedora, onde Solange superou-se mesmo foi na missão de ser a melhor companheira de vida que eu jamais sonhei merecer.

Hoje aos 58 anos, muito bem vividos, sinto que só lhe falta um troféu para coroar uma vida dedicada ao trabalho, às realizações e às conquistas…

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P.S.: temos um encontro marcado aqui em 12/11/2029…

QUANDO CAFÉ E COUVE COMPETEM…

WHEN COFFEE AND KALE COMPETE

Por Pedro Concy, fundador da Estante Mágica

O Estante Mágica é um case fantástico que merece ser conhecido e aplaudido. Seu fundador, o Pedro Concy, é um entusiasta do desenvolvimento de produtos e escreveu alguns highlights sobre o e-book When Coffee and Kale Compete, de Alan Klement, que aborda a relação do desenvolvimento de produtos com o consumidor:

– Temos que ajudar clientes a “progredir”.

– “Upgrade your users, not your product. Don´t build better cameras, build better photographers.” 

– Produtor de cosméticos: “In the factory, we make cosmetics. In the drugstore, we sell hope.” – eles vendem uma transformação, um desejo de um “novo eu” que ainda não existe.

– O JOB TO BE DONE (JBTD) é um processo que ocorre com um consumidor quando ele quer transformar sua atual situação de vida em uma melhor, mas não consegue porque tem algo que o restringe.

– Analogia do Marios Bros: Mario pequenininho é o cliente atual. Seu produto é a florzinha do jogo, que transforma o Mario naquele grandão bolado.

– Um cliente nunca poderia completar um JBTD sozinho. Ele precisa de um produto/serviço pra ajudar a chegar lá. O JBTD ajuda a fazer um “better me”.

– “Como você é melhor desde que começou a usar produto X?”, “Agora que você tem tal produto, o que você pode fazer que antes não podia?”

– “Customers are always beautifully, wonderfully dissatisfied, even when they report being happy and business is great. Even when they don’t yet know it, customers want something better, and your desire to delight customers will drive you to invent on their behalf. No customer ever asked Amazon to create the Prime membership program, but it sure turns out they wanted it” (Jeff Bezos).

Alan Klement nos leva a refletir e questionar conceitos de desenvolvimento de produtos

– Dizia-se que o consumidor não queria uma furadeira, e sim um furo na parede. Isso é falso. Consumidor quer “help improving his life”. Prova de que consumidor não quer furo na parede é que a 3M criou um adesivo pra pendurar quadros que não precisa furar a parede e substituiu a furadeira. 

– Telefones, furadeiras etc são exemplos de solução para um Job. Eles não têm Jobs. Os produtos não têm vidas pra fazer melhor. Pessoas têm. Por isso pessoas têm JBTD. Produtos, não.

– Sempre que consumidores começam a usar uma solução para um JBTD, eles deixam de usar outra. Por isso a competição por um JBTD é um jogo de soma zero. Só uma peça cabe em um empty slot.

– Progresso define o valor. Contraste revela o valor. Ex: O que você prefere, carne ou pizza? Seria mais fácil responder se perguntado: Quando você prefere carne e quando você prefere pizza? Num aniversário de criança, provavelmente iria preferir pizza, porque faz progresso naquela situação, enquanto num jantar refinado preferiria carne. O produto então não tem valor nele próprio, mas quando aplicamos ele pro cliente fazer progresso. Por isso que o progresso define o valor e o contraste revela. Você entendeu valor quando comparou e constrastou o progresso entregue.

– Melhor forma de identificar os Jobs em entrevista com clientes: “Pode me contar sobre outras soluções que você usa ou usou no lugar da Estante Mágica?”, “O que você gostou/não gostou em cada uma delas?”, “Se você não tivesse mais Estante Mágica, o que usaria no lugar?”

– É essencial descobrir: “O que os clientes enxergam como concorrentes da Estante Mágica?”, “No que eles investiriam/investiram tempo ou dinheiro no lugar da Estante Mágica?”, 

– Um site que conectava mentores com mentorados descobriu que seus principais concorrentes eram grandes eventos de negócios, Linkedin e consultorias.

– Um obstáculo pro cliente não comprar um produto/serviço é a ansiedade. Como podemos reduzir a ansiedade quando ele está comprando o produto? Temos que descobrir os pontos de ansiedade no processo de compra. Ex: será que os pais vão gostar? será que eles realmente vão entregar os livros? E por aí vai…

– Pra definir a mensagem que será usada com o cliente, antes peça pros seus atuais clientes descreverem o que gostam no seu produto. Se quiser aprofundar mais, “Antes de contratar a Estante Mágica, como você sabia que era o certo pra vocês?”, “O que te chamou atenção pra contratar a Estante Mágica?”

– Exemplo de uma companhia de teatro pra crianças. Entrevistaram pais e descobriram que os concorrentes variavam de ir assistir a um filme no cinema, levar filhos no clube ou comprar um jogo de video game. Aplicaram então a ideia do “contrast reveals value”, perguntando o que gostavam e não gostavam em outras soluções. “O que o teatro poderia fazer que o jogo de video game não podia? E o que o teatro não podia fazer que o jogo de video game podia?”. Perguntaram também o que os pais faziam após o teatro. Descobriram então que os pais queriam ter uma experiência compartilhada com seus filhos. Isso acontecia depois do show, quando iam jantar ou então conversavam sobre como tinha sido a peça. Respostas às perguntas fizeram com que os scripts das peças seguintes fossem criados pensando que os pais queriam se engajar em discussões educacionais e engajadoras com seus filhos.

– Importante descobrir a diferença entre clientes que deixaram de usar o produto porque estão insatisfeitos ou porque as circunstâncias da vida mudaram. Ex: você usa um site de aluguel de imóveis. Vai parar de usar assim que encontrar o apê pra morar. Não deixou de ser usuário do site porque estava insatisfeito.  

– Geração de demanda: Push: pessoas só mudam quando estão insatisfeitas com o status quo. Depois vêm o Pull: é a ideia, depois do push, de ter uma vida melhor e sua preferência por um produto/serviço. 

– Redução de demanda: Ansiedade: sentimento do que vai acontecer no futuro (ansiedade no uso) e também o sentimento na hora do momento da decisão (ansiedade na escolha). Inércia: é a tendência de não fazer nada ou de manter sem alterações. 

– Depois de entender as forças geradoras de demanda, devemos ir atrás das redutoras de demanda. 

– Ajudemos os clientes a visualizar o progresso que terão. Criemos material de mkt que falem a respeito.

– Ex de concorrências quando se estuda o JTBD. Pessoas na Índia deixando de comprar geladeiras ao comprarem diariamente os legumes e vegetais frescos pro consumo no dia, uso de potes de barro pra resfriar a água, além de ferver o leite pra não estragar rapidamente.

– Nunca ache que um produto faz a mesma coisa que o outro por sua similaridade física. Um mainframe se parece com um computador pessoal, mas não compete com o computador pessoal. 

– Não existe algo como “criar um novo mercado”. É possível que o cliente esteja solucionando o problema de uma forma que não precise comprar um produto físico. Ex: pessoas não têm carros, mas usam Uber pra se deslocar. Existe também a possibilidade de o cliente dar uma vooolta pra solucionar algum problema, como ferver o leite e comprar legumes no mesmo dia, em vez de comprar uma geladeira.

– Quando entrevista os clientes, têm que procurar onde ele tá “sofrendo”. É aí que existe uma grande oportunidade. Ex: professor que tá sofrendo pra dar uma melhor aula pros seus alunos e não tem tempo. Um JBTD seria “me abasteça com o que preciso pra dar melhores aulas pra que então eu possa focar em educar meus alunos”.

– Se o usuário de alguma maneira já estiver fazendo uma solução, principalmente uma “gambiarra”, então aí tem uma boa oportunidade.

– Faça muita pesquisa com clientes que deixaram de usar seu produto. Se for o caso, até oferece gift card de alguma loja pra estimular eles a falarem com a gente. Daí saem as mais relevantes impressões pra evolução da empresa.

– Ao melhorar a vida de um cliente, é possível que ele deixe de contratar o serviço, afinal, a vida dele já foi melhorara e ele passa a ter outras necessidades pra tornar sua vida melhor. Pergunta a se fazer: “What comes after?”. Como ajudar o cliente a fazer o próximo progresso? Se ele comprou uma câmera, como ajudar ele a editar e a compartilhar as fotos com os amigos? E como armazenas as fotos. É um pouco parecido com a teoria do Whole Produt que o Geoffrey Moore coloca em Crossing the Chasm. 

– “As forças do progresso perpetuamente geram uma demanda.”

– Nem sempre o cliente entende o “sistema”. Ryanair e Spirit Airline foram consideradas as companhias aéreas mais “odiadas” (ambas são low cost), mas são das empresas da área que mais crescem no mundo. O que então fazer, ouvir para o que os clientes fazem ou falam? Aqui vale ter cuidado com o que é falado no NPS. É obrigação do inovador estudar e entender as interdependências do sistema de progresso. 

– Lembrar que tentar resolver muitos jobs pode fazer com que não resolva nenhum direito.

– How Things are today (actual self) —– (lacuna “I need someting to make this change”) —>>>> How I want things to be (desired self)

– “Favor progress over outcome and goals”

– “Customer don´t want your product or what it does, they want help making their lives better (they want progress).

Leia o e-book completo gratuito clicando aqui: www.whencoffeeandkalecompete.com/

Nota do blogueiro: Este resumo do livro When Coffee and Kale Compete (por Alan Klement), foi escrito e compartilhado por Pedro Concy, um entusiasta do desenvolvimento de produtos, fundador do projeto Estante Mágica, um case fantástico que merece ser conhecido e aplaudido.

ABAV EXPO 2019: DEU MAGDA NA CABEÇA !

Esperei a semana passar, a rotina voltar ao normal, para somente então redigir este texto sobre a ABAV Expo 2019, como faço todos os anos, desde antes de eu participar da diretoria da ABAV Nacional.

Foram muitos os desafios que Magda Nassar e equipe tiveram que encarar para fazer uma ABAV Expo à altura da maior entidade empresarial do mercado de viagens e turismo do Brasil e da natural expectativa de todos os profissionais que lidam com nossa atividade.

Com o presidente licenciado, nossa presidente encarou, apenas 4 meses antes do evento, a missão de colocar a ABAV Expo 2019 de pé, e o fez com competência, liderança e protagonismo.

Presidente em exercício, de fato e de direito, Magda exerceu a presidência em sua plenitude, mudou, reestruturou, escolheu com quem trabalhar, enxugou, comandou, distribuiu tarefas e redistribuiu poderes, planejou e mexeu no que julgou necessário, valorizou as regionais e suas lideranças, trazendo os jogadores pra dentro do campo e, assim, motivou um exército para vencer uma batalha (neste caso, a ABAV Expo 2019).

O resultado foi testemunhado por quem esteve no Expo Center Norte, dias 25 a 27/09/19: exposição linda, corredores cheios, palestras prestigiadas, expositores contentes e agentes de viagens orgulhosos de seu evento maior.

A venda direta (batizada nesta edição de Black Friday de Viagens) foi bem recebida pelo público (como já ocorrera em edição anterior) e agradou às 30 agências que apostaram na promoção, uma iniciativa que aproximou a ABAV Expo, no terceiro dia, de uma feira de varejo de turismo, mais do que de um evento empresarial em que fornecedores expõem seus produtos e serviços para agentes de viagens profissionais (como foram os ótimos primeiro e segundo dias do evento).

A Black Friday de Viagens provoca um importante ponto de atenção aos expositores fornecedores das agências de viagens, que investem no evento para buscar justamente agentes de viagens e não o público final. Por isso, apesar do sucesso de marketing desta ação, penso que é tema para ser reanalisado em próximas edições.

O foco no turismo desta ABAV Expo 2019 foi tão grande, que até a Abracorp abordou o tema Turismo é Pauta Econômica na 5a. edição do Forum Abracorp, no segundo dia do evento, com a participação do Secretário de Turismo do Estado de São Paulo e do nosso presidente do CA da Abracorp, Carlos Prado, debatendo com outras importantes lideranças do turismo brasileiro.

Outra clara evidência da força do turismo nesta edição foi o overbooking no Workshop ABAV Tech, o grupo de trabalho de tecnologia da ABAV, também no segundo dia, em especial no painel “Os benefícios e oportunidades tecnológicas para a gestão da sua agência de viagens”, tema que atraiu o interesse e a participação de mais de 300 agentes de viagens, todos desejando entender como usar as tecnologias disponíveis no mercado para captar a atenção, conquistar o interesse e atender o cliente consumidor de viagens e turismo.

Ao longo dos últimos 10 anos, a ABAV Expo vem, gradativamente, absorvendo outros eventos e acomodando projetos de potenciais eventos de diversas entidades congêneres, e isso faz todo o sentido. Tanto é que os espaços muiti-marcas têm crescido ao longo desse período, casos da Braztoa, Abracorp, Clia Abremar, Air-Tkt, entre outras, além dos espaços multi-marcas patrocinados, como o Inovação Travelport, entre outros, todos agregando expositores em torno de um conceito macro, representado pelas entidades ou pelo patrocinador que associa seu nome/marca à proposta daquele espaço.

O resumo da ópera é que, se antes ninguém tinha dúvidas de quem será o candidato imbatível para as próximas eleições da ABAV Nacional, após esta ABAV Expo 2019, já dá para prever que bastará partir para a aclamação: é Magda Nassar na cabeça.

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