DIRETO DE HARVARD – AULA 03: NEGOCIANDO O IMPOSSÍVEL

“Some negotiations are easy. Others are more difficult. And then there are situations that seem completely hopeless”

Esta terceira aula que assistimos na Harvard Business School, parte do programa de graduação de Vabo Jr na HBS OPM, foi ministrada pelo professor Deepak Malhorta, uma emergente celebridade entre os mais brilhantes mestres de Harvard, especialista em negociações complexas e autor de diversos livros sobre o assunto, sendo Negotiating The Impossible, seu best-seller mais recente e premiado.

Best-seller do Prof. Deepak Malhotra da Harvard Business School descreve o comportamento de grandes negociadores e faz analogias com acordos comerciais do dia-a-dia

O professor Malhorta iniciou sua aula com um exercício simples, ele pediu aos alunos que completassem mentalmente a frase abaixo, escrevessem e guardassem até o final da aula (convido você a fazer o mesmo, antes de continuar esta leitura):

A great negotiator is someone who……

Logo em seguida, apresentou um vídeo de uma negociação complexa, com uma entrevista com o líder da equipe de transição do novo governo do Afeganistão em 2002, uma negociação por poder que envolveu múltiplas partes com profundas diferenças regionais, culturais e religiosas, além de óbvios interesses econômicos e expectativas completamente divergentes.

Lakhdar Brahimi foi o líder da equipe de negociação com as diversas forças políticas, regionais, religiosas e culturais no Afeganistão em 2002

Em determinados trechos da entrevista, o professor pausava o vídeo para debater a percepção dos alunos com relação à estratégia que acabara de ser apresentada, suas motivações e resultados esperados, criando analogias com as negociações corporativas do dia-a-dia…, um show de aula com participação ativa dos alunos e moderação inteligente de um especialista.

Malhorta é um obstinado pesquisador de negociações complexas ao longo da história, desde o conflito entre os impérios Egito x Hittite, no século XIII AC, quando o faraó Ramses II e o rei Hattusili III, motivados pela redução de gastos com a guerra, engendraram uma improvável estratégia de negociação, para encerrar décadas de sangrentas batalhas de uma forma que não ficasse claro quem deu o primeiro passo na direção da paz (um insuportável sinal de fraqueza) e que não houvesse declaração de vencedor ou vencido.

De lá pra cá, diversas outras negociações impossíveis foram destrinchadas por ele, com analogias para aplicação direta no mundo dos negócios, como as negociações da “Crise dos mísseis de Cuba”, do “Acordo nuclear USA x India” e da “Paz no Vietnam”, mas nenhuma foi tão palpitante quanto “Negociando com uma arma na cabeça”.

Os conceitos debatidos nas aulas de negociação do professor Malhotra consideram 3 variáveis cruciais que os negociadores usualmente ignoram ou subestimam, em especial por terem o mindset relacionado a dinheiro e poder:

1) O poder do cenário

“Sim, tenho truques no bolso e cartas na manga, mas não sou um mágico que oferece ilusão com jeito de verdade. Eu ofereço verdade camuflada docemente de ilusão.”

2) O poder do processo

“A boa notícia é que há luz no fim do túnel. A má notícia é que não existe túnel.”

3) O poder da empatia

“Compreender é a coisa mais importante quando se lida com pessoas, incluindo o esforço de compreender o incompreensível.”

Prof. Deepak Malhotra é um dos maiores especialistas em negociações complexas em todo o mundo e leciona na Harvard Business School

No final das contas, uma negociação, qualquer negociação, resume-se fundamentalmente a interação humana. Não interessa o que está em jogo ou a distância entre os interessados, o objetivo da negociação deve ser integrar com o outro lado de uma forma que leve à compreensão mútua e, por fim, a um acordo.

Algumas das frases dos alunos para completar a proposta pelo professor Malhorta no início da aula:

“A great negotiator is someone who……….”

Student 1: …, closes deals.

Student 2: …, generates results.

Student 3: …, has a process.

Student 4: …, influences and estimulates parts to collaborate in a creative way, in order to achieve their goals.

Student 5: …, succeeds to establish a deal aligned to his objectives, even not completely, and convinces the other part that is the best solution to both parts.

Student 6: …leads all parts to a genuine perception of being well succeeded.

E você, me conte a sua frase completa, pls !

.

Obs.: No próximo post, abordaremos Direto de Harvard – Aula 4: Criando Modelos de Negócio, ministrada pela diretora geral do Owners and Presidents Management Programm da Harvard Business School, Mrs. Lynda Applegate.

.

DIRETO DE HARVARD – AULA 02: NEUROCIÊNCIA COMO FERRAMENTA DE LIDERANÇA

“Are you scaring your people into mediocrity?”

Esta segunda aula que assistimos na Harvard Business School, parte do programa de graduação de Vabo Jr na HBS OPM, foi ministrada pela professora convidada Christine Comaford, neurocientista renomada que trabalhou como engenheira da Microsoft e da Apple e foi consultora de 2 presidentes americanos e de 8 bilionários de todo o mundo (americanos adoram esses currículos).

Segundo a neurociência, o cérebro é dividido em partes, com cada uma responsável por algum tipo de função, sentimento, percepção, pensamento ou reação, entre outras.

Cada parte do cérebro tem uma função, sentimento, percepção, pensamento ou reação e seu comportamento é estudado separadamente pela neurociência

Christine baseia o conceito de sua aula-palestra em seu mais recente livro sobre o assunto, Smart Tribes, que recomenda 3 variáveis a serem observadas e respeitadas num processo de liderança:

1) Safety: quando a pessoa se sente segura.

2) Belonging: quando a pessoa se sente acolhida e pertencente a um grupo social.

3) Mattering: quando a pessoa percebe que é importante e/ou que suas atitudes são relevantes para os demais indivíduos do grupo social.

A primeira demanda do ser humano é pelo sentimento de segurança, 1) Safety, sem o qual o cérebro não realizará suas tarefas em sua plenitude e, por isso, somente sentindo-se seguro, o indivíduo passará a demandar a fase seguinte, 2) Belonging, caracterizada pela necessidade de sentir-se parte de um grupo social, como a família e os amigos, ou uma empresa, ou um departamento, ou ainda um clube ou um condomínio.

A última fase, 3) Mattering, trata da relevância de uma pessoa e/ou dos assuntos tratados por esta pessoa. Ou seja, tem a ver com ser considerado, ser respeitado, ser importante de alguma forma para aquele(s) grupo(s) ao(s) qual(is) pertence.

Safety, Belonging e Mattering são os 3 sentimentos fundamentais para se construir a motivação

A partir destas premissas, Christine propõe aos líderes, uma série de atitudes comportamentais que considerem estas premissas em relação aos seus times, como forma de perceber, entender, acolher e respeitar, pois sem esses precedentes, não existem meios de engajar, estimular e inspirar as pessoas na direção da visão do líder.

A neurocientista classifica as atitudes das equipes em 4 macrotipos

Segundo esta classificação, pode-se esperar de um profissional:

1) criatividade ou experiência

2) análise de opções ou cumprimento de procedimentos

3) generalização ou detalhamento

4) agilidade ou reflexão

Sobre estas 4 características dos comportamentos mais frequentes das pessoas, acaba-se por identificar cada profissional como mais afeito a agir assim ou assado, embora todos tenhamos, em algum momento ou em determinadas situações, qualquer um desses tipos de atitudes.

Criativo X experiente, analítico X processual, generalista X específico, ágil X reflexivo

Mas o que mais me surpreendeu nesta aula, foram as perguntas dos alunos (mega-empresários de todo o mundo) sobre situações por que passaram ou estão passando, tentando verificar se aquele novo conceito apresentado é mesmo adaptável ao seu dia-a-dia na empresa, pois é isto o que importa.

Aqui em Harvard não há nunca o dono da verdade, nenhum mestre ou especialista será encarado como tendo a palavra final sobre determinado assunto, tudo pode (e deve) ser questionado, desde que de forma respeitosa e muito, muito bem consubstanciado, com novas informações e argumentos “high level” (expressão muito utilizada por aqui).

E este foi o maior aprendizado desta nossa segunda aula do nosso mini-curso HBS OPM: Whether you are humble and respectful, you can doubt and argue anything…

.

Obs.: No próximo post, abordaremos Direto de Harvard – Aula 03: Negociando o Impossível, um tema espinhoso para muitos, mas que é parte fundamental das qualidades necessárias a um líder, com o professor Deepak Malhotra, da Negotiations, Organizations, and Markets Unit da Harvard Business School, autor do best-seller com o mesmo nome Negotiating The Impossible.

.

LEONARDO RAMOS: NÃO FOI ISSO QUE EU ESCREVI…

O Panrotas usualmente publica uma nota sobre determinados posts da Blogosfera e isso geralmente estimula os leitores a ler e analisar o texto do Blog.

Fico feliz quando esta divulgação é precedida de uma análise e compreensão do texto, que leve o jornalista a interpretar o que publiquei e, com suas próprias palavras, detalhar alguns trechos do post, de forma a motivar o leitor a buscar o conteúdo apresentado.

Infelizmente não foi o que aconteceu com o post SOBRE TECNOLOGIA, PÉGASUS E UNICÓRNIOS em que expus um fato a respeito do Uber e do Airbnb e o jornalista interpretou como uma opinião a respeito de barreiras de entrada à inovações tecnológicas…?!?!

A colega blogueira Mariana Aldrigui e o Adriano Pereira, leitor frequente do Blog B2Tech, comentaram meu post e questionaram o que seriam as barreiras de entrada que cito no texto e então expliquei:

“Quando me refiro à “sem barreira de entrada”, quero dizer que, apesar de disruptivos, os modelos de negócio de Uber e Airbnb podem ser facilmente copiados (e já o são) por diversos outros players.

Obviamente que não defendo barreiras de entrada, apenas faço no texto uma análise de que qualquer tecnologia pode ser facilmente copiada e que, sem um diferencial difícil de ser reproduzido é apenas questão de tempo para ser diluída a vantagem competitiva do “first mover”.

Entendo que a chamada deste post, feita pelo Panrotas, pode levar à falsa impressão de que eu defendo barreiras de entrada…

Basta ler o título da matéria do Portal Panrotas: Modelos disruptivos precisam de barreiras de entrada

Ou a legenda da foto que ilustra o artigo: “Para Luís Vabo, modelos disruptivos estão sendo copiados e melhorados de maneira excessiva, e barreiras são necessárias”

Aliás, por mais que eu leia e releia, não consigo encontrar onde este trecho está escrito no post, para que o mesmo tenha sido atribuído a mim, afinal ele representa o extremo oposto do que acredito e sempre defendi.

Esclareci ainda por solicitação da Mariana:

“Barreiras de entrada são, por exemplo, os códigos-fonte proprietários (não abertos) de softwares bem sucedidos, que dificultam que um determinado sistema seja imediatamente copiado. Exemplo: Windows, MS Office, iOS, Corel Draw, SAP, Oracle e muitos outros. São sistemas que podem ser copiados em suas funcionaliddaes, mas jamais serão exatamente reproduzidos, a não ser que seja retirada esta barreira, ou seja, seus códigos-fonte sejam abertos.

Também têm barreiras de entrada as tecnologias muito distribuídas e muito consolidadas nas mãos de poucos players, que se transformam em “hubs” para os usuários que desejam utilizá-las. Exemplos clássicos são o Google, o Facebook e o Youtube e, em nosso mercado de turismo, os GDSs.

São barreiras de entrada para negócios tradicionais, como pequeno ou grande comércio, aquelas vinculadas a “branding”, onde uma franquia bem sucedida pode criar uma dificuldade extra para quem deseja competir naquele mercado. Exemplos são O Boticário, Natura e, em nosso mercado, a CVC e a Flytour, como apresentado no Forum Panrotas 2017.”

O fato é que defendo a livre iniciativa e a livre concorrência, ampla, geral e irrestrita, como já divulguei diversas vezes por aqui, mas isso não me impede de comentar um fato, sendo certo que este comentário não significa necessariamente que eu esteja defendendo este ponto de vista.

Se um blogueiro ou um articulista escreve sobre o funcionamento dos cassinos em Las Vegas, por exemplo, não significa necessariamente que esteja defendendo a liberação do jogo no Brasil.

Caso você queira opinar sobre o assunto, por favor leia aqui meu post no Blog e leia aqui o artigo que “interpreta” este mesmo texto.

.