VENDA DIRETA: ESPERNEAR NÃO ADIANTA

Em agosto de 2015, publiquei um post – Distribuir Hotel Virou Festa de Rua – sobre a crescente participação de consolidadores na distribuição hoteleira, como sendo parte de um movimento crescente de pulverização da distribuição, tendência que eu já havia antecipado em 2010 no primeiríssimo post – Tendências do Turismo – que escrevi, ainda no saudoso Blog Distribuindo Viagens, no qual relacionei 6 vatícinios, entre os quais esses 4 que reproduzo abaixo:

– A desintermediação continuará, pressionada pelos interesses comerciais dos prestadores de serviços turísticos e também pelo desejo do consumidor.
– As agências de viagens se reinventarão e agregarão valor ao seu serviço, mantendo sua importância no negócio.
– A distribuição das cias. aéreas incluirá todos os meios, de todos os tipos, diretos e indiretos, portais próprios, webservices, GDS, sistemas integradores, consolidadores, operadores e agentes de viagens, entre outros.
– A internet continuará sendo um catalisador de mudanças e um agente revolucionário para os negócios.
Algumas dessas previsões podem ser conferidas em 2011, enquanto outras farão mais sentido se forem verificadas a partir de 2015.

No cenário atual, operadoras avançam na venda ao passageiro final, agências de viagens montam e operam pacotes para este mesmo passageiro, consolidadores de bilhetes aéreos distribuem reservas hoteleiras, brokers de hotelaria vendem direto às empresas, agências de lazer e operadoras participam de concorrências de empresas e órgãos de governo, agências de viagens corporativas diversificam na venda de viagens de turismo, enquanto o verdadeiro desafio para todos esses players continua sendo a venda direta do fornecedor (cias. aéreas e hotéis etc.) ao passageiro final.

Agências de viagens, operadoras, consolidadoras, "brokers" de hotelaria etc. estão todos atrás do mesmo cliente e os fornecedores (cias. aéreas, hotéis etc.) seguem investindo na venda direta
Agências de viagens, operadoras, consolidadoras, “brokers” de hotelaria etc. estão todos atrás do mesmo cliente e os fornecedores (cias. aéreas, hotéis etc.) seguem investindo na venda direta

Embora a evolução da desintermediação seja inexorável (em nossa atividade e em qualquer outra), o agenciamento profissional, aquele que realmente agrega valor à reserva e emissão do serviço, tende a perpetuar-se, seja para a viagem de turismo ou para a viagem corporativa.

E é este valor agregado que garante que a agência de gestão de viagens corporativas seja encarada mais como uma empresa de gestão do que de viagens, pois neste caso a gestão é o valor agregado ao serviço de agenciamento, atualmente realizada com apoio da tecnologia pela totalidade das TMCs (Travel Management Companies) em operação no Brasil.

Da mesma forma, é a consultoria antes, durante e após a viagem que agrega valor ao agenciamento de viagens de turismo, e a forma de fazê-lo vem mudando muito ao longo dos últimos anos, como o Henrique Santiago abordou em duas interessantes matérias do Portal Panrotas: 7 dicas para jovens agentes que querem mudar o mundo e Millenials quebram modelo tradicional de viagens.

É aquela verdade absoluta de que não adianta espernear, pois só existe uma forma de concorrer com a venda direta do fornecedor de um produto ao consumidor final deste produto, uma verdadeira luta de Davi contra Golias: “Ofereça ao cliente um serviço melhor e mais completo do que o fornecedor.”

A concorrência do agente de viagens com a venda direta pelos fornecedores (cias. aéreas, hotéis etc.) só pode ser enfrentada com inteligência, estratégia e qualidade de serviço.
A concorrência do agente de viagens com a venda direta pelos fornecedores (cias. aéreas, hotéis etc.) só pode ser enfrentada com inteligência, estratégia e qualidade de serviço.

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O PROGRAMADOR É ARTISTA OU TÉCNICO?

Taí um tema que encontra múltiplas e variadas versões, opiniões e experiências, em especial se confrontarmos escolas de gestão distintas.

Não há uma verdade única, mas há interessantes argumentos por (A) quem defende a codificação como uma atividade criativa análoga à arte, como pintar um quadro ou esculpir uma escultura, e (B) os que defendem que a produção de software, enquanto business, mais se assemelha à construção de um produto, como uma linha de montagem de um automóvel, por exemplo.

Segundo os defensores do conceito A, enquanto artistas, os desenvolvedores não devem ser pressionados com relação ao cumprimento de uma jornada fixa de trabalho, da mesma forma que a definição de prazo para conclusão de um projeto acaba por atrapalhar seu processo criativo.

Programadores seriam como artistas que esculpem uma obra de arte a partir do nada
Programadores seriam como artistas que esculpem uma obra de arte a partir do nada

Para os que percebem o software como um produto (segundo o conceito B), cuja construção aproxima-o mais das ciências exatas do que das artes, a etapa de alta criatividade está mais no projeto que antecede a montagem, e a codificação em si deve ser realizada por times com conhecimento das melhores técnicas, com método, processo e disciplina.

Profissional criativo é desejável em qualquer atividade, mas não é mandatório que todo programador seja criativo, desde que ele domine as técnicas mais atualizadas de programação para o projeto que esteja desenvolvendo.

Ou como diria o Sidney Lima Filho, especialista no tema:

– “Programar é igual a pintar, nem todo pintor é criativo, mas existem grandes obras de arte que são pinturas. Antes de me pedir para não ter horário, mostre-me o seu quadro. Criatividade é a habilidade de criar sistematicamente. Se você só cria de vez em quando, então você não é criativo, apenas teve algum rompante de criatividade. Programar é uma atividade criativa, portanto a qualidade da sua solução também reflete sua capacidade criativa.”

Ainda na ótica de quem acredita no conceito B, a criatividade na codificação se aproximaria das soluções que um engenheiro criativo aplica à linha de montagem, buscando melhor resultado do que aquele previsto no projeto original.

Neste caso, o conceito de times coesos, trabalhando juntos, no mesmo local e no mesmo horário, fazem muita diferença na produtividade, na eficácia e, por conseguinte, nos resultados alcançados na produção de software, em especial em projetos de grande porte.

Um trabalho que depende de uma equipe e no qual há uma interdependência de etapas, de compartilhamento de conhecimento e troca de experiências, seguramente terá melhores produtividade, eficácia e resultado, se toda a equipe trabalhar junta.

Programadores atuando como um time, trabalhando juntos no mesmo local e no mesmo horário, produzem software com maior produtividade, eficácia e resultados
Programadores atuando como um time, trabalhando juntos no mesmo local e no mesmo horário, produzem software com maior produtividade, eficácia e resultados

Ou seja, um time que desenvolve software de forma compartimentada, em que cada desenvolvedor é responsável por determinada funcionalidade ou trecho do código, será mais produtivo, eficaz e atingirá melhores resultados se todos atuarem no mesmo local e no mesmo horário.

A disciplina é mesmo um componente fundamental nesse tema e quando me refiro à comunicação presencial, destaco standup meetings diários, espírito de equipe, motivação pela criação compartilhada com amigos e colegas e reuniões de projeto, que é o que fazem o que chamo “team commitment”.

Entre produtividade ou eficácia definitivamente fique com os dois, mas atente que é um grupo de profissionais atuando juntos que impactará diretamente a conquista de resultados.

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POR QUE SERÁ?

E lá vou eu na minha sina, não bastasse termos assumido o gigantesco desafio da Diretoria de Tecnologia e Integração da ABAV, e resolvemos começar a implantação de Grupos de Trabalho da ABAV justamente pelo tema Tecnologia, conforme o Portal Panrotas publicou.

Por que será?

Conforme afirma o Edmar no post Tecnologia, sem mitos e preconceitos do Blog Espaço ABAV, “não foi difícil identificar por qual segmento deveríamos começar, na missão de organizar grupos de trabalho em busca de soluções para os problemas do dia-a-dia do agente de viagens.”

Por que será?

A tecnologia já é o segundo item mais importante e de maior valor agregado à prestação de serviços de uma agência de viagens, de qualquer porte, de qualquer segmento, de qualquer lugar do mundo.

Por que será?

Este fato (já deixou de ser tendência) acaba de ser confirmado pela Sita, cuja apresentação no Air Transport IT Summit 2016, em Barcelona, transformou em dados estatísticos a realidade que todos nós, viajantes e profissionais da indústria de viagens e turismo, já vivenciamos há alguns anos.

Por isso, a ABAV destacou a Tecnologia como seu primeiro Grupo de Trabalho, considerando que o ICCABAV já trata o item número um em importância e valor agregado à prestação de serviços de uma agência de viagens: as pessoas.

Grupo de Trabalho de Tecnologia da ABAV reúne alguns dos mais experientes profissionais, especializados em tecnologia para distribuição de serviços de viagens e turismo, do Brasil
Grupo de Trabalho de Tecnologia da ABAV reúne alguns dos mais experientes profissionais, especializados em tecnologia para distribuição de serviços de viagens e turismo, do Brasil

Não conseguimos reunir todos (não há espaço para tantos), mas seguramente agrupamos a nata da tecnologia em viagens no Brasil (e ainda temos 3 vagas), com ótimas cabeças que nos ajudarão a buscar soluções, interpretar tendências e antecipar caminhos para o mercado de distribuição de viagens e turismo no Brasil.

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