SOBRE DELAÇÃO, INTEGRIDADE E IMPEACHMENT

Toda vez que leio sobre a tal “delação premiada”, fico imaginando o processo psicológico por trás deste recurso jurídico de beneficiar um acusado em troca de sua confissão e da entrega de nomes e informações valiosas para a investigação criminal.

Alguma coisa acontece para que um preso, que inicialmente nega tudo (apesar das inúmeras evidências de sua participação no esquema), admitir repentinamente conceder informações e entregar seus líderes.

São alguns meses de cana ou o abandono de seus protegidos que o faz mudar de ideia?

A relação de confiança entre líderes e liderados é um bem difícil de manter, uma planta difícil de regar, uma virtude difícil de proteger, por ser baseada em sentimento que mistura admiração, inspiração e interdependência, com sinergia de métodos, objetivos e visão de futuro.

Mas nada disso dará certo se não houver uma característica fundamental em qualquer tipo de confiança entre duas pessoas, sejam amigos, irmãos, profissionais, casal, sócios, colegas, líder e liderados, etc. sem a qual, toda e qualquer forma de relacionamento poderá, em um determinando momento, entrar em estado de ruptura.

Esta característica chama-se integridade e é justamente a sua falta que leva a situações rocambolescas como as que testemunhamos atualmente em nossa pobre (nos dois sentidos) república brasileira.

Integridade é o que move suas atitudes quando não há ninguém olhando.

Por sua ausência, cidadãos são presos, políticos são cassados, primeiros-ministros são destituídos, imperadores são destronados e presidentes sofrem “impeachment”.

Já vimos este filme, conhecemos seu roteiro (o início, o meio e o fim) e, apesar do cenário e personagens diferentes, o povo brasileiro parece decidido a assisti-lo outra vez.

Preparem-se, senhoras e senhores, pois tudo indica que a sessão está prestes a começar…

.

MOMENTO DE UNIÃO PELA MESMA CAUSA

No post anterior – A CAUSA DA FECOMERCIO/SP – abordei a dificuldade que nós, brasileiros, temos com a expressão “lobista”, pelo fato de ter sido associada, ao longo de nossa história recente (últimos 515 anos), com interesses escusos, atitudes antiéticas e políticos corruptos…

Nada a ver com o verdadeiro conceito de fazer “lobby” que nada mais é do que “promover ações em defesa de uma causa em que você acredita”.

E é exatamente isso que fazem as associações privadas que, diferentemente das ONGs, não dependem de verba pública para sobreviver e custear suas causas.

Por isso, citei a Fecomercio/SP como exemplo bem sucedido deste conceito, da mesma forma que fazem a IATA e a Abracorp, apenas para citar alguns exemplos em que participo, que promovem ações em defesa de uma causa em que acreditam.

Volto ao assunto porque, diferentemente do que eu havia prometido a mim mesmo (e à Solange), não consegui reduzir minha participação voluntária nas diretorias e/ou conselhos de entidades de classe, um projeto que iniciei há cerca de 2 anos.

Resisti desde então, até meados deste ano, quando acabei atraído pelos projetos e convites de entidades tradicionais, como a IATA, a Fecomercio/SP e a ABAV/RJ, onde alinhei com os amigos Antonio Carbone, Viviânne Martins e Cristina Fritsch, com a mesmíssima motivação com que participei da criação da Alagev e da Abracorp, onde contribuo no conselho liderado por Edmar Bull.

Conselho de Administração da Abracorp
Conselho de Administração da Abracorp
IATA Strategic Partner
IATA Strategic Partner Program
CEVEC na Fecomercio-SP
Conselho Consultivo do CEVEC da Fecomercio-SP
Conselho da ABAV-RJ
Conselho Deliberativo da ABAV-RJ

E é esta motivação que me faz redigir textos como este, em que procuro demonstrar a importância da participação associativa, seja com críticas objetivas, ideias, propostas ou trabalho voluntário, pois nenhuma dessas entidades, nacionais ou internacionais, pertence a quem quer que seja, mas ao conjunto de seus associados, regidos por seus estatutos, regimentos e regulamentos, com o propósito específico para o qual cada uma foi criada.

O atual ambiente de negócios exige nossa participação, ficar reclamando sem foco não resolverá (nem amenizará) nada, “meter o pau” no governo é legítimo (se você também enxerga nele o causador desta grave crise ética, política e econômica), mas o que precisamos mesmo é de união, de seguir um mesmo objetivo, defender uma mesma causa, motivados pelo mesmo ideal.

Neste momento turbulento, a causa que me motiva é o desenvolvimento do negócio agência de viagens e a evolução do profissional de viagens e turismo, visando sua permanente atualização tecnológica e superação da atual crise brasileira.

É por isso que participo e tento contribuir.

Para isso, contem comigo.

.

A CAUSA DA FECOMERCIO/SP

Conheci a Fecomercio/SP graças ao Fórum Panrotas, que teve suas primeiras 12 edições promovidas em sua magnífica sede, ou seja, enquanto comportou o evento da Panrotas, que vem crescendo a cada ano.

Mais recentemente, fui convidado a integrar o Conselho Consultivo do CEVEC – Conselho Executivo de Viagens e Eventos Corporativos da Fecomercio, presidido pela minha amiga Viviânne Martins, de quem já fui conselheiro na ABGEV e co-fundador e vice-presidente na ALAGEV e, portanto, acredito no que ela é capaz de realizar.

Conforme o Panrotas noticiou, hoje ocorreu o evento de lançamento oficial do CEVEC, precedido pela apresentação formal dos integrantes do conselho executivo, essa gente que faz, e do conselho consultivo, essa gente que fez (e continua fazendo), quase todos profissionais, novos e experientes, da indústria de viagens e turismo, uma fórmula que tem tudo para dar certo sob a liderança da Viviânne, responsável por cada convite a cada conselheiro.

Enquanto ouvia os debatedores conversarem sobre temas atuais, eu pensava nas palavras do diretor-executivo da Fecomercio, Antonio Carlos Borges, que abriu os trabalhos desta primeira reunião com uma mensagem muito boa, em que disse, com uma simplicidade instigante, algo mais ou menos assim:

“A sociedade não se movimenta baseada no bom senso, mas nas pressões legítimas de grupos organizados. Por isso estamos aqui.”

Ao ouvir esta frase, ao vivo, diante de conselheiros e convidados, refleti sobre o quanto nós brasileiros, temos dificuldade com o conceito da expressão “lobista”, apesar de praticarmos isso todos os dias.

Daí lembrei-me da carinhosa (e provocativa) expressão que Artur cunhou na Lista Panrotas dos 25 mais Influentes do Turismo no Brasil em 2011 (sim, a primeira das listas): “Luís Vabo é lobista no bom sentido…, alguém que briga por uma causa”.

O economista Antonio Carlos Borges reconfirmou o que já sabemos, apesar de nem sempre admitirmos: “Com mais ou menos obstinação, somos todos lobistas por alguma causa.”

.