DOENTE EM ESTADO TERMINAL

“Os rins já pararam, o coração vai em breve”.

Com esta analogia, que teria sido proferida por um senador do PT, o Financial Times desanca o atual estágio da via crucis política e econômica no Brasil.

“Dilma Rousseff, a presidente, não é amada por seu próprio partido, e sofre forte rejeição: ela é o presidente mais impopular da história do Brasil.”

O mundo está descobrindo agora o grave erro que nós brasileiros cometemos na eleição passada, ao reconduzir ao poder um político inexperiente, inexpressivo e despreparado (já sabíamos disso) por um partido viciado de poder, envolvido em todos os processos e investigações de corrupção, um esboço de populista que, ao mesmo tempo, se esforça para dividir o país (já suspeitávamos disso).

“O sistema político brasileiro é bem conhecido por ser pobre. Agora também não está funcionando”.

Enquanto era pobre, mas funcionava (mesmo precariamente), o mundo acreditava que um sistema político pobre poderia até funcionar para um pobre país…

“…o Congresso mais preocupado em salvar a própria pele de uma investigação de corrupção que desviou US$ 2 bilhões da estatal de petróleo, a Petrobras”.

A mais pura verdade, é o que assistimos diariamente, um show de horrores dos políticos brasileiros, que não se intimidam em até elogiar publicamente suspeitos, investigados e até condenados em processo de corrupção, lavagem de dinheiro, peculato, entre outras expressões comuns no glossário político brasileiro.

Enquanto isso, nossa presidente (de fato e de direito), não se envergonha um minuto e pensa, todos os dias, de manhã, à tarde e à noite, sobre a expressão que citei no post anterior: vocês vão ter que me engolir.

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“VOCÊS VÃO TER QUE ME ENGOLIR”

Esta frase foi imortalizada pelo ex-técnico da seleção brasileira de futebol Mario Jorge Lobo Zagallo que, inconformado com a pressão da imprensa esportiva, que insistia na sua substituição, saiu-se com esta pérola, ao conceder uma entrevista após uma vitória histórica sobre a seleção local, na decisão do título da Copa América 1997.

Esta expressão passou a ser aplicada, indiscriminadamente, em todas as situações em que a capacidade de uma pessoa é subestimada ao limite e, em seguida, esta pessoa comprova indubitavelmente a sua competência e/ou realiza uma espetacular conquista.

Tem sido assim desde 1997, a frase pegou, virou um dito popular, sempre pontuando situações iguais ou análogas a esta.

Até que chegou a Dilma…

A presidente Dilma Roussef inaugurou uma segunda etapa para a expressão cunhada pelo velho Lobo, ao dizer sem dizer, ao declarar sem manifestar-se, ao sinalizar sem formalizar, que não sairá do governo antes do final do seu mandato.

Ao ignorar o anseio popular, fingir que a crise não é com ela, nega-se a efetivamente reduzir despesas e desperdícios da máquina pública, tenho a impressão de que a presidente brasileira passa a seguinte mensagem para você, leitor e contribuinte: “Pode manifestar-se à vontade, pois o choro é livre na democracia. Pode rebelar-se à vontade, desde que de forma pacífica e ordeira (senão vai preso). Pode fazer oposição, compactuar e trabalhar contra o governo, mas a verdade é que concluirei o meu mandato até o fim e, até lá, vocês vão ter que me engolir…”

É, amigos, enquanto esta frase, dita pelo Zagallo há quase 15 anos, soou de forma pitoresca e até engraçada, hoje soaria como um escárnio, um verdadeiro desrespeito com o cidadão, se dita pela presidente.

Apesar disso, através de seus gestos e atitudes recentes, ela demonstra pensar exatamente desta forma.

Ou não?

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É BRIGA DE CACHORRO GRANDE

O tal post com a chamada que incomodou alguns amigos, publicado aqui há 2 semanas, ainda rende sequências como esta, cujo título, também inspirado em dito popular, significa, segundo o dicionário informal da web, “querela envolvendo duas ou mais pessoas importantes ou poderosas”.

Dessa vez, escolhi este título pela natureza canina da agressividade comercial do novo jogador neste tabuleiro da distribuição fragmentada, e espero que não seja tachado de sensacionalista ou polêmico e nem fira susceptibilidades (nas crises, até profissionais tarimbados ficam muito sensíveis).

O FATO

O fato é que a Trend também vai consolidar aéreo, seja através de parceria, joint-venture ou voo solo (saberemos amanhã qual o modelo de negócio) e não estou aqui antecipando nada, nem dando nenhum furo de reportagem, o tema já foi sugerido pelo tal post citado acima (em sua última frase, para bom entendedor) e pela nota do Panrotas de sexta-feira, 04/09/15.

Cabe agora tão somente uma análise sobre qual impacto este movimento trará ao tabuleiro, sob a ótica comparativa da entrada dos consolidadores de bilhetes aéreos na distribuição de hotéis versus a entrada da Trend (que poderá puxar outros) na consolidação de bilhetes aéreos e operação de pacotes (hotel+aéreo), tal e qual uma operadora turística.

Alguém poderá dizer: “Ora, pra quê abordar isso agora? Basta aguardar o anúncio do Luppa, programado pra amanhã, pra saber o que vai acontecer”.

Após 09/09, este texto terá perdido o sentido, que é prospectar um movimento provável, ainda não confirmado, e analisar seus possíveis efeitos no mercado de viagens e turismo brasileiro.

A ANÁLISE

Após refletir sobre tudo isso que está acontecendo, percebe-se que a consolidação de reservas hoteleiras é um segmento sem forte barreira de entrada, o que significa que uma empresa consegue iniciar um trabalho de distribuição capilar de hotelaria a partir de alguns recursos, tecnologia adequada, bons acordos com os hotéis e relacionamento com a base de clientes agências de viagens e, justamente por isso, brotaram tantas empresas oferecendo distribuição hoteleira nos últimos 10 anos.

É um bom negócio, apesar do oceano vermelho em que se encontra (tubarão engolindo tubarão, enquanto novos cardumes aparecem) e que, por isso mesmo, marca, experiência e confiança são ativos importantes no jogo.

Já a consolidação de bilhetes aéreos apresenta algumas barreiras de entrada, pois além de todos os mesmos itens acima, a base de crédito sobre a qual este negócio foi construído requer forte capitalização, bem como um alto nível de relacionamento comercial com as cias. aéreas, compatível com a relação de confiança que as grandes corporações concedem às suas representações comerciais.

É um negócio melhor ainda, onde os poucos tubarões buscam diversificar fazendo incursões em outros mares, afinal, olhado de cima, tal e qual os oceanos, o mercado de viagens e turismo é um só e, na consolidação, marca, experiência e confiança também são ativos importantes no jogo.

A CONCLUSÃO

Portanto, esses novos “players” na distribuição hoteleira, por maiores que sejam em sua principal área de atuação, provavelmente representarão alguma diluição neste grande mercado, já muito fragmentado e diluído entre algumas dezenas (ou centenas) de empresas, nacionais e internacionais, que operam e distribuem hotéis no Brasil.

Já a entrada da Trend (como “first mover”) na consolidação de bilhetes aéreos, conjugada ou não com a distribuição hoteleira, poderá significar no médio prazo, algum rearranjo no mapa de forças deste mercado, considerando a menor quantidade de empresas consolidadoras, decorrência da forte concentração desta atividade entre uma a duas dezenas de companhias.

A APOSTA

Diante de tantas incertezas, fica a aposta que ouvi em São Paulo:

– Será que a consolidadora da Trend já nascerá associada à AirTkt?

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