AINDA ESTÃO ROLANDO OS DADOS

O primeiro semestre se foi e quem sobreviveu passa a régua, cata os cacos e faz o balanço…

Estou há muitos anos nesse negócio, já estive outros muitos anos em outros mercados, mas sempre atuei como negociador, gerente comercial, coordenador comercial, chefe de departamento comercial, diretor comercial, sempre juntando as pontas entre partes interessadas.

Pois afirmo que há muito tempo não percebo um mercado tão inquieto, preocupado, nervoso, com executivos metendo os pés pelas mãos, empreendedores segurando o ímpeto e empresários falando em corte de custos, de despesas, de pessoal.

Neste meio de ano, o que eu vejo é o futuro repetir o passado, mas o segundo semestre parece estar começando um pouco pior do que o primeiro (não estou aqui para esconder fatos nem percepções), ou seja, o cenário é mesmo sombrio, requer muitos cuidados, além da velha ladainha de sempre (aproveitar oportunidades onde tantos vêm ameaças, usar a criatividade para superar desafios, adaptar-se a mudanças, reinventar-se etc).

Mas, de qualquer forma, se há algo positivo em ambientes de negócios críticos como o atual, é algo que costumamos negligenciar durante os períodos de bonança, que é a busca incessante da eficácia, a eliminação do desperdício, o fazer cada vez mais com cada vez menos.

E isso está ocorrendo com velocidade e pressão incríveis, nas empresas antenadas de todos os portes, aquelas que costumam sair na frente, que percebem o caminho por onde seguir e não têm receio de inovar.

Pessoalmente, dedico este segundo semestre a estas empresas, grandes ou pequenas, S.As. ou limitadas, brasileiras ou não, que estão empenhadas em virar o jogo, em sobreviver saudáveis, em sair melhor desta crise.

Graças a esse crescente contingente de profissionais visionários, muitos prestadores de serviços podem afirmar, em plena crise econômica e sem medo de ser feliz: dias sim, dias não, vamos sobrevivendo sem um arranhão.

Mas o fato é que o tempo não pára…

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SOBRE ABAV, ELEIÇÃO E O FUTURO DO AGENTE

Todo ano é a mesma coisa, mal entra o segundo semestre e a ABAV ressurge na mídia com força, seja devido à proximidade da ABAV Expo ou pela perspectiva da renovação da diretoria executiva, cujo único candidato conhecido para o próximo pleito, até agora, é Edmar Bull, atual presidente da Abracorp.

E esta é uma boa notícia.

Edmar é empresário do estilo “gente que faz” (às vezes está mais para gente que rala), avesso à oba-oba, mas que não deixa de comparecer a eventos oficiais, agente de viagens e turismo com espírito compartilhador e empreendedor.

Antenado nas novas tecnologias e profundo conhecedor das práticas do mercado, acredito mesmo que Edmar encarna a melhor chance que temos de virar o jogo.

Sim, porque estamos perdendo o jogo da distribuição.

Nunca a atividade de agenciamento de viagens esteve tão ameaçada, e não me refiro aqui à comissão ou a DU, temas tão importantes quanto desgatados, mas à iniciativa aberta e escancarada, pelos principais fornecedores do mercado, justamente as empresas cujos serviços sustentam toda a rede produtiva do mercado de viagens e turismo (cias. aéreas, hotéis e grandes operadoras), de privilegiar o canal de venda direta.

E é aí que reside o principal problema.

Por quanto tempo um revendedor consegue encarar a concorrência direta do dono do produto?

Por mais que nós, agentes de viagens, representemos um baixo custo de distribuição, os fornecedores preferirão evitar este custo sempre que possível e, para isso, usarão toda sorte de iniciativas, inclusive atuando na precificação ou inventando taxas como a DCC que acabam por representar, na prática, preço diferenciado por canal.

De uma forma ou de outra, somos o Davi diante do Golias, ou pior ainda, somos milhares de Davis, contra centenas de Golias.

Considerando que será necessário organizar este contingente de Davis, para atuarem em bloco, firmes e coesos, não vejo outra forma que não seja através de uma liderança que seja igualmente firme, que represente o segmento e que tenha trânsito livre, junto aos agentes de viagens (associados ou não), junto aos fornecedores (parceiros ou não), junto à classe política (governista ou não) e junto aos clientes (indiretos ou não).

Eu não tenho dúvida que esse cara é o Edmar.

[]’s

Luís Vabo

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P.S.: Escrevi sobre o Edmar há 4 anos e, de lá para cá, confirmou-se tudo o que testemunhei naquele longínquo 17 de agosto de 2011, no post TIRO MEU CHAPÉU PRO EDMAR BULL.

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CONCORRÊNCIAS PRA TUDO QUANTO É LADO

As empresas abriram a porteira…

Faz parte do mercado de gestão de viagens corporativas normalmente, mas parece que, este ano, todas as empresas estão buscando redução de custos e, então, abrem o famoso “bid”…

Concorrência, “bid”, licitação, tomada de preços, RFP, pregão, ou seja lá qual for o nome, pomposo, neologismo ou anglicismo, o fato é que as empresas seguem a mesma cartilha equivocada há décadas:

Reduzir custos = Pressionar o fornecedor (!?!)

Nada contra o “script” corriqueiro de auscultar o mercado, negociar ou mesmo colocar sua TMC de volta na raia para correr com os concorrentes para ver quem chega na frente, isso faz parte do jogo.

Mas não será aí que serão obtidas as economias necessárias a adequar as operações (e o fluxo de caixa) à dura realidade econômica brasileira de 2015/2016.

Espremer o parceiro é solução velha, desgastada e, na maioria das vezes, onerosa e ineficaz, praticamente trocar o 6 por meia dúzia, quando não é trocar gato por lebre…

O fato a ser encarado de frente é que a urgência a ser atacada chama-se desperdício, a emergência atende pelo nome de ineficácia e a solução começa com gestão de despesas.

Pronto, falei !

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