PERTENCIMENTO

É o sentimento de acolhimento, de que você faz parte de um grupo com um mesmo propósito, e de que este grupo também pertence a você.

Quando um amigo (profissional senior reconhecido por sua dedicação aos projetos em que atua) que viveu a experiência de trabalhar em “home office” durante cerca de um ano e que acaba de retornar ao trabalho no escritório, ouviu a pergunta sobre como está sendo este retorno, sua resposta surpreendeu:

Estou muito feliz em pertencer ao grupo outra vez.

Eu suspeitava desta realidade, em contraponto a tudo o que se apregoa como vantagem sobre o trabalho em “home office” e, por isso, insisti:

– Apesar do trabalho em “home office” oferecer maior flexibilidade, você está contente por retornar ao trabalho no escritório, com compromisso de horário, com projetos em grupo, com convívio com colegas, essas coisas…?

A resposta foi conclusiva:

O trabalho no escritório oferece mais liberdade do que em “home office”, que acaba prendendo você em casa…

No fundo, a formação de um grupo de pessoas, que se encontra todos os dias, no mesmo horário, no mesmo local, para trabalhar com paixão pelos mesmos projetos, com um mesmo propósito, na direção de um mesmo sonho, tem mais a ver com dar um sentido à vida do que com trocar trabalho por remuneração.

Pertencer a um grupo que pertence a você é uma das necessidades do espírito humano

E quando você chega a este ponto, de encontrar este grupo, este projeto em que você se alinha, uma cultura em que você compartilha as mesmas crenças, os mesmo valores, as mesmas atitudes, e este grupo recebe você, acolhe você, acredita em você, considera você como integrante genuíno do grupo, neste momento você percebe o sentido de pertencimento, de você pertencer a algo e este algo pertencer a você.

Este senso de pertencimento é o que nos dá a sensação de participarmos de “alguma coisa maior do que nós mesmos”, nos dá força e incentivo para lutar por uma causa, que será comum também aos colegas que estão ao nosso lado no dia-a-dia, com quem compartilhamos os desafios, as ideias, os projetos, os acertos e os desacertos, as vitórias e os aprendizados, os motivos pelos quais levantamos todos os dias para alinhar com um grupo de pessoas em que acreditamos e com quem temos convicção de que conquistaremos os objetivos.

Faz sentido e dá sentido à tudo o que se faz…

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CARA A CARA COM MICHAEL PORTER – DIRETO DE HARVARD (ÚLTIMA AULA)

“Government is not a sixth Porter’s Force, not even social responsibility or ambiental sustainability, they all are part of the 5 original Porter’s Forces. I hope I’ll be the first one to recognize if a sixth Porter’s Force comes up. By the way, I’m Michael E. Porter.”

Solange e eu sentamos no gargarejo uma hora antes do horário da aula e já havia “lugares marcados” e outras pessoas sentadas no auditório em que Michael Porter faria a Graduation Class da turma
de Vabo Junior, do programa Owners and Presidents Management da Harvard Business School.

A plateia lotou o auditório para assistir a aula de graduação de Michael Porter para a turma OPM da Harvard Business School

Eu não poderia deixar de tietar o guru da minha própria graduação em engenharia, no início dos anos 80, ele também engenheiro mecânico e papa da estratégia competitiva e gestão para resultados, criador das bases do pensamento estratégico, utilizadas até hoje por gestores, empresas, governos e por novos pesquisadores que desenvolvem e atualizam os conceitos originalmente publicados por Porter há quase 40 anos, poucos anos após ingressar como o mais jovem professor da Harvard Business School, aos 26 anos de idade.

Ativo ao 70 anos, Mike (criei intimidade) é um professor-celebridade, que atrai tanto os alunos do MBA, quanto os do OPM e outros mestres de Harvard, interessados em ouvir suas aulas e palestras, acredito que, no caso de alguns, na expectativa de que ele admita a existência de uma 6a. Força de Porter e, assim, atualize (ou desacredite, para seus detratores) o seu principal enunciado.

Michael Porter não fez uma “palestra inspiracional” como era a expectativa da maioria dos graduandos do OPM, alguns céticos com relação aos conceitos do professor, mas todos presentes para testemunhar a palestra de um gênio da humanidade.

Michael Porter defende com certa veemência seus conceitos e pontos de vista diante de uma plateia crítica, mas respeitosa

“Mesmo que eu não concorde totalmente com ele, devo admitir sua importância mundial para as bases da gestão estratégica”, admitiam alguns graduandos, antecipadamente de cima de seus diplomas, que seriam entregues no dia seguinte.

Sabedor da plateia heterogênea naquela tarde, Porter optou por ministrar uma aula “comum” e não fez a tal palestra para inspirar os formandos, afinal havia pais, avós, esposas, irmãos, filhos e até netos de alunos dentro da sala-auditório, plateia que muito provavelmente não sairia inspirada a quase nada naquele momento de comemoração.

Sorte minha, que jamais imaginei assistir a uma aula de gestão estratégica com o Michael Porter em pessoa, oportunidade em que revisitei todos os seus (e meus) principais conceitos, direto da fonte, incluindo seus comentários pessoais (que não estão em seus livros) e agradeço a Vabo Junior por isso.

Porter deu uma revisitada em seus principais enunciados que norteiam o pensamento estratégico até hoje

Assistir a uma aula de um mestre desta importância equivale a assistir a um show dos Rolling Stones: você conhece as músicas, sabe que o Mick Jagger vai rebolar, que vai botar a língua pra fora, que o Keith Richards vai fazer um solo espetacular, você conhece exatamente tudo o que vai ver e ouvir, mas acha fantástico estar lá e reviver, ao vivo, um capítulo da sua própria história.

Eu estava absorto nesses devaneios e eis que, quase no final da aula (cronometrada para durar 60 minutos), Mike relativiza a importância da estratégia no contexto do planejamento + execução = resultado, e explica:

Strategy alone is not enough, it is the basis to the results you plan, but it’s necessary a good execution of the strategy

Frase simples, óbvia como todas as obviedades que precisam ser ditas, mas por ter sido proferida por Michael Porter, o papa da estratégia, o mestre que pesquisou sobre estratégia por 50 anos (e continua pesquisando), pareceu um novo enunciado ou uma concessão para algo que ele parecia não admitir…

Antes mesmo de reagirmos ao fato, o mestre lançou um novo conceito, tese que ele já vem defendendo na academia há alguns poucos anos, mas que gerou surpresas na plateia e motivou um longo debate entre Solange, Vabo Junior e eu, durante o jantar daquela noite (este é assunto para outro post).

Generosity is very important but we need to cope with the fact that it does not move a needle…

Michael Porter discorreu sobre seus conceitos mais difundidos e guardou uma surpresa para a segunda metade da aula

Michael Porter estava ali, à nossa frente, defendendo um novo conceito macroeconômico que, à primeira vista, parecia politicamente incorreto: para melhorar a vida das pessoas, a generosidade direta (charity, commiseration, donation etc) e as ONGs (NGOs) falharam ao longo dos últimos 30 anos, pois não obtiveram resultados consistentes e recorrentes, que seriam a redução da pobreza e da mortalidade e a melhoria dos índices de saúde e educação da população mundial.

Porter propõe um novo modelo, baseado na responsabilidade (social e ambiental) corporativa, relacionada à produção de bens e serviços no entorno da corporação, dentro do ecossistema de influência da empresa, incluindo clientes, colaboradores, familiares, moradores das regiões impactadas pelas sedes físicas das empresas e de todos os seus fornecedores, ou seja, da parte da sociedade diretamente afetada por aquela empresa.

“The Role of Business in Society” – propõe uma nova maneira para as empresas atuarem com responsabilidade social e ambiental – “We need a new approach”

O sentido é que, diferentemente da simples gratuidade que gera dependência e estimula a fragilidade do indivíduo, este novo tipo de atuação gera envolvimento e comprometimento das pessoas beneficiadas por aquela corporação, provocando a melhoria do ambiente em que a empresa está inserida e estimulando a produtividade e a eficácia, que por si só, já geram valor suficiente para realimentar um ciclo virtuoso.

Teve gente que não entendeu, algumas pessoas vão demorar pra entender ou aceitar, é natural, mas também foi assim quando as 5 Forças de Porter foram anunciadas pela primeira vez em 1979, em artigo na Harvard Business Review.

O fato é que, independentemente da minha admiração pelo monstro Michael Porter, não dá para não considerar um pensamento disruptivo quanto este, mas que já encontra aderência em importantes players da economia mundial, ao ponto da revista Fortune publicar a lista das 50 empresas que estão mudando o mundo:

Fortune Change the World List 2016 with 50 companies that do well by doing good

O principal legado desta aula magna foi o de que podemos virar o jogo da responsabilidade social e ambiental, invertendo o conceito: se a pura execução não resolve o problema, que tal esquecer o marketing e aplicar um pouco de estratégia ao investir em projetos relacionados a responsabilidade social e ambiental?

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Em tempo: Após a aula, a HBS reservou 30 minutos extras para uma sessão de perguntas a Michael Porter.

Como estávamos sentados na primeira fila, consegui ser o primeiro (e único) a perguntar individualmente para o mestre (todas as demais perguntas foram anotadas e condensadas em uma única e longa resposta).

Perguntei a Michael Porter sobre o futuro dos empregos em um mundo com inteligência artificial, big data, internet das coisas e robótica cognitiva…

Breve postarei aqui sobre a resposta surpreendente de Michael Porter à minha pergunta sobre como o avanço conjunto da inteligência artificial, big data, internet das coisas e robótica cognitiva, impactarão os empregos no mundo.

Fique ligado no Blog B2BTech !

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DIRETO DE HARVARD – AULA 04: CRIANDO MODELOS DE NEGÓCIO

“That’s my life! Nothing makes me happier than discuss new business models with my OPM students from Harvard Business School.”

Lynda Applegate não é mais uma professora da Harvard Business School, ela é a diretora geral do programa OPM Owners and Presidents Management e leciona em Harvard há mais de 30 anos.

A diretora geral do programa Owner and President Management da Harvard Business School, Lynda Applegate

Lynda estava feliz como uma criança, agitada antes, durante e após a aula, ela estimulava a participação dos alunos e familiares (esta foi uma aula aberta a todos os acompanhantes dos graduandos), fazendo analogias da construção de um plano de negócios com situações da vida real.

Por isso, ela aproveitou que o jogador de futebol brasileiro Kaká estava participando da aula (interessado em matricular-se no OPM 2018/19/20 para capacitar-se na vida de empreendedor, que deve abraçar no final da carreira) e fez analogias do planejamento de um negócio com a estratégia de um jogo de futebol.

O jogador de futebol Kaká participou de algumas aulas demonstrando interesse em matricular-se no HBS OPM 2018/2020

A soccer game needs strategy and execution in perfect alignment

Simulando com o próprio corpo a movimentação de jogadores no campo, Lynda destacou que os jogadores podem passar 90 minutos correndo, tocando a bola, fazendo e recebendo faltas, batendo escanteio, lateral etc. durante todo o tempo, buscando uma única oportunidade de abrir a defesa adversária e chutar para o gol, exatamente como acontece nas empresas.

O dia-a-dia de uma empresa é formado por atividades e procedimentos rotineiros, que podem parecer enfadonhos (e às vezes são), exatamente como a movimentação lateral e de meio de campo de um time de futebol, com idas e vindas e, da mesma forma, somente de vez em quando acerta-se o gol, conquista-se um bom contrato ou faz-se um ótimo negócio, ocasião da vitória que faz valer a pena todo o planejamento e a rotina para se chegar àquele objetivo.

Sometimes you have a one time shot to win. You do it or you can never have the chance again

Na segunda parte da aula, Lynda nos apresentou um vídeo do programa de TV (já apresentado no Brasil) Shark Tank, em que um empreendedor tem 5 minutos para apresentar seu projeto para 4 ou 5 investidores, que atuam como jurados e podem perguntar o que quiserem sobre o projeto e o modelo de negócio pretendido, com objetivo de aportar algum investimento para entrar como sócio naquele projeto ou declinar sumariamente (I am out).

A cada avanço do vídeo, Lynda arguia a plateia sobre qual decisão teríamos quanto a investir, ou não, naquele projeto, enquanto os primeiros jurados justificavam porque descartavam participar (I am out!), até que uma reviravolta no final, provocada por uma abordagem diferente de um dos investidores, para aquele mesmo produto, fez com que os dois últimos investidores passassem a disputar agressivamente a participação naquele mesmo negócio que os primeiros investidores não conseguiram valorizar.

Vitória sem esforço produz conquista sem mérito, conquista sem mérito é mero acaso

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Obs.: No próximo post, abordaremos Direto de Harvard – Aula 05: Cara a Cara com Michael Porter, a última das 200 aulas do Owners and Presidents Management Programm da Harvard Business School, a Graduation Class com o maior nome da estratégia competitiva e gestão por resultados, em todo o mundo.

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