TIVEMOS 2 FÓRUM PANROTAS EM 2019: FOFURA X POLÍTICA

Parece mesmo que assistimos a 2 Fórum Panrotas em 2019 !

O primeiro foi em 19/03, caracterizado pela amenidade dos painéis, dos palestrantes e dos “debates”, tudo muito fofo…

O segundo foi em 20/03 e teve a política como mola mestra dos painéis, com o atuante Ministro do Turismo, o animado Governador do Estado do Rio de Janeiro e o mítico Procurador da República.

O FÓRUM PANROTAS 2019.1

Esquenta

A abertura com música ao vivo e a participação especial do The Voice Kid Pedro Miranda já deu o tom de fofura deste primeiro dia do Fórum Panrotas 2019.

Foi um esquenta sensacional.

Abertura do Fórum

A tradicional palestra de boas-vindas do anfitrião Guillermo Alcorta, sempre entremeada da mais pura emoção em todos as 17 edições do evento, ganhou proporções maiores quando ele anunciou, do alto de seus 80 anos e de sua belíssima trajetória como empresário de comunicação, que assim como já vem acontecendo na Editora Panrotas, o seu filho José Guilherme Alcorta assumiria o protagonismo e a liderança também do Fórum Panrotas.

Após um discurso emocionante do Guillermo Alcorta, seu filho José Guilherme Alcorta assumiu de vez a liderança da Editora e do Fórum Panrotas

Foi a conclusão mais transparente de um processo sucessório que eu já testemunhei, compartilhada ao vivo para as principais lideranças e influenciadores do mercado de viagens e turismo brasileiro.

Uma abertura carinhosa e inesquecível, ponto forte do evento deste ano.

Cenário Brasil – até onde vai a confiança do brasileiro?

Palestrante já conhecido e aprovado pelo público do Fórum Panrotas, Renato Meirelles nos fez pensar sobre a forma equivocada como os estrategistas de marketing abordam o público nas campanhas publicitárias.

Uma palestra gostosa de assistir.

O que falta para o turismo ser protagonista?

Com um tema do interesse de todos, o que seria um debate tornou-se um agradável bate-papo entre parceiros e nem tanto. Alexandre Moshe, Bruno Ladanski, Eduardo Bernardes e Luis Fogaça não divergiram, não tiveram nenhum contraditório, não apresentaram nenhuma provocação.

Até as respostas à pergunta final pareceram formar um jogral ensaiado, de tanta sintonia entre os painelistas.

Um painel quase amoroso.

Manu

Nada mais fofo do que a participação da Manu Vazquez como assistente de fotógrafo do Emerson, participando ativamente das atividades do querido Remi.

Manu brilhou.

Transformação digital

A palestra do Hamilton Berteli foi interessante, abordou um tema que, apesar de não ser novo, requer uma reanálise de tempos em tempos.

O executivo deu o seu recado.

O varejo online, offline e híbrido: como outros setores transformam a experiência de compra

O painel moderado pela Adriana Cavalcanti encontrou muito conteúdo na Beth Furtado, uma estudiosa do assunto, em contraponto às experiências vitoriosas, mas monocromáticas, da empreendedora digital Gabryella Correa e do empresário offline Marcelo Carvalho.

Apesar de ter sido um painel difícil de moderar, devido à disparidade entre as trajetórias e os perfis dos debatedores, Adriana mandou bem.

NDC: A transformação na distribuição aérea e experiência do viajante

A texana Kathy Morgan discorreu, pela visão GDS, sobre o New Distribution Capability da IATA. Apesar de demonstrar conhecer profundamente o assunto, em alguns momentos suas opiniões não deixaram claro se os GDSs apoiam mesmo ou estão sendo levados à investir no novo padrão da IATA.

Deixou sem resposta minha pergunta sobre a tentativa dos GDSs de manter o controle estratégico da distribuição através da aquisição dos principais players do NDC ao confirmar que não foi o GDS Sabre que comprou a Farelogix, mas sim o Sabre Airline Solutions…

Ah, então tá…

Solange Vabo, inspirada na Manu, fotografou parte da equipe do Panrotas – ambiente de muitos amigos no Fórum Panrotas

A relevância do influenciador na decisão de compra

Para quem não lembra, Maisa Silva foi aquela atriz-mirim (ou atriz-bebê) que contracenava no programa do Raul Gil e, posteriormente, no de Silvio Santos, dos 3 aos 4 anos de idade. Uma menina prodígio da comunicação que foi muitíssimo bem assessorada e surfou como ninguém a onda dos influenciadores digitais.

Hoje aos 16 anos de idade, com mais de 30 milhões de seguidores no Instagram, arrebatou a plateia com sua espontaneidade adolescente. Moderada por German Carmona, a participação da Maisa resumiu bem o primeiro dia do FP 2019:

Um Fórum Panrotas fofo…

O FÓRUM PANROTAS 2019.2

O ministro do turismo Marcelo Álvaro Antonio só trouxe boas notícias, tanto em relação a planos e metas futuras, quanto à realizações concretas nestes poucos dias de governo, com destaque para a isenção de vistos para turistas norte-americanos, canadenses, japoneses e australianos, a partir de junho de 2019, com potencial de dobrar o fluxo de turistas estrangeiros ao Brasil, até 2022.

Ponto para o governo Bolsonaro.

Segurança e Turismo: combinação que atrai investimentos e turistas

O governador Wilson Witzel foi pontual, apresentou-se com positividade, firmeza e otimismo, mostrando suas recentes ações na área de segurança pública no estado do Rio de Janeiro, que trouxeram resultados expressivos nos menos de 3 meses do novo governo, condição básica para a ampliação do fluxo turístico, doméstico e estrangeiro, para a Cidade Maravilhosa.

Ponto para o governador do Rio de Janeiro.

O governador do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, mostrou eficácia em ações objetivas na área de segurança pública

As palestras do Henrique Portugal – Inovação é uma questão de talento? –  e da Mariana Aldrigui – Uma nova análise dos números do turismo brasileiro – foram faces distintas de moedas diferentes.

Portugal fez uma apresentação lúdica e cativante sobre os impactos da tecnologia sobre a indústria musical, quase um recado à plateia de executivos do mercado de viagens e turismo: “Não, vocês não foram os únicos impactados”.

Já Mariana, uma estudiosa por excelência (como reafirmou e já sabíamos), fez uma apresentação interessante ao propor uma nova abordagem para a leitura dos dados estatísticos do turismo brasileiro. Uma análise técnica que nos fez refletir sobre o quanto os últimos governos fracassaram nas políticas e estratégias para desenvolvimento do turismo brasileiro. Há que se comparar os dados, sob esta mesma ótica proposta por Mariana, nos próximos 4 anos deste novo governo.

Os desafios das cias. aéreas brasileiras

William Waack moderou o bate-papo com os presidentes da Azul, Latam e Abrear sobre um tema tão intenso e complexo, que os 30 minutos reservados para o painel pareciam insuficientes. Com sua objetividade e franqueza, as respostas do gringo John Rodgerson, da Azul, conquistaram a plateia, um caso raro de sintonia à primeira vista, já que este parece ter sido o primeiro contato direto do presidente da Azul com o público.

Jerome Cadier, da Latam, acompanhava a plateia ao aplaudir respeitosamente o concorrente, o que levou Eduardo Sanovicz, da Abear, a discorrer sobre a união das cias. aéreas durante as reuniões da Abear, sempre quando tratando de temas importantes comuns a todas, como segurança. “Depois elas quebram o pau como qualquer concorrente”, afirmou.

Um painel entre associados.

Tempos de mudanças: a evolução do combate à corrupção e da promoção da ética no Brasil

Deltan Dallagnol, em sua segunda participação consecutiva no Fórum Panrotas, conquistou a plateia outra vez. Assistido com atenção e certa reverência pelo público, que o admira e tieta escancaradamente, o procurador símbolo da Lava-Jato surpreendeu ao manter o tom aguerrido e otimista a respeito dos rumos das investigações, apesar da recente e frustrante decisão do STF sobre a juridição dos crimes associados às campanhas eleitorais.

Integridade acima de tudo: o CEO do Reserve, Sidney Lima Filho, fez questão de uma foto com o Procurador da República, Deltan Dallagnol

A força da Lava-Jato reside em profissionais como Deltan, hoje literalmente idolatrado pelos cidadãos brasileiros. Parabéns ao Panrotas por trazer, de novo, uma figura da envergadura de Deltan Dallagnol para palestrar no Fórum.

A luta continua !

PARTE FINAL – PAI X FILHO: COMPETIÇÃO OU CAPACITAÇÃO?

A primeira parte deste texto está em: PARTE 1: PAI X FILHO: COMPETIÇÃO OU CAPACITAÇÃO? e a segunda parte está em PARTE 2 – PAI X FILHO: COMPETIÇÃO OU CAPACITAÇÃO?)

Ao perceber que, inesperadamente, eu havia feito o movimento no jogo, Vabo JR entendeu que eu havia concordado em, finalmente, jogar a final do torneio e, a menos que que esta partida terminasse empatada, o vencedor do torneio que iniciara em 1998 finalmente seria conhecido.

Acho que isso o motivou a interromper a série que assistia e sentar-se à mesa, onde ficou refletindo por longos minutos antes de prosseguir com o jogo, desta vez ambos presentes, da forma mais tradicional de uma partida de xadrez, com exceção da cronometragem dos lances, que não havia.

Nenhum dos dois parecia preocupado com o tempo, ninguém cronometrou as jogadas, nem reclamou se o adversário parecia demorar demais para jogar, tampouco distraiu-se com outra coisa durante toda a partida (iPhones nos bolsos).

Somente para nós dois, pai e filho, aquele jogo era uma final de copa do mundo.

Solange observava ao longe e parecia simular a maior naturalidade do mundo. Havia outras pessoas em casa, mas somente ela, Vabo JR e eu sabíamos o que aquela partida representava…

Apesar dos 12 anos que ficamos sem jogar, Vabo JR continuava jogando muito melhor do que eu. Ao que tudo indicava, ele parecia não ter parado de jogar neste período, embora  seguramente não praticasse nem estudasse mais como antes, devido a seus compromissos profissionais.

Para mim, esta era a primeiro partida de xadrez após o super-empate de 2007.

Iniciei com bastante cuidado e redobrada atenção, embora não me parecesse mais fundamental vencer o torneio, ao menos eu não poderia amolecer nesta que poderia ser a derradeira partida de um torneio iniciado há 20 anos.

Surpreendi-me com meu comedimento e, por respeitar o adversário com quem aprendi muito, eu jogava de forma completamente diferente, mais acuado, reativo, na defensiva mesmo, característica que não era a minha.

Em curioso contraponto, Vabo JR insinuava-se pelo seu lado direito do tabuleiro, atacando com a Dama (Rainha), Torre e Bispo, simultaneamente, obrigando-me a raciocinar muitas jogadas à frente, para conseguir manter minha estratégia inicial, sem comprometer as posições de defesa do meu Rei.

Foi quando percebi que meu adversário animou-se com seu “novo estilo” (que no passado fora o meu) ofensivo, seguro, incisivo, e passou a não dar trégua ao meu lado esquerdo, trocando Peões e avançando aos poucos em direção ao meu Rei.

Meu desafio parecia ser continuar mantendo minha posição defensiva e, ao mesmo tempo, preparar um contra-ataque que precisava ser fulminante, definitivo, que não desse chance de reação, o que passei a construir pelo meu lado direito do tabuleiro.

Em cada novo movimento de Vabo JR, eu posicionava minhas peças de forma a defender-me de seu ataque insidioso mas, ao mesmo tempo, mantinha posição de apoio à penetração dissimulada que eu fazia, pelo outro flanco, na direção de seu Rei.

Após uma sucessão de trocas de peças, o jogo acabou decidido por um lance, ou seja, quando Vabo JR preparava-se para me dar xeque ao Rei, o que iniciaria uma sucessão de movimentos até o provável xeque-mate, eu que coloquei o Rei dele em xeque, de forma aparentemente inesperada para ele.

Neste momento, eu o vi passar por uma situação que muitas vezes eu havia passado durante o torneio: a incredulidade diante de uma jogada não prevista do adversário, por ter se concentrado em demasia nos seus objetivos no ataque.

Ciente de que seu próximo movimento seria um ataque definitivo para destruir meu jogo, Vabo JR analisou o xeque que acabara de receber por exatos 22 minutos, enquanto eu permanecia em silêncio obsequioso, pois não havia, nem poderia haver, limite de tempo para uma jogada decisiva numa final de copa do mundo…

Foi quando, surpreendentemente, meu oponente levantou-se, tirou os olhos do tabuleiro e olhou-me fixamente, estendeu a mão direita para cumprimentar-me, enquanto com a mão esquerda derrubava seu Rei. Com um sorriso que misturava alívio e um pouco de desapontamento, ele disse: “Analisei todas as possibilidades e não há saída, você daria o cheque-mate 7 lances à frente”, e complementou: “Parabéns, pai, você venceu o torneio”.

Posição final do tabuleiro após a partida que encerrou o torneio de xadrez com 20 anos de duração

Eu recebi sua decisão com o mesmo duplo sentimento, alívio e desapontamento, mas continuo considerando que empatei com o mais duro jogador de xadrez que enfrentei em toda a minha vida.

O torneio foi encerrado, mas nossa carreira de amantes do xadrez pode estar recomeçando, sem placar, sem pressão, sem competição, apenas uma chance do pai aprender enquanto se diverte com o filho.

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PARTE 2 – PAI X FILHO: COMPETIÇÃO OU CAPACITAÇÃO?

A primeira parte deste texto está em: PARTE 1: PAI X FILHO: COMPETIÇÃO OU CAPACITAÇÃO?

SEGUNDA FASE (2003 a 2007)

O jogo de Vabo JR mudou de figura… Ficou cada vez mais difícil vencê-lo. A disputa passou a ser de estilos, minha agressividade no jogo contra a sua defesa estratégica, estudada, friamente calculada, contra-atacando pontualmente cada nova investida de minhas peças.

Aprendi nesta fase, que cada simples peão vale muito e que eu só poderia perder uma peça se associado a uma estratégia para conquistar posições ou outra(s) peça(s) do adversário e que o mínimo descuido punha em risco toda a partida, mas a coisa foi ficando esquisita para o meu lado, sentia-me impotente para reagir, pois por mais que eu atacasse, Vabo JR (a esta altura com 18 anos) sempre encontrava uma forma de bloquear-me e, ao mesmo tempo, desferir seus golpes certeiros em busca do meu Rei.

Quando o placar atingiu Vabo SR 8 x 9 Vabo JR (e 6 empates), comecei a preocupar-me quanto ao resultado final do torneio, pois eu estava diante de uma virada espectacular (de 6 x 2 para 8 x 9) e, neste momento, comecei a apelar para o discurso de que, independentemente do resultado, eu só teria a vencer neste torneio, fosse como o jogador ou como o pai do vitorioso, aquele blá-blá-blá de quem percebe que a vitória está se esvaindo entre seus dedos, distanciando-se de suas reais possibilidades…

Foi quando a junção de um esforço extremo, atenção redobrada e acaso do destino (a sorte existe e ajuda), e sem mudar meu estilo “kamikaze”, consegui conquistar o que parecia impossível naquele momento: no final de 2007, o placar mostrava 9 x 9, além de 9 empates.

Ou seja, após 27 sucessivas, lentas e longas, mas emocionantes partidas, tínhamos alcançado um resultado que parecia apontar para um equilíbrio absoluto entre os jogadores: de 1998 a 2007, durante exatos 9 anos, vencemos 9 partidas cada um, perdemos 9 partidas cada um e empatamos 9 partidas !

Foi quando tomei a decidão mais importante do torneio, acredito que para ambos os jogadores, e que definitivamente serviu para comprovar que o mais importante deste jogo é, sempre foi e sempre será, o plano estratégico para o torneio, e não somente o empenho em cada partida.

Decidi parar de jogar.

E usei o argumento de que não fazia mais sentido identificar quem era o vencedor, jogamos durante 9 anos, demos tudo o que tínhamos, nos empenhamos e curtimos cada lance, para chegar a um resultado que me parecia o mais equilibrado empate que se poderia alcançar: 9 anos, 9 vitórias, 9 derrotas e 9 empates.

TERCEIRA FASE (2007 a 2018)

Vabo JR nunca aceitou esta interrupção (e não o recrimino por isso), sempre tentou, nos anos seguintes, retomar o torneio, queria porque queria vencer a derradeira partida (e reunia todos os atributos para isso), não aceitava sequer a possibilidade, não combinada, de vencer por WO.

Ele queria vencer no jogo.

Durante 12 anos, ao nos visitar (sim, os filhos saem de casa) ele armava o tabuleiro, deixava-o em cima da mesa e, sem comentar nada, fazia o primeiro movimento do peão branco, e esperava…

Durante 12 anos, resisti.

Durante 12 anos resisti a responder ao movimento de abertura no xadrez, que Vabo JR sempre fazia, quando nos encontrávamos em casa

Na verdade, acho que no fundo eu não me sentia mais em condições de enfrentar um jogador tão mais capacitado, cuja estratégia de defesa acabou mostrando-se superior à minha estratégia de ataque, meu único trunfo.

Por diversas vezes, Vabo JR aborreceu-se com esta minha decisão e chegou, em algumas ocasiões, a fazer promessas cataclísmicas, de que nunca, jamais, em tempo algum, voltaria a jogar xadrez comigo, essas coisas de filho contrariado.

Solange sempre moderava esses momentos e eu tentava explicar que o empate numérico era o melhor resultado que um pai poderia esperar de um torneio individual com o filho e, portanto, meu objetivo havia sido alcançado, mas Vabo JR era tenaz, obstinado, teimoso…

QUARTA FASE (FINAL)

Até que ele veio passar o Natal de 2018 conosco e, da mesma forma que sempre fazia (talvez por hábito ou simples provocação, embora desta vez sem tanta expectativa), ele armou o tabuleiro, fez o primeiro movimento com o peão branco e deixou o tabuleiro montado (chamando uma resposta que nunca vinha) e foi assistir a uma série na Netflix.

Ao passar diante da mesa, senti-me compelido, pela primeira vez desde 2007, a jogar e, sem qualquer planejamento, 20 anos após a primeira partida, eu respondi movendo o peão preto.

(A terceira e última parte continua no próximo post: PARTE FINAL – PAI X FILHO: COMPETIÇÃO OU CAPACITAÇÃO?)