“QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?”

Final de ano é momento de reflexões e procuro fazê-las baseado na realidade que observo à minha volta, tanto por tratar-se de boa oportunidade de revisitar velhos conceitos, quanto de arriscar-me em novos.

Li no jornal O Globo deste domingo um anúncio do MBA da Fundação Getúlio Vargas, que dizia algo parecido com:

“Lembre-se: uma carreira de sucesso é apenas parte da vida que você sempre quis”
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Pensei um pouco sobre esta frase…

Sempre que vejo um profissional muito bem sucedido, experimento um sentimento de genuína admiração mas, ao mesmo tempo, penso nas outras variáveis que eu considero importantes para a felicidade na vida de uma pessoa.

Pelo menos duas outras variáveis (ou forças) formam um tripé com o Sucesso (pessoal e/ou profissional), que permite, pelo menos para mim, perceber o verdadeiro valor em progredir, evoluir e crescer. Essas outras duas forças são a Saúde e a Família.

Alguém poderá dizer: “E o Amor, onde fica?”

Bem, o amor não faz parte deste tripé porque ele é a base de tudo, pois é a única força capaz de, sozinha, desequilibrar todas as outras juntas.

“E a Paz?”, poderá pensar outra pessoa, afinal, ao resumir votos de ano novo, nunca esquecemos de “Saúde e Paz, o resto a gente corre atrás…” (uma rimazinha sem-vergonha que é sempre lembrada por alguém).

Na verdade, Paz é o objetivo inalcançável da vida. Quem não busca a paz, sequer entenderá, ou aceitará, os conceitos descritos neste texto.

Parece coisa de maluco, ou talvez coisa de engenheiro, ou ainda (Solange diria) é coisa de engenheiro maluco…

O fato é que o tripé a que me refiro é a parte mais desafiadora deste quebra-cabeça: como conciliar, nos dias de hoje, Saúde, Família e Sucesso?

Todos conhecemos diversos homens e mulheres muito bem sucedidos nos negócios, na profissão ou nos seus empreendimentos, mas que não conseguem o mesmo resultado positivo em sua vida pessoal, no relacionamento amoroso, com os filhos ou a Família. Essas pessoas, salvo raras exceções, tendem a ser angustiadas, depressivas, infelizes e, assim, comprometem a própria Saúde.

Também conhecemos o outro lado da moeda, pessoas insatisfeitas com sua condição econômica, com sua carreira, com seu negócio, e que devido a isso, são incapazes de perceber o quanto sua Família é importante e, da mesma forma, não conseguem valorizar a boa Saúde que desfrutam.

Ou ainda aqueles que dedicam-se de forma apaixonada ao trabalho, alcançando resultados formidáveis nos primeiros 10 anos de sua vida economicamente ativa, mas ao custo do comprometimento de sua Saúde, de sua qualidade de vida, portanto inviabilizando sua longevidade, limitando o seu futuro e, assim, prejudicando sua Família.

É verdadeira atividade de equilibrista, manter todos os pratos girando, sem que nenhum deles caia: desenvolver de forma dedicada, empenhada mesmo, uma atividade profissional bem sucedida (motivação, remuneração, desafio etc.), associado à manutenção de um padrão de vida que privilegie o bem estar e a saúde (do corpo, da mente e do espírito) e, ainda, estabelecer um “modus vivendi” na relação familiar que não deixe ninguém (cônjuge, filhos, netos, pais, avós, irmãos, amigos etc.) sentir-se preterido pelas outras forças que atuam sobre nossas vidas.

Equilíbrio é a descrição óbvia do que devemos buscar, nada demais, nada de menos, não muito, não pouco, dosar o trabalho excessivo (quando e se necessário) em busca do Sucesso, com hábitos e atenção com a Saúde, com a Família, com aqueles que farão seu esforço valer a pena.

Seguramente, a busca deste equilíbrio dificultará seu objetivo de tornar-se milionário, mas quem quer ser um milionário (doente, solitário ou infeliz) ??

“Alguns…”, responderão os céticos, mas certamente não você, nem eu…

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Obs. 1: Este texto foi inspirado e é uma homenagem a alguns amigos da geração X que são verdadeiros “Workaholic” e a outros da geração Y que são legítimos “GYPSY” (Generation Y Protagonist & Special Yuppie, um tipo especial de yuppie, conforme postei aqui em Eu Não Escrevi Isto…! ).

Obs. 2: Aliás, a principal diferença entre o “Workaholic” e o Gypsy”, além da idade, é o fato de que um acredita que precisa esforçar-se para o Sucesso a todo custo e o outro tem certeza de que não precisa. Ambos tendem a frustrar-se no meio da carreira…

Feliz Natal, Sucesso, Saúde e Família !

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TORMENTA NO MAR…

Num post da semana passada, discorri sobre casos de amigos que tiveram a experiência de risco de vida, em algum momento, mas sobreviveram para contar sua história.

Entre os exemplos apresentados por quem estava à mesa, o único que posso divulgar é o “tormenta no mar durante um passeio de barco”, experiência que eu passei em mar aberto, atrás da Ilha do Cabo Frio*, acessada por Arraial de Cabo, RJ.

Numa canoa de pesca (usualmente vão 3 ou 4 pescadores), motorizada mas superlotada (iam 12 !), que seguia com dificuldade para quebrar as vagas do revoltoso mar de Cabo Frio, o timoneiro (aqui comandante do barco) resolveu nos levar para conhecer “o outro lado da ilha”, o que significa navegar em mar oceânico, não protegido.

Durante o trajeto, sempre margeando a ilha, lentamente, num ritmo “po, po, po” típico de motores de centro de pequenos barcos, percebemos diversos outros pescadores retornando apressadamente do local a que nos dirigíamos.

“O mar mudou”, alguém afirmou mais à frente, mas nosso timoneiro, talvez um pouco alto (não havia “lei seca” no mar àquela época), talvez julgando-se imortal, decidiu sozinho seguir adiante, apesar de algumas manifestações contrárias entre os 12 “valentes” à bordo (todos homens, todos jovens).

De repente, a tormenta chegou pra valer.

Navegar numa pequena canoa, por horas, entre um mar violento e as pedras de um paredão rochoso, nos dá um novo conceito para a expressão “na luta entre a pedra e o mar, quem sofre é o marisco”.

“Sem saída”, pensei…

E o trajeto foi longe, com o mar agindo como uma gigantesca montanha russa que engolia o barco, (uma onda sim, outra também), e o penhasco ali, pertinho, nos lembrando o que é estar “entre a cruz e a espada”.

“Sem alternativa”, concluí…

Após 4 horas de suplício, literalmente entre a vida e a morte, muitos dos “valentes” à bordo desistiram de demonstrar bravura, muitos lamuriavam alto, alguns blasfemavam aos gritos e outros poucos manifestavam a apatia típica dos desesperados.

O fato é que, apesar de ainda ter anoitecido uma noite sem lua, conseguimos retornar da Ponta do Focinho** e, após navegar no limite da flutuabilidade e, portanto, ultrapassar qualquer limite de segurança, adentramos a baía do Arraial do Cabo, após manobra arriscadíssima através da Garganta do Diabo***.

Na praia, centenas de pessoas aguardavam, com velas e lampiões, o retorno do último barco, aquele em que alguns já apostavam que não voltaria, tamanha a violência do mar naquela noite.

Mas o fato é que voltamos, e estou aqui para rememorar esta história, jamais esquecida nesses quase 40 anos…

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Descrição dos locais citados no texto:

* Ilha do Cabo Frio: ilha que tem uma das praias mais lindas do Brasil (Praia do Farol) e que abriga a baía do Arraial do Cabo, o que torna protegida a navegação na região.

** Ponta do Focinho: extremo rochoso do lado oceânico da Ilha do Cabo Frio, onde existe um farol da Marinha para orientar embarcações e evitar que cheguem próximo à costa, risco certo de naufrágio.

*** Garganta do Diabo: estreita separação entre a Ilha do Cabo Frio e o Pontal do Atalaia (terra firme), cujo canal navegável não chega aos 6 metros de largura, com rochas semi-submersas em ambos os lados.

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REFLEXÕES DA US TRAVEL ASSOCIATION SOBRE O BRASIL

Frases que destaquei da excelente apresentação, seguida de bate-papo com o plenário, do Luiz DeMoura, da US Travel Association, durante a parte aberta à imprensa da Reunião Internacional da Abracorp 2013, em Orlando, Flórida:

Sobre o interesse do governo americano pelos turistas brasileiros:

“O governo americano sabe que foram os brasileiros que seguraram a crise econômica na Florida em 2008, 2009, 2010… aliás, seguram até hoje…!”

Sobre o desinteresse do governo brasileiro pela liberação do visto:

“Resta saber se o governo brasileiro tem real interesse que os EUA liberem o visto para os brasileiros… Se isso acontecer, será o “estouro da boiada”, com potencial para desequilibrar a balança comercial entre os dois países.”

Sobre as vantagens de abolir o visto dos turistas americanos no Brasil:

“Sem entrar no mérito dos atrativos de cada país, por que os americanos vão mais para Argentina do que para o Brasil? Ora, pelo simples fato de não ser necessário visto para a Argentina… Tão simples quanto isto.”

Sobre o desejo americano de receber mais e mais brasileiros:

“O fato é que o consulado americano em São Paulo dispõe hoje de 50 atendentes de imigração, contra apenas 3 em 2010. Ainda não é o ideal, mas isso demonstra claramente o interesse americano em receber os brasileiros.”

Ou seja, essa história de insistir na tese da reciprocidade nada mais é do que uma forma de camuflar a preocupação do governo brasileiro com o desequilíbrio no fluxo de capitais entre EUA e Brasil, por conta do conhecido comportamento perdulário do turista brasileiro.

Também por isso, concluo que, salvo melhor juízo, a liberação do visto de turista (tanto para americanos quanto para brasileiros) não sairá tão cedo, pelo menos não no Governo Dilma, o que significa dizer até o final de 2018…