VÍRUS

Em 1983 (outro dia mesmo), fiz meu primeiro cruzeiro marítimo, pela Norwegian Cruise Line, uma experiência inesquecível (a primeira vez, a gente nunca esquece).

Nesta época, cruzeiro era coisa para americano cheio da grana, que podia se dar ao luxo de, ao chegar à aposentadoria, usufruir metade de seu tempo navegando e curtindo as mordomias que o dinheiro podia pagar.

Além da arquitetura, do luxo e do serviço impecáveis, um episódio simples sempre me faz relembrar este passeio: o consumismo do povo norteamericano, já àquela época.

Eu estava no deck da piscina do NCL Skyward, com meus 23 anos, Solange ao meu lado, quando pedi um refrigerante e surpreendi-me quando o garçon trouxe uma garrafa de vidro fechada, diminuta nos seus 200 ml de Pepsi.

Embora surpreso, eu respondi simplesmente:

– Obrigado…

Ao perceber minha reação de estranhamento, Solange perguntou:

– Você queria coca-cola, mas só tem pepsi, é isso?

Eu respondi, de forma lacônica, mostrando a garrafinha:

– A humanidade é muito pretensiosa…

Naquela época, 30 anos atrás, a sociedade norteamericana já consumia tão compulsivamente como hoje, mas iniciava uma espiral de desperdício de matéria-prima, de embalagens de vidro, alumínio, plástico e papel, que perdura até hoje e acabou transformando-se em símbolo de alto padrão de vida.

Eu achava estranho descartar uma garrafa de vidro, cuja fabricação, vida útil e descarte, tenham servido unicamente para trazer 200ml de uma bebida para um consumidor.

Fiquei imaginando aonde aquele tipo de comportamento de consumo levaria a humanidade, pensei sobre o desperdício, o espaço ocupado por bilhões de embalagens de todo tipo de produto, a poluição, o lixo gerado em todo o planeta…

Refleti sobre a evolução do Consumo Econômico do pós-guerra, especialmente na Europa, para o Consumo Desmedido das nações desenvolvidas, cujo maior símbolo é mesmo o material descartável (para um único uso) até o Consumo Consciente, um estágio que ainda falta muito para ser atingido, mas que dá seus primeiros passos e mostra que pode ser mais que um sonho.

A conclusão que cheguei é análoga àquela relatada no filme Matrix: por suas características de insidiosa infiltração, incontrolável proliferação e rápida contaminação, o ser humano é mesmo um vírus no planeta Terra.

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AVISO PRÉVIO

Algumas práticas organizacionais (e também pessoais) são insubstituíveis, entre as quais, o agendamento com aviso prévio (ou “save the date”) de reuniões, eventos ou qualquer compromisso.

Nada mais frustrante do que ser convidado para uma reunião corporativa importante, em outra cidade, a menos de uma semana do evento, ou em datas como 6a. feira à tarde ou 2a. feira de manhã, por exemplo…

Para quem tem a agenda totalmente comprometida (ou seja, quase todo mundo), a prioridade de confirmação se dá em função da importância do compromisso e da viabilidade logística de participação no evento.

Às vezes, a segunda variável sobrepõe-se à primeira e, mesmo se você considerar importante sua participação ou genuinamente desejar participar, a falta de antecedência no convite, ou então, a data e horário inadequados do evento, acabam por tornar impossível a sua presença.

Em casos como este, só resta lamentar e desejar uma ótima reunião àqueles que conseguirem estar presentes.

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TRANSPARÊNCIA

Esta semana participaremos da reunião do conselho de clientes de nossa empresa.

Digo participaremos, porque é uma reunião preparada por e para os conselheiros, que vêm a ser os sócios-diretores das agências licenciadas Reserve.

O propósito aqui, ao citar este assunto, é abordar a transparência nas relações cliente/fornecedor, um tema que venho defendendo há muito tempo, às vezes bem recebido e em outras, nem tanto.

O fato é que não acredito em relações comerciais que envolvem regras do jogo omitidas ou camufladas, como afirmei (mesmo com o risco de ser mal interpretado), em post anterior.

Costumo ouvir críticas de clientes com compungido respeito, pois quando justas, a responsabilidade é nossa pelo item criticado e, quando aparentemente injustas, a responsabilidade continua sendo nossa, pela falha na comunicação que levou o cliente a uma percepção inadequada.

Portanto, toda reunião de conselho de clientes é uma oportunidade única.

Entre todos os eventos que participamos ao longo do ano (e não são poucos), a reunião do ColiRe é a que mais genuinamente nos motiva, pelo potencial de ideias, críticas, sugestões e inovações que surgem, vindas de quem mais conhece o mercado e seus desafios.

Neste 24/04, gente de todo o Brasil desloca-se para São Paulo (a reunião de setembro será em Brasília) para debater temas estratégicos relacionados ao mercado em que atuam e discutir abertamente o presente e o futuro do parceiro que desenvolve e fornece a tecnologia aplicada ao atendimento do seu cliente.

Um conselho de clientes significa mais que envolvimento, é um completo comprometimento entre clientes e fornecedor, uma relação de transparência que subverte a tradicional relação contratante e contratado.

Como disse um dos coordenadores do ColiRe, durante a última reunião, no Rio: “Aqui, todos estamos no mesmo barco”.

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