O DESAFIO DA FEIRA DA ABAV

Todo ano é a mesma coisa: os expositores tradicionais reclamarão dos preços e dos resultados da edição do ano passado, mas estarão todos, firmes e fortes, com seus stands na Feira das Américas 2012, de 24 a 26 de outubro, no Riocentro.

O trade de turismo muda literalmente para o Rio de Janeiro nesta semana de outubro, esperando ver novidades, encontrar todo mundo, conhecer novos produtos, inspirar-se com novas ideias, e se possível, abrir portas para alguns bons negócios, que serão fechados ao longo dos meses seguintes, pois como é senso comum, “ninguém fecha negócio dentro da Abav”.

Será mesmo?

Tenho uma experiência muito particular no relacionamento com a Feira das Américas, pois mesmo sendo realizada há 10 anos no Rio de Janeiro, cidade sede de nossa empresa, sempre promovemos eventos paralelos, em horários não conflitantes com a feira, com o duplo objetivo de aproveitar o fluxo natural de agentes de viagens que vêm ao Rio e o de atrair para a feira aqueles agentes que, por qualquer motivo, não viriam.

Nessa linha, buscando unir capacitação e confraternização, realizamos um workshop anual de tecnologia e uma grande festa para brindar o ano com nossos clientes (nas últimas 3 edições com nosso parceiro Panrotas como coanfitrião), coincidentemente no mesmo período em que desapareceram as grandes festas promovidas pelas cias. aéreas durante a ABAV, o que gerava alguma diferenciação em nossa ação de marketing.

Esta nossa estratégia era motivada pelo fato de que a Feira das Américas sempre focou, quase que exclusivamente, o segmento de viagens de turismo e lazer, enquanto nossa empresa fornece tecnologia para gestão de viagens corporativas.

Mas e agora? Como destacar uma empresa num cenário sempre igual, ano após ano?

Para ser justo, temos que reconhecer que a ABAV vem passando por importantes ajustes e, atendendo à demanda (e pressão) do mercado, a Feira das Américas finalmente começou a mudar, primeiro em 2011, com a valorização do Congresso, e agora em 2012, com a segmentação do mercado corporativo, iniciativa que ganhará mais força ainda em 2013, quando a feira acontecer em São Paulo, berço natural do mercado de viagens corporativas da América Latina.

Este ano, cias. aéreas nacionais e internacionais, redes hoteleiras, locadoras de carros, fornecedores de tecnologia, operadoras turísticas, agências consolidadoras, cias. de cruzeiros marítimos, secretarias de turismo dos estados, convention bureaus, etc. etc. encherão 2 pavilhões que, desta vez, finalmente mesclarão viagens de turismo, o carro chefe da ABAV, com viagens corporativas, provavelmente seu futuro maior negócio, uma especialidade pela primeira vez exposta de forma dedicada na feira da ABAV, num mega espaço promovido pela ABRACORP, com apoio da GOL.

Em 2011, buscando acompanhar essas mudanças, o 6o. Workshop Reserve de Tecnologia integrou a programação do Congresso da ABAV, no Riocentro, uma edição do evento que valorizou o educacional, a capacitação, a difusão do conhecimento.

Em 2012, no lugar de nossa tradicional festa à noite, receberemos clientes, parceiros e amigos em 2 locações dentro da Feira das Américas, uma no Espaço Corporativo ABRACORP e outra no Business Center ABAV PANROTAS, tradicionais parceiros de nossa empresa.

Com essas alterações estratégicas, de conteúdo e de foco, promovidas pela ABAV, chegamos à conclusão que para fazer bonito na Feira das Américas, basta fazer o clássico dever de casa: expor, convidar clientes, prospects, parceiros e buscar a diferenciação no conteúdo, ou seja, naquilo que será apresentado no seu stand.

Afinal, como bem sinalizou o Artur, não faz mais sentido esse papo de expor somente para marcar presença

Este ano, o Reserve será expositor na Feira das Américas, por acreditarmos no potencial do evento como propulsor de negócios.

Para quem, na altura do campeonato, ainda não se decidiu, sugiro correr, que a Feira das Américas será daqui a 45 dias e ainda dá tempo de ser criativo, preparar o melhor conteúdo de seu produto e apresentá-lo com exclusividade na maior feira de turismo da América Latina.

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PARA QUEM ACHA QUE SABE TUDO…

O tempo nos ensina, nos castiga, nos faz refletir…

O sujeito passa pela vida estudando, estudando muito, gradua-se, faz pós-graduação e continua estudando, capacitando, qualificando, trabalha e participa de treinamentos, inscreve-se em seminários e congressos, lê livros, revistas, jornais, tudo online, mas offline também.

Dedicado, ele evolui profissionalmente, assiste e participa de palestras, debates e simpósios, é convidado para conferências, passa a orientador, treinador e painelista, torna-se referência em alguma coisa, vira especialista e formador de opinião, é convidado a palestrar e moderar debates, a escrever artigos e registrar suas opiniões sobre o mercado, suas visões do mundo, sonha em escrever um livro (às vezes consegue).

De repente, acorda imaginando (ou genuinamente sentindo) que, em termos profissionais, já sabe tudo, já viu de tudo, já testemunhou quase tudo nesta vida e que, por isso, pouca coisa poderá surpreendê-lo em sua trajetória.

Passa a acreditar que tem o monopólio da verdade, que é o único que conhece o caminho para determinadas soluções, embebeda-se de vaidade e não percebe a transitoriedade de tudo, do seu trabalho, da sua vida, do seu legado.

Pois é aí que mora o perigo…

Enquanto se julga “O Cara”, na verdade o sujeito pode ter entrado, de forma inexorável, na fase inicial de seu processo de obsolescência profissional.

O que ele pensa ser o seu auge, pode ser o início de sua lenta retirada de cena, involuntária, compulsória até, afinal, para quem chega ao topo e deseja continuar, só resta descer…

A falta de moderação (nem falo humildade), de algum senso, de equilíbrio, de percepção da realidade, de respeito à inteligência e à capacidade dos outros, tende a desviar o indivíduo da verdade.

O ser humano, a sociedade, as pessoas observam e percebem tudo, e não perdoam o “sapato alto”, a soberba, o “nariz em pé”, a empáfia, o “modéstia à parte”, o falso altruísmo, a arrogância, a prepotência…

E quando falta sensibilidade, falta quase tudo…

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NO BRASIL: GDS 1 X 1 DIRECT CONNECT

A luta continua…

Quando o mercado acreditava que os GDSs finalmente retomaram, no Brasil,  o caminho da hegemonia na distribuição das cias. aéreas, eis que surge um inesperado movimento no sentido oposto.

A volta da TAM para os GDSs sinalizou que o modelo “direct connect” poderia estar com os dias contados no Brasil, apesar da forte resistência da Gol, responsável por mais de 1/3 do movimento aéreo doméstico.

Quando a Gol adquiriu a Webjet, o modelo de distribuição própria, via XML, recebeu mais alguns poucos pontos percentuais de market-share, mas ainda não suficientes para impactar a enorme oportunidade que a TAM ofereceu aos GDSs, que voltaram a disputar, na base do incentivo por segmentação, a preferência dos agentes de viagens.

Mas quando a Avianca anunciou, ainda à boca miúda, que retornará aos GDSs a partir de outubro deste ano, com previsão de migração completa em 12 meses, parecia que a Gol/Webjet ficaria isolada, entre as grandes, na opção do controle estratégico da distribuição, via conexão direta.

Apesar da Trip ter buscado, recentemente, uma alternativa híbrida, similar à da TAM (distribuir via GDS e via “direct connect”) , ninguém poderia imaginar (nem os GDSs), que sua fusão com a Azul traçaria um outro caminho, aproximando a distribuição da Azul/Trip àquela da Gol/Webjet, ambas pelo modelo exclusivamente  “direct connect” através da tecnologia Navitaire.

Aliás, entre as primcipais empresas especializadas em sistemas “direct connect” com operações no Brasil, MySky, TTS e Navitaire, esta já detém (com Gol, Webjet, Azul e Trip) mais de 80% de nosso mercado e, provavelmente, uma crescente fatia do mercado aéreo latinoamericano, ao considerarmos que Interjet e VivaAerobus, ambas do Mexico, também usam sua plataforma.

O fato é que, após grande avanço do modelo GDS, com o retorno da TAM, a disputa conceitual sobre qual o melhor modelo de distribuição de conteúdo aéreo para o mercado consumidor de viagens, até este momento, está dando empate no Brasil.

Resta saber o que os futuros movimentos de fusões e aquisições entre cias. aéreas, que certamente continuarão, tendem a representar no tabuleiro da distribuição, jogo que impacta toda a indústria de viagens e turismo. no Brasil e no mundo.

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