ASSOCIAÇÕES, MENSALÃO, CONTROVÉRSIAS

Francamente, estou achando ótimo o julgamento dos mensaleiros.

Independentemente do resultado (que acho que condenará a maioria absoluta dos réus), o ritual da corte suprema é uma verdadeira ode ao amplo direito de defesa e, por conseguinte, ao direito individual.

A começar pelo fato de que o pequeno grupo de 11 ministros do STF (o poder executivo tem muito mais ministros), é um razoável retrato da população brasileira, incluindo mulheres e negros, o que por si só denota uma positiva tendência ao espírito democrático.

Mas nada melhor para ratificar esta percepção de real democracia, do que o contraditório, já aos 5 minutos do primeiro tempo, com as acaloradas discussões entre os ministros relator e revisor, quanto à questões processuais: se devem ou não serem excluídos deste processo os réus sem direito ao foro privilegiado e se o julgamento deve ocorrer de forma fatiada ou condensada.

Embora o ministro relator tenha vencido ambas as discussões, na medida em que suas teses foram as que prevaleceram, fico imaginando o que o outro ministro, o revisor, ainda pode aprontar até o final do processo…

De qualquer forma, o que realmente me agradam são as opiniões divergentes, os diferentes pontos de vista, a controvérsia, as diversas formas únicas de analisar uma mesma questão complexa como esta.

É o oposto do que ocorre, apenas como exemplo, em eleição de associação de classe ou de sindicato, onde há sempre quem deseja evitar a disputa, buscando o consenso “para evitar discussões e fortalecer a categoria”, o que tende a levar a eleição para um monótono resultado de compadres.

Ora, o que fortalece a categoria não é evitar a discussão, bem ao contrário, é o debate de ideias divergentes, defesas firmes de opiniões diferentes, confronto de conceitos com origens variadas, disputa democrática.

Por formação, não gosto de unanimidade em julgamentos, como desconfio de aclamação em eleição, pois passam-me a ideia de convencimento prévio, de acordo, de conluio.

Eu diria que o fato dos ministros do STF estarem discutindo publicamente é uma amostra da evolução da sociedade brasileira, da democracia e do direito.

E isso é digno de comemorar.

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O PULO DO GATO É ESTAR LIGADO

Algumas vezes escrevo posts em que o título é o maior desafio…

Como nomear uma ideia, um conceito ou uma opinião, através de uma ou de poucas palavras, que expressem o sentido do texto, sejam atrativas e, ao mesmo tempo, gerem interesse ou curiosidade?

Este é um daqueles textos em que ocorreu o oposto. Surgiram-me variados títulos e nunca saberei se escolhi o melhor:

“TÁ TUDO CONECTADO”:  achei óbvio demais.

“UMA TECNOLOGIA SÓ NÃO FAZ VERÃO”: um tanto poético para um tema técnico.

“TEM QUE ESTAR SINCRONIZADO”: me pareceu um convite para uma aula de dança…

Com tantos equipamentos e aplicativos diferentes que usamos no dia-a-dia, a sincronização de dados tornou-se uma exigência absoluta, como para quem usa agenda no laptop, no tablet e no smartphone ou para quem acessa seus emails por dispositivos diferentes.

Na esteira dessa demanda, surgiram serviços como dropbox, icloud e outros, assim como proliferam serviços de empresas de tecnologia que usam o termo da moda para atrair potenciais clientes: tudo agora está “na nuvem”…

Tudo isso tem a ver com a necessidade de se usar diferentes recursos, serviços e funcionalidades, que nem sempre são encontrados num único sistema.

Da mesma forma, quando os sistemas globais de distribuição surgiram, na segunda metade do século passado, ofereciam um serviço que, por si só, era suficiente para atender a demanda de milhares de agências de viagens em todo o mundo.

Este cenário permaneceu por muitos anos, mas hoje não basta um sistema de reservas se ele não estiver integrado ao backoffice da agência, ao inventário de cias. aéreas direct connect, ao sistema frontoffice, aos principais meios de pagamento, aos ERPs dos grandes clientes corporativos, ao CRM, ao security watcher, ao BI, etc etc

Nem sempre um único sistema consegue reunir tantas funcionalidades quanto um iPhone, por exemplo, o qual, mesmo assim, criou e oferece um ambiente para desenvolvimento por outras empresas, de variados aplicativos (os famosos Apps) que operam integrados (ou sincronizados) àquele ambiente, aliás um modelo que também está se tornando moda em outros sistemas.

O fato é que a capacidade de interligação entre diferentes sistemas tornou-se um diferencial competitivo importante para o usuário, que não está disposto a permanecer preso a um modelo “lock-in” de tecnologia.

Como sempre, e hoje mais do que nunca, o cliente não aceita menos do que liberdade total para suas escolhas, o que neste caso, implica em completa conectividade.

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AINDA DÁ TEMPO?

Até que não fomos tão mal.

Se analisarmos o resultado da participação brasileira em termos de quantidade total de medalhas, as 17 medalhas em Londres 2012 foram nosso melhor resultado (contra 15 em Pequim 2008 e em Atlanta 1996) em todas as edições dos Jogos Olímpicos até hoje, e isso é bom.

Embora a classificação dos países participantes dos Jogos Olímpicos seja definida pelo COI em termos da quantidade de medalhas de ouro, quesito que nos deixou na 22a. posição em Londres, penso que uma quantidade maior de todas as medalhas exprime melhor o estágio de evolução de uma nação em relação à prática esportiva…

Por mais conflitante que possa parecer, acho que medalhas de bronze e de prata expressam o resultado do esforço de uma geração de atletas em busca do ouro.

Mas o que podemos esperar do Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro?

Na verdade, para se obter um bom resultado (entre os 10 primeiros por exemplo), o planejamento necessário requer muito mais tempo do que 4 anos, muito mais investimentos do que a atual verba destinada a esportes e uma maior consciência social sobre a importância do esporte olímpico.

Sendo realista, penso que estes itens juntos, infelizmente, não nos permitem esta esperança (estar entre os Top 10) para 2016.

Os resultados de ouro do Brasil em Londres 2012 indicam o quanto é importante o esporte de base, em que jovens atletas, algumas vezes desconhecidos, arrancam na garra (talento e esforço) um resultado muitas vezes tão desejado quanto surpreendente, enquanto nossos atletas de ponta, que representam nossas maiores expectativas de ouro olímpico, nem sempre correspondem.

Ainda há tempo de conquistar um melhor resultado no Rio 2016, mesmo que não seja para estar entre os 10 maiores ganhadores de ouro, que seja para fazer bonito na quantidade total de medalhas, o que já valerá muito a pena.

Ou passaremos para a história como a mais bela cidade sede dos Jogos, além de comprovar ao mundo que somos capazes de organizar megaeventos esportivos, nada mais.

Talvez sejam esses os dois reais objetivos do Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016…

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