O título deste post não é um contraponto aos textos de meus amigos blogueiros Viviânne Martins e Edmar Bull, mas sim uma homenagem aos dois por trazerem, coincidentemente e de forma simultânea, dois assuntos que parecem vinculados.
Retorno ao tema por tratar-se de distribuição de viagens e para apresentar uma terceira visão sobre ambos os fenômenos citados, que embora parecidos, penso terem pouco a ver um com o outro.
A começar pelo fato de que o “transtorno bipolar”, a que se refere nosso presidente da Abracorp, existe há muitos anos, enquanto a “tendência à compra direta” de viagens pelas empresas, citada pela nossa conselheira da Alagev, é bem mais recente, mesmo nos EUA (onde já dá sinais de arrefecimento), tendo desembarcado por aqui no ano passado.
Tanto é que foi objeto de recente painel de debates na ABAV Expo 2014, com o intrigante título Self Booking X Open Booking (como se o open booking também não fosse self…), que tive a oportunidade de assistir.
Para as TMCs e gestores de viagens o conceito de “open booking” parece uma ameaça a assombrar o mercado de gestão de viagens corporativas.
Para os desenvolvedores e operadores de tecnologias de atendimento, reservas e gestão de viagens corporativas, o “open booking” é encarado como um desafio tecnológico, já resolvido através de “web crawlers” (similares aos utilizados sistemicamente pelo e-commerce de varejo), integrado ao “self-booking tool”.
A questão é que trata-se de tecnologia a ser aplicada tão somente se a tendência se confirmar vantajosa para as empresas consumidoras de viagens, ou seja, se significar efetivamente uma oportunidade de redução de custos, mantendo-se o controle da política de viagens, o fluxo de autorização, a gestão segura dos dados e a consolidação dos relatórios gerenciais.
Já o transtorno bipolar, como sabemos, decorre da velha fábula de Esopo (recriada por La Fontaine), A Cigarra e a Formiga.

Infelizmente nosso mercado é composto por Fornecedores-Cigarra, que cantam e encantam nos tempos bons, mas sempre buscando resultados de curto prazo, e se este resultado puder ser alcançado com menor custo de distribuição, eles seguirão por este caminho.
Nos tempos difíceis, batem à porta das Agências-Formiga, que seguem obstinadamente trabalhando, capacitando, atendendo e fidelizando os clientes, com quem desenvolvem uma relação de confiança no longo prazo, válida para os tempos bons e que persiste nos tempos difíceis.
A diferença desta realidade para a fábula, é que enquanto as Agências-Formiga também estiverem encantadas pelos Fornecedores-Cigarra, jamais lhes dirão, como na fábula original, quando batem à sua porta: “agora dancem”.
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